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2021: boas novas ou erros antigos?

Vamos pensar nesta coluna de final de ano como algo positivo. Afinal, o ano que está acabando trouxe algumas notícias boas para o nosso futebol
Por  Cesar Grafietti -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Na semana passada, recebi um tuíte comentando a coluna anterior e, ao final, a pessoa perguntou se o futebol será sempre assim ou se eu não teria nada de bom para dizer.

Pensei muito no comentário. Recordei que, na maioria das colunas, aponto erros, problemas, mas também tento endereçar soluções. Por exemplo, há alguns meses, fiz duas “trilogias” sobre inovação e modelos de gestão, indicando caminhos para modernizarmos o futebol.

Não me consta que alguém que comanda o esporte por meio dos clubes tenha lido ou se interessado em saber mais.

Falo sobre Fair Play Financeiro e sua importância, a partir do fato de ter desenvolvido um modelo para o Brasil, específico para nossa realidade, e que aponta claramente uma saída para o desequilíbrio financeiro dos clubes.

Mas sei que há clubes, alguns até bem organizados, que não querem ser controlados, dificultando a implantação de um sistema que beneficiaria a todos.

Quando questiono soluções mirabolantes e aponto problemas, a ideia não é destruir. Pelo contrário, é uma forma de contribuir para a construção de estruturas saudáveis e sustentáveis.

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Afinal, alguém tem que pensar no que pode dar errado e propor as alternativas para justamente estarmos pronto a atuar quando algo sair do planejado. Porque possivelmente sairá. Quem fez reforma em casa sabe quando e como ela começa, mas nunca quando e como ela termina.

Contudo, vamos pensar nesta coluna de final de ano como algo positivo. O ano de 2021 trouxe algumas boas novas para o futebol. A Lei da SAF é um caminho interessante de arejamento das estruturas, ainda que seja mal escrita e traga muitos pontos de discussão. Mas é um avanço.

Avanço que vimos na ideia de formação de uma liga de clubes, capaz de maximizar o retorno financeiro que o futebol proporciona e tornar a Lei do Mandante aplicável. Mas, essencialmente, ela permitirá a chance de algum racionalismo na relação entre os clubes.

Ainda que o caso Ronaldo/Cruzeiro-SAF tenha uma série de questionamentos, foi bom ver um ex-atleta com sucesso fora de campo como imagem do início de uma nova fase no nosso futebol.

Assim como tivemos, apesar da falta de público, os Jogos Olímpicos de Tóquio disputados de forma empolgante, uma vitória de quem se entrega ao objetivo independente da circunstância, seja a organização ou os atletas e suas equipes.

Mas, além de boas novas, também tivemos velhos costumes repetidos esperando um resultado diferente.

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Clubes seguiram gastando o que não podiam para alcançar um resultado esportivo que é momentâneo e não será responsável por sua recuperação estrutural. Ao contrário, um título estadual ou uma classificação à Libertadores encobrem os erros, dificultando pensar na solução.

Voltamos a ver gestões falando em austeridade, mas sucumbindo à primeira série de resultados adversos, enquanto outros seguiram rumos desconexos entre gestão dentro e fora de campo.

Mas tivemos o Fortaleza, o Red Bull Bragantino, a permanência do Cuiabá e do Juventude na Série A. E todos juntos a Ceará, Coritiba, Goiás, Atlético Goianiense, América, Avaí. Metade da primeira divisão confirmando a mudança no cenário de forças do futebol nacional.

E os outros 10 clubes que não se enganem: o cenário de disputa de 2022 será duríssimo, ainda mais com o Flamengo beirando novamente o primeiro bilhão em receitas, o Palmeiras equilibrado e mantendo um projeto vencedor, o Atlético Mineiro suportado pelos mecenas e já trabalhando para acertar suas dívidas.

Aos que repetem os velhos erros e aos que trazem boas novas, um feliz 2022! Que a sorte e o juízo acompanhem a todos!

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Cesar Grafietti Economista, especialista em Banking e Gestão & Finanças do Esporte. 27 anos de mercado financeiro analisando o dia-a-dia da economia real. Twitter: @cesargrafietti

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