XP acelera programas de formação de assessores; meta é ter 20 mil até o fim de 2024

Empresa anuncia aporte na edtech Melver, cria escola de formação de assessores e desenvolve ferramenta para facilitar contratações por escritórios

Mariana Segala

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A rede de assessores de investimentos da XP passou de 14 mil no segundo trimestre, segundo a prévia operacional divulgada pela companhia. Mas o crescimento de 25% em um ano – o segundo mais alto desde que a empresa passou a divulgar os dados – pode ficar pequeno se os planos estabelecidos para 2024 forem levados à risca.

Conhecida por ter inaugurado no mercado brasileiro um modelo de distribuição fortemente calcado no trabalho dos então chamados agentes autônomos, a XP pretende alcançar 20 mil assessores até o fim de 2024 na rede B2B – que inclui os profissionais vinculados aos escritórios de assessoria que operam por meio de sua plataforma.

É praticamente o dobro do número registrado no fim de 2021, de 10,3 mil assessores.

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“Estamos fortalecendo nossa capacidade de formar profissionais e expandir a rede, adotando uma série de medidas para explorar a formação e a atração de talentos”, diz Bruno Ballista, sócio e head de assessoria e relacionamento com clientes da XP.

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Uma das iniciativas será anunciada nesta sexta-feira (11): a compra de uma participação na Melver, edtech fundada em Florianópolis no ano passado e especializada em cursos de formação para o mercado financeiro. Os valores da operação não foram divulgados.

No ano passado, a XP já havia lançado sua própria escola de formação de assessores e neste ano criou ferramentas para facilitar a contratação de profissionais por escritórios. As iniciativas de formação e atração de talentos são variadas e vão além da parceria com a Melver porque os profissionais procurados pela XP possuem diferentes perfis, de acordo com Ballista.

Há, de um lado, quem já trabalhe no mercado financeiro. De outro, estão os profissionais em transição de carreira. “Eles são entusiastas da atividade, têm credibilidade, reputação e uma rede de contatos. Acreditamos muito nisso”, diz. Um terceiro grupo é formado por egressos de cursos de graduação que buscam iniciar a vida profissional na assessoria de investimentos.

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A Escola da Assessoria de Investimentos, por exemplo, é uma das iniciativas dentro da XP Educação – empresa resultante da fusão entre o IGTI, referência no ensino em tecnologia, e a Xpeed, escola de finanças da XP – e se foca nos profissionais em transição de carreira. A primeira turma deste ano somou 330 alunos, dos quais cerca de 100 foram contratados pela XP. Uma nova turma, recém-lançada, já reúne 3 mil alunos, segundo Felipe Gentil, head da Escola de Assessores de Investimentos da XP Educação.

Há, também, planos para além dos cursos de formação rápida em assessoria de investimento. “Podemos pensar em produtos de graduação, pós-graduação e life long learning [aprendizado ao longo da vida] para a carreira de assessor, fomentando essa profissão tão promissora e pouco conhecida fora do mercado financeiro”, diz Paulo Moraes, CEO da XP Educação. “Nossa ambição é ter a Faculdade de Assessoria de Investimento como um one stop shop do assessor, um ambiente em que encontre tudo o que precisa para seguir nessa carreira”.

Fora isso, a XP possui uma célula de treinamento para qualificar profissionais de expansão dentro dos escritórios da rede, de modo a assegurar ganhos de escala. “Recentemente, desenvolvemos uma plataforma chamada Matcher que busca ser o elo entre os profissionais aprovados nos exames e os escritórios parceiros, o que deu muita velocidade ao processo de contratação”, diz Ballista.

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Há ainda um programa que procura identificar assessores de investimento com perfil empreendedor interessados em desenvolver novos escritórios de assessoria. “O empreendedorismo também é uma alavanca de crescimento”, explica o executivo.

Participação na Melver

Embora jovem, a Melver – batizada com a abreviação da expressão “melhor versão” – ostenta índices elevados de aprovação nos exames profissionais mais tradicionais no Brasil. O carro-chefe é a prova da Ancord (Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários), que os candidatos a assessores de investimentos precisam prestar para serem credenciados perante a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Chega a 92% a fatia dos alunos da Melver que passam no teste já na primeira tentativa.

“Nós vamos atrás de pessoas interessadas em trabalhar com investimentos, apresentamos o mercado financeiro e qualificamos esses candidatos com tecnologia proprietária. Nosso sistema de ensino foi feito dentro de casa”, explica Raony Rossetti, fundador e CEO da Melver. “Depois, junto com as áreas de RH e de expansão da XP, fazemos o direcionamento dos candidatos”.

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Ter a XP, principal cliente da Melver, como sócia era um caminho quase que natural, na visão de Rossetti – ele mesmo um egresso da plataforma de investimentos. Formado engenheiro mecânico pela USP, o hoje empreendedor chegou à XP como estagiário em 2008. Saiu da empresa em 2020 como chief information officer no escritório de Nova York.

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Nos dois anos em que permaneceu nos Estados Unidos, Rossetti se envolveu com a criação de uma pós-graduação da XP voltada para profissionais do mercado financeiro – e, de quebra, descobriu que ser professor também era algo que lhe agradava. “Ali percebi que havia uma oportunidade de empreender. Fiz isso criando uma empresa, mas sabendo que a XP seria minha maior parceira”.

Desde que a Melver foi criada, 80 mil alunos já passaram pelos seus cursos – a maior parte deles online, ainda que em 2022 tenha havido 12 imersões presenciais em diferentes estados.

Hoje, juntas, Melver e XP oferecem um programa gratuito de formação de assessores de investimentos. As aulas são online e nenhuma contrapartida é exigida dos alunos. Nos cálculos das duas empresas, cerca de 80% dos aprovados no exame da Ancord nos últimos seis meses saíram dos cursos da Melver encampados pela corretora.

Os próximos passos da Melver após o aporte devem incluir iniciativas para além da formação inicial dos assessores. O plano é desenvolver também o ambiente de consultores credenciados à CVM, além de investir na educação continuada dos assessores de investimento.

Mariana Segala

Editora-executiva do InfoMoney