Pais & Filhos: Enquanto você viver sob o meu teto.

Como podemos ajudar nossos jovens a se tornarem adultos seguros e tranquilos com suas escolhas de vida.
Por  Silvia Alambert Hala
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Muito se fala sobre Plano de Vida e Carreira, mas infelizmente esse é um tema raramente abordado no universo dos jovens e, quando é trabalhado, se inicia tardiamente na vida deles, uma vez que aparece em uma fase onde eles se encontram sob grande pressão, tendo que decidir de um ano para o outro qual carreira pretenderão seguir e, muitas vezes, acabam dando um tiro no escuro.

Há muitos casos de jovens que prestam vestibular em cursos nada afins, apenas para não ficarem fora da faculdade ou para obterem um diploma de algum curso superior.

Sem terem certeza de suas escolhas, iniciam um plano de vida fraco, sem perspectiva do que lhes aguarda, sem direção ou objetivo, para logo depois se darem conta que aquela escolha realmente não tinha nada a ver com eles.

Assim, alguns partem para um novo vestibular, outros se transferem para um curso afim, na esperança de se encontrarem, outros permanecem na escolha, não exatamente porque gostam, mas porque é trabalhoso recomeçar e, para piorar, outros abandonam o sonho do curso superior.

Um estudo recente do Ministério da Educação, com base nos anos de 2012 e 2013, apontou que 40% dos estudantes que entram nas universidades públicas abandonam o curso antes da conclusão e nas instituições privadas esse índice é de 30%.

Generalizar e dizer que se trata apenas do despreparo de boa parte dos estudantes que ingressam no ensino superior, em virtude da má qualidade na educação de base, seria leviano, já que sabemos que são muitos os fatores que podem levar os jovens a desistirem do curso superior.

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No entanto, vale ressaltar que a falta de um trabalho de planejamento de vida e carreira ao longo da formação dos jovens também é um fator que tem um peso nesse índice, já que muitos jovens, perdidos com relação à profissão que desejarão seguir, acabam por optar primeiro por um trabalho que lhes coloque um dinheirinho no bolso, para depois pensarem sobre o que farão da vida.

É a partir da adolescência, por volta dos 12 ou 13 anos de idade, que os jovens passam por significativa mudança no processo de pensamento, exatamente quando começam a avaliar suas possibilidades e surgem os questionamentos sobre sua liberdade e responsabilidades e começam a pensar sobre seu futuro.

Por isso, a importância de dar início a um trabalho de planejamento de vida e carreira, para que cheguem mais seguros e menos ansiosos à fase de tomada de decisões.

Trabalhar um plano de vida e carreira com os jovens também os conduzirá à educação financeira, pois a partir do momento em que começamos a trabalhar sobre esses projetos, será preciso ajustar uma direção e os objetivos-chave para prosseguir e isso inclui as finanças, assunto que faz parte do dia a dia de qualquer família e especialmente àquelas que  desejam apoiar a construção de sonhos de seus filhos.

A partir desses planos, que certamente sofrerão mudanças ao longo do caminho, é  que serão construídos os alicerces do futuro de cada um.

Tão fácil quanto encontrar famílias sufocando financeiramente ao longo da formação educacional de seus filhos, também é fácil encontrar jovens que acreditam que seus pais estão preparados para apoiá-los financeiramente ao longo de sua formação educacional.

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Hoje, apesar do mercado oferecer algumas possibilidades para que as famílias possam se planejar financeiramente desde cedo, a fim de garantir a formação educacional das crianças – muitos só conhecem o Fies ( Fundo de Financiamento Estudantil. Um programa do Ministério da Educação destinado a financiar a graduação na educação superior de estudantes matriculados em instituições não gratuitas) –  poucas famílias se interessam por conhecê-las ou escolhem se preparar com antecedência.

Enquanto viverem sob o nosso teto, é melhor que iniciemos o diálogo sobre construção de sonhos, expectativas de futuro, escolhas financeiras e escolhas profissionais com nossos filhos, para que eles tenham a oportunidade de refletir e se sentirem cada vez  mais preparados, seguros e tranquilos com relação às escolhas de suas vidas.

Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve.” (Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas)

Silvia Alambert Hala Sócia, co-fundadora da Creative Wealth™ Intl (USA), empresa americana fundada em 2002 e proprietária dos programas de educação financeira para crianças e jovens The Money Camp™, Camp Millionaire™, Moving Out! ™ e The Money Game™ que se dedica à formação de educadores financeiros escolares e mentores e tutores de crianças e jovens ao redor do mundo. Silvia atua há 15 anos como educadora financeira de crianças e jovens em escolas e nas famílias, coach especializada em finanças comportamentais, palestrante, formadora de educadores financeiros escolares no Brasil, co-autora do livro “Pai, ensinas-me a poupar!” (Ed. Rei dos Livros) publicado em Portugal, representante da APOEF™ (Associação de Profissionais Orientadores e Educadores em Finanças) nos Estados Unidos da América e coordenadora do projeto de educação financeira para jovens atletas de alto desempenho da empresa Sports To Go™. Instagram: @silviaalambert_edufin www.silviaalambert.com www.creativewealthintl.com

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