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A Prata e o Bull Market

No último bull market, a prata saiu de US$4 a onça troy para quase US$50, uma alta de 12 vezes, ou 1.100%. No mesmo período, o ouro subiu "apenas" 6 vezes, ou 500%. Como já mencionei no último post, as commodities têm uma característica marcante: são cíclicas, ou seja, vão de um bull market a um bear market e voltam. Já estamos no terceiro ano dessa tendência de queda e acho que um fundo foi marcado.
Por  Marcelo López
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Já escrevi muito sobre o ouro e o grande potencial de alta que acredito que o metal tenha, mas hoje vou falar do “ouro turbinado”, também conhecido como prata. Como não podia deixar de ser, acredito que a prata tenha um potencial de alta ainda mais pronunciado que o metal amarelo.

No último bull market, a prata saiu de US$4 a onça troy para quase US$50, uma alta de 12 vezes, ou 1.100%. No mesmo período, o ouro subiu “apenas” 6 vezes, ou 500%.

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Como já mencionei no último post, as commodities têm uma característica marcante: são cíclicas, ou seja, vão de um bull market a um bear market e voltam. Já estamos no terceiro ano dessa tendência de queda e acho que um fundo foi marcado.

O ouro e a prata têm ainda uma característica diferente dos outros metais: eles sempre foram uma forma de dinheiro e, consequentemente, um excelente hedge contra a inflação. Uma pessoa não pode simplesmente “imprimir” ouro e prata, como é feito com o papel-moeda. Eles têm que ser encontrados, minerados e refinados, ou seja, envolve muito trabalho e custa muito dinheiro. Por isso mesmo, eles constituem uma reserva de valor.

Um indicador que acompanho com certa frequência é o valor do ouro dividido pelo valor da prata, o chamado gold-silver ratio. Abaixo podemos ver o gráfico dos últimos 10 anos e perceber que ele oscila entre 84 e 31, sendo 84 um valor muito alto (ou seja, quando é mais vantajoso comprar prata em vez de ouro) e 31 um valor muito baixo (ou seja, quando é mais vantajoso comprar ouro em vez de prata). A média nesses anos fica na casa dos 60, ou cerca de 25% abaixo de onde está hoje. Hoje esse índice está em 80,9, ou seja, uma excelente oportunidade para o investidor de longo-prazo acumular prata ou para um hedge fund fazer um Long & Short.

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Além disso, por causa de seu valor baixo em comparação ao ouro e por ter poucas mineradoras de prata exclusivas, a prata tende a ter um desempenho melhor nas retomadas dos bull markets.

No passado, era comum que governos e bancos centrais tivessem reservas em prata, especialmente para a fabricação de moedas. Hoje, com algumas poucas exceções, como EUA, México e Índia, esse metal já não é comumente adotado para compor as reservas soberanas. Os estoques de prata estão caindo ano após ano e a demanda vem aumentando constantemente, com novos usos industriais, joias, painéis solares e baterias, por exemplo.

Falando sobre o uso industrial, é importante notar que a prata detém propriedades muito interessantes e é o elemento com melhor condutividade elétrica e térmica, além de ser altamente maleável, dúctil e estéril, o que garante grande aplicabilidade nas indústrias de eletrônicos e de equipamentos médicos. No entanto, nesses casos, ao contrário da fabricação de joias, a prata empregada acaba sendo perdida, consumida e/o descartada. O que não acontece com o ouro, que pouco se perde e sobrevive aos milênios.

Mais ainda, como mencionado acima, a maior parte da prata minerada no mundo é um subproduto de outro metal e são poucas as empresas que somente a mineram ou a têm como principal produto. Por isso mesmo, seu preço não é tão significativo para o minerador. Imagina um minerador de ouro que também minera prata como um subproduto. Se a prata valer US$16 ou USD32/onça, a diferença para ele será pouco relevante, se comparado ao preço do ouro, atualmente acima de USD1.300.

Por último, por ser reserva de valor, a prata é um excelente ativo para se ter em um portfólio balanceado, por funcionar como um metal precioso que fornece proteção em casos de crise e também como matéria-prima para um mundo em crescimento que demanda cada vez mais eletroeletrônicos.

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Com a crescente demanda, especialmente na China, juntamente com a dinâmica de oferta e demanda desbalanceada, é uma questão de tempo até que o ajuste aconteça e acredito que ele será bem grande. Na minha opinião, a hora de se posicionar é agora.

Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

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