FIIs ‘high yield’ têm mais um mês de baixa e já acumulam perdas de R$ 2,1 bi em valor de mercado

Com queda de mais de 20%, HCTR11 lidera as maiores quedas do mês; CPFF11 sobe 9% e é destaque de alta

Wellington Carvalho

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Em um agosto marcado pelo tão esperado início do ciclo de cortes dos juros, o Ifix – índice dos FIIs mais negociados na Bolsa – emendou o quinto mês seguido de ganhos – maior sequência em quatro anos. Mas nem tudo é otimismo no mercado.

Os FIIs high yield – de maior risco – registraram em agosto mais um mês de fortes perdas, reforçando uma tendência observada desde o início do ano.

Em 2023, fundos como Devant Recebíveis (DEVA11), Hectare CE (HCTR11), Versalhes RI (VSLH11) e Tordesilhas EI (TORD11) acumulam quedas que chegam a 64%.

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Juntas, essas carteiras já perderam R$ 2,1 bilhões em valor de mercado desde o início do ano – montante equivalente ao atual valor de mercado do BTG Pactual Logística (BTLG11), 14º maior fundo do mercado neste recorte.

Em termos nominais, a maior perda é verificada no HCTR11, mais de R$ 1,2 bilhão, conforme mostra a tabela abaixo:

Ticker Valor de mercado – agosto/23 (em R$ milhões) Valor de mercado – dezembro/22 (em R$ milhões) Diferença (em R$ milhões)
HCTR11                                                               975.680                                                               2.213.720   1.238.040
DEVA11                                                               655.616                                                               1.225.418      569.802
TORD11                                                                 91.134                                                                   257.627      166.494
VSLH11                                                               105.420                                                                   271.465      166.044
Total   2.140.381

Fonte: Economatica (30/08/23)

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O que explica a queda dos FIIs high yield?

Os FIIs high yield são fundos de “papel” – que investem em títulos de renda fixa – ou carteiras híbridas – que alocam recursos em mais de um tipo de ativo – e têm no portfólio certificados de recebíveis imobiliários (CRI).

Esse tipo de papel é um instrumento usado por empresas do segmento imobiliário para captar recursos no mercado. Na prática, essas companhias “empacotam” receitas futuras que têm para receber – como aluguéis ou parcelas pela venda de apartamentos – em um título, que é vendido a investidores, como os FIIs.

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Os titulares dos CRIs recebem um rendimento mensal prefixado e a correção monetária por um indicador, que normalmente é a taxa do CDI (certificado de depósito interbancário) ou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

No início do ano, porém, os fundos high yield começaram a reportar a inadimplência em série dos CRIs – especialmente ligados à Gramado Parks, empresa de turismo que pediu recuperação judicial. O movimento gerou a redução de receita dos FIIs e, consequentemente, perda de valor na Bolsa.

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Maiores baixas de agosto

Em relatório gerencial divulgado em agosto, a gestão do HCTR11 destacou avanços em operações da carteira até então prejudicadas pela inadimplência em série desencadeada no início de 2023.

“Com visitações recordes em cidades turísticas no mês, diversos empreendimentos em nossa carteira refletiram o bom momento e apresentaram resultados de destaque para o período”, confirma o documento.

Entre as operações que se destacaram, o Hectare cita a própria Gramado Parks, que registrou vendas de R$ 166 milhões – maior número já registrado pela empresa, de acordo com a equipe de gestão do fundo.

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As notícias, no entanto, aparentemente não foram suficientes para animar o mercado e as cotas do HCTR11 acumulam perdas de 21,4% – a maior do mês até agora entre os principais FIIs do mercado. Confira outros destaques:

Confira as maiores baixas dos fundos imobiliários em agosto de 2023:

Ticker Fundo Segmento Variação em agosto (%)
HCTR11 Hectare Títulos e Val. Mob. -21,44
TORD11 Tordesilhas EI Desenvolvimento -19,69
VSLH11 Versalhes Recebíveis Imobiliários Títulos e Val. Mob. -18,24
DEVA11 Devant Títulos e Val. Mob. -13,51
BLMG11 Bluemacaw Logística Logística -10,83

Fonte: Economatica (30/08/23) – A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.

Os dados são da Economatica, plataforma de informações financeiras, e tomam como base o desempenho da cota e a distribuição de dividendos no período.

Maiores altas de agosto

Na outra ponta da lista encabeçada pelo HCTR11, está o Capitânia Reit FoF (CPFF11), com alta de 9% – até agora, a maior do mês. Confira a lista completa.

Confira as maiores altas dos fundos imobiliários em agosto de 2023:

Ticker Fundo Segmento Variação em agosto (%)
CPFF11 Capitânia Reit Híbrido 9,16
QAGR11 Quasar Agro Agro 7,00
RZTR11 Riza Terrax Híbrido 6,56
BRCO11 Bresco Logística Logística 5,54
XPSF11 XP Selection FoF 5,11

Fonte: Economatica (30/08/23) – A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.

Com patrimônio líquido de R$ 214 milhões, o CPFF11 é um FoF, fundo que investe em cotas de outros FIIs. Este segmento do mercado já havia sido o destaque no mês anterior.

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As cotas de outros FIIs representam hoje 89,3% do portfólio do CPFF11. A carteira tem 9,7% dos recursos alocados em caixa e 1% em CRIs.

Hoje, o fundo investe especialmente nos segmentos de lajes corporativas (28,7%), renda urbana (18,8%) e logística (17,7%), conforme aponta relatório gerencial do Capitânia Reit FoF.

No último dia 16, a carteira pagou R$ 0,70 por cota, equivalente a um retorno mensal com dividendos (dividend yield) de 0,90%. Em 12 meses, o percentual está em 8,11%.

FIIs que mais pagaram dividendos em agosto

O FII Cartesia Recebíveis Imobiliários (CACR11) encerra o mês de agosto com a maior taxa de retorno com dividendos entre os principais fundos imobiliários da Bolsa.

No último dia 8, a carteira pagou R$ 1,42 por cota, equivalente ao dividend yield mensal de 1,31%, o maior de agosto. Na sequência aparecem fundos como Valora RE (VGIR11), Habitat II (HABT11) e JPP Capital (JPPA11), com ganhos acima de 1,25%. Confira a lista:

Ticker Fundo Segmento Dividend Yield – agosto/2023
CACR11 Cartesia Recebíveis Imobiliários Títulos e Val. Mob. 1,31
VGIR11 Valora RE Títulos e Val. Mob. 1,25
HABT11 Habitat II Títulos e Val. Mob. 1,25
JPPA11 JPP Capital Recebíveis Títulos e Val. Mob. 1,25
VGHF11 Valora Hedge Fund Multiestratégia 1,24
RZAK11 Riza Akin Títulos e Val. Mob. 1,23
OUJP11 Ourinvest JPP Títulos e Val. Mob. 1,18
RBRY11 RBR CRI Títulos e Val. Mob. 1,18
PLCR11 Plural Recebíveis Imobiliários Títulos e Val. Mob. 1,18
WHGR11 WHG Real Estate Multiestratégia 1,17

Fonte: Economatica – 25/08/2023

No mês passado, o CACR11 já havia se destacado como o melhor dividend yield do período, com uma taxa de 1,53%.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.