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O desemprego dá medo, mas pode gerar novas oportunidades

Enquanto para algumas pessoas as mudanças são vistas como uma oportunidade maravilhosa para desbravar o novo, para outras, causam medo e insegurança
Por  Eli Borochovicius -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

A perda do emprego gera desequilíbrio nas contas pessoais, desconforto pessoal, discussões no âmbito familiar, com possibilidade de desdobramentos nada agradáveis e até depressão. Em função dessas questões é que o medo surge para muita gente.

Em meio ao caos político e econômico do país, famílias ficam financeiramente desestabilizadas e a falta de perspectiva acentua ainda mais o sentimento de insegurança.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação na região sudeste foi de 13,2% no 1º semestre de 2019.

O segundo trimestre apresentou queda, com taxa de 12,4% e os últimos dados disponíveis referem-se à publicação do 3º trimestre, com mais uma queda na taxa de desocupação: 11,9%. Possivelmente até o final do mês teremos os dados do último trimestre de 2019, mas apesar das quedas na taxa dos últimos três trimestres, ainda pode ser considerada alta.

Para aqueles que experimentaram o dissabor do desemprego, tiveram possibilidade de reduzir o impacto da redução de receitas nos primeiros meses com o seguro desemprego e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), mas infelizmente nem sempre a recolocação é rápida.

Conforme levantamento da consultoria iDados, com base na PNAD contínua, o tempo médio de recolocação de um profissional com nível superior é de 16,8 meses.

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Difícil superar o amargor da incapacidade de arcar com as responsabilidades financeiras até que chegue a hora da recolocação. O desespero muitas vezes toma conta e raramente as melhores decisões são tomadas em um estado de descontrole emocional.

Ativos precisam ser vendidos, dando fôlego para a quitação das contas que não param de chegar. Muita gente começa se desfazendo de um carro, mas aos poucos percebe que muitas outras coisas dentro de casa podem ser vendidas, algumas com maior liquidez, a exemplo da empoeirada bicicleta há meses encostada, outras com menor liquidez.

Dado que as receitas são temporariamente escassas, é preciso reduzir despesas. Banhos mais rápidos, quintal lavado com o reuso da água da máquina de lavar roupas, ligada somente uma vez por semana. Ferro de passar roupas também tem seu uso limitado. Os eletrônicos ficam fora da tomada e somente um aparelho de televisão fica ligado, com uso restrito. Evita-se o abre e fecha de geladeira e o ar condicionado é ligado somente à noite e por pouco tempo, apenas para refrescar.

Os passeios de carro, que exigem o consumo de combustível, passam a ser substituídos por atividades físicas como caminhada. Novas marcas de produtos de supermercado são testadas e aprende-se a seguir à risca a lista de produtos de necessidades básicas, cuidadosamente elaborada com antecedência.

Redução com internet e telefone e cancelamento de serviços de streaming e TV a cabo são inevitáveis. É assim que funciona enquanto não há entrada de caixa suficiente para suprir o conforto desejado.

Em contrapartida, nesse período é comum passar por um momento reflexivo, deixar aflorar a criatividade, criando oportunidades que não estavam sendo vislumbradas anteriormente e descobre-se muita coisa positiva.

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A sensação desagradável do medo, como estado afetivo suscitado pela consciência do temor pelos momentos de contenção dos gastos, pode também ser visto como um estado de alerta para que sejam evitadas maiores agruras.

Ter medo pode, o que não pode é desleixo com o orçamento.

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Eli Borochovicius Eli Borochovicius é docente de finanças na PUC-Campinas. Doutor e Mestre em Educação pela PUC-Campinas, com estágio doutoral na Macquarie University (Austrália). Possui MBA em gestão pela FGV/Babson College (Estados Unidos), Pós-Graduação na USP em Política e Estratégia, graduado em Administração com linha de formação em Comércio Exterior e diplomado pela ADESG. Acumulou mais de 20 anos de experiência na área financeira, tendo ocupado o cargo de CFO no exterior. Possui artigos científicos em Qualis Capes A1 e A2 e é colunista do quadro Descomplicando a Economia da Rádio Brasil Campinas

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