Hering inaugura loja com tecnologia que promete elevar seu patamar no varejo

Ação da varejista de moda sobe forte em dia de queda do Ibovespa

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – A Cia Hering apresentou neste mês um novo conceito de loja que promete elevar seu patamar competitivo na era do varejo “omnichannel”. Para o mercado, as novidades apresentadas pela empresa podem transformá-la em um case de investimento mais robusto – e as ações já estão reagindo.

Nesta quinta-feira, em meio a queda de 1,73% do Ibovespa, o papel da Cia Hering (HGTX3) na bolsa saltava 3,28%. Ao longo do mês, já acumulou +17,78% em meio aos comentários sobre a novidade.

O que a varejista de moda traz de inovador é um sistema que, mesmo no caso de não se comprovar extremamente eficiente do ponto de vista financeiro, demonstra a intenção da companhia em participar de uma revolução que fez outras varejistas decolarem. O Magazine Luiza, por exemplo, aumentou seu valor de mercado em 100 vezes e tornou-se a varejista mais valiosa do país a partir de uma aplicação bem-sucedida deste modelo.

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Localizada no Morumbi Shopping, em São Paulo, a loja conceito da Hering aposta forte em interação entre marca e cliente, e lembra o que a nascida digital Amaro trouxe ao mercado nacional (leia mais aqui). Os ambientes são pensados para fotografias em redes sociais; há totens de customização de estampas de camisetas e televisores que mostram conteúdo diferenciado a cada cliente que se aproxima, graças à interação com smartphones.

No provador, clientes podem usar telas touch para consultar peças relacionadas aos seus interesses e solicitar outros produtos ou tamanhos sem ter de chamar vendedores. Também existe a opção de fazer compras na loja e receber em casa ou retirar itens adquiridos pelo e-commerce em lockers no mesmo endereço do Morumbi – a própria definição de “omnicanalidade”, também já aplicada com sucesso em outros players, como o próprio Magazine.

Para além da sensação de futuro passada ao cliente, a tecnologia visa melhorar a saúde financeira da companhia. A loja usará sensores para descobrir as áreas mais visitadas e, com isso, compreender os produtos favoritos e otimizar estoques. Outra tecnologia, as etiquetas RFDI, atualizam automaticamente o sistema sobre a venda e avisam que a peça já não está mais disponível.

Os funcionários receberam um dashboard que reúne todas essas informações, além de analisar expressões faciais para identificar o sentimento do consumidor e traçar perfis.

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A investidores, diretores da empresa disseram que o sistema operacional em questão, criado em parceria com a Linx (LINX3), já está disponibilizado para vendedores de 88 lojas – toda a base de unidades próprias. Também está sendo iniciado um projeto piloto com 10 das lojas que funcionam no formato de franquia.

Vai funcionar?

Vale lembrar que a Cia Hering é mais um player dentro de uma tendência mundial de transformação via estratégias digitais. A preocupação do mercado nesta frente é, principalmente, a capacidade de cada uma dessas empresas de treinar equipes e construir uma cultura compatível com as novidades apresentadas.

Recentemente, a Via Varejo apresentou novidades que empolgaram o mercado, mas decepcionou com a dificuldade de implementação. Planejado para ser disponibilizado de maneira universal em tempo curto, o novo sistema de vendas da companhia não teve a adesão esperada dos funcionários e, segundo fontes, impactou negativamente o resultado operacional do terceiro trimestre.

Independentemente disso, analistas estão otimistas com a Hering. Fabio Monteiro, do BTG Pactual, escreveu em relatório “acreditar firmemente” que investidores devem “monitorar de perto nos próximos meses/trimestres para observar a evolução da empresa”.

Também diz que tem “marca forte e modelo de negócios de ativos leves”, o que significa que a ação da empresa pode ficar consideravelmente descontada com relação ao valor de fato caso a performance de vendas cresça com consistência, gerando um bom ponto de entrada para investidores.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney