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O que a Isa Cteep tem a ganhar com possível saída da Eletrobras de sua base acionária

Ex-estatal concentra mais da metade das ações em circulação da transmissora de energia

Mitchel Diniz

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A Isa Cteep (TRPL4) acredita que a liquidez da companhia poderia melhorar com uma eventual saída da Eletrobras (ELET3; ELET6) de sua base acionária. De acordo com a Bloomberg, a ex-estatal teria conseguido o aval de debenturistas para vender sua participação na transmissora de energia. Era a chancela que precisava para seguir com a oferta, aprovada por seu conselho de administração em outubro do ano passado.

“São eles que têm ações e, se vão vender, é algo que não temos informação, nem controle”, afirmou Rui Chammas, CEO da Isa Cteep ao IM Business. Atualmente, a Eletrobras possui 9,73% das ações ordinárias em circulação da transmissora e 52,48% dos papéis preferenciais.

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“Ainda que a parte da Eletrobras possa ser negociada na B3, eles detém a posição há muitos anos sem movimentar absolutamente nada. Se eles saem, nesse movimento de procurar vender, vamos ter uma liquidez muito maior , o que gera valor para o acionista de forma geral porque eles conseguem, a qualquer momento, negociar suas ações”, afirma Carisa Cristal, CFO da Isa Cteep.

Rui Chammas, CEO da Isa Cteep, e Carisa Cristal, CFO (Divulgação)

A empresa tem 64,18% das suas ações em circulação, porém mais da metade do free float está com a Eletrobras. Na prática, menos de um terço dos papéis da Isa Cteep tem liquidez de fato.

Questionados se a empresa teria interesse em recomprar os papéis, caso a Eletrobras venda sua participação, os executivos afirmam que tem outras prioridades no momento. “Com tudo o que a gente tem de capex para performar, não faz muito sentido”, afirma Carisa.

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A Isa Cteep tem um plano de investimento de R$ 15 bilhões até 2028. A companhia tem sete projetos em construção, com capex total estimado de R$ 10 bilhões. Os outros R$ 5 bilhões serão destinados a reforços e melhorias.

“Quando nós analisamos os investimentos que a gente pode fazer para gerar valor num capex vis a vis recompra, estamos convencido de que geramos mais valor para os acionistas garantindo o plano que temos hoje”, diz Rui Chammas.

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Novos leilões no radar

Protagonista dos leilões de transmissão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2023, a Isa Cteep ficou de fora do primeiro certame deste ano e ainda avalia se participará do próximo, previsto para setembro.

Em junho do ano passado, a empresa arrematou os lotes 7 e 9 do leilão de transmissão, com o compromisso de investir R$ 2,4 bilhões nas concessões. Em agosto, assumiu também o lote 1, depois que o vencedor do certame, o Consórcio Gênesis, foi inabilitado pela Aneel. A concessão exigia mais R$ 3,2 bilhões de capex.

“Acabou quase que sendo um lote antecipado de um leilão que poderia ter acontecido em 2024”, explicou o CEO da Isa Cteep. “Existem limites financeiros, de execução. Mas o tempo passa, vamos executando, realizando resultado, desalavancando a companhia. Então o espaço para crescimento, ele pode se abrir e podemos voltar a buscar lotes rentáveis em futuros leilões”.

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A preocupação em manter a disciplina financeira e alavancagem adequada é estratégica. Com esse controle, a Isa Cteep consegue ganhar a confiança dos credores e continuar captando recursos para financiar seu plano de investimentos bilionário para os próximos cinco anos.

Em março, a empresa fez uma nova emissão de debêntures simples conversíveis em ações, no montante total de R$ 1,327 bilhões. “Foi a melhor captação, no sentindo de baixos custos, no primeiro trimestre de 2024. E teve uma sobredemanda de quase quatro vezes”, explica Carisa Cristal. Também não houve covenants (obrigações) para esta nova emissão, o que a executiva diz ser “um luxo” nos dias de hoje.

Além disso, a transmissora quer manter a prática de distribuir 75% do lucro regulatório em proventos. “Respeitado isso, a gente vai continuar buscando crescimento porque temos o compromisso de criar valor ao longo do tempo para o nosso acionista. Estamos estudando os lotes do leilão de setembro e decidiremos, próximo a ele, se vamos participar ou não”, afirma Chammas.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados