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Por que Trump e Bolsonaro ganharam tanta popularidade?

A candidatura de Donald Trump à presidência dos EUA pelo partido republicano e a crescente popularidade de Jair Bolsonaro no Brasil é um fenômeno que no mínimo deveria despertar a atenção de vários analistas políticos. Apesar de trajetórias bem diferentes, Trump e Bolsonaro têm uma veia comum: falam o que pensam sem nenhum filtro e suas linguagens são mais concretas do que abstratas. É possível que em tempos da ditadura politicamente correta, da guerra das narrativas, do sentimentalismo tóxico (o argumento recorre mais à emoção do que à razão), o discurso mais cru, mais rasgado , sem meias palavras tenha se tornado um diferencial.
Por  Alan Ghani
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A candidatura de Donald Trump à presidência dos EUA pelo partido republicano e a crescente popularidade de Jair Bolsonaro no Brasil é um fenômeno que no mínimo deveria despertar a atenção de vários analistas políticos. Nos EUA, Donald Trump foi demonizado pela imprensa Democrata (NY Times, CNN, MSNBC) – e até por alguns jornalistas da Fox News – mas mesmo  assim foi o preferido pelos eleitores republicanos. Por aqui, Jair Bolsonaro é rotulado pelas esquerdas, pela grande mídia e pela “Tucano Press”  de “golpista”, “fascista”, “homofóbico” e apesar disso é um dos deputados mais votados do Brasil, com uma popularidade crescente.

A pergunta é por que ambos os candidatos, apesar de toda a propaganda midiática contra, se tornaram tão populares? A seguir, levanto algumas hipóteses que possam explicar tal fenômeno.

Apesar de trajetórias bem diferentes, Donald Trump e Jair Bolsonaro têm uma veia comum: falam o que pensam sem nenhum filtro e suas linguagens são mais concretas do que abstratas. É possível que em tempos da ditadura politicamente correta, da guerra das narrativas, do sentimentalismo tóxico (o argumento recorre mais à emoção do que à razão), o discurso mais cru, mais rasgado , sem meias palavras tenha se tornado um diferencial. As massas podem não concordar com os discursos de Trump e Bolsonaro, mas elas entendem que eles são, pelo menos, REAIS e VERDADEIROS. Provavelmente parte do eleitorado se cansou de políticos fabricados, com discursos pasteurizados e artificiais, preferindo candidatos reais de linguagem mais direta e concreta, mesmo que às vezes agressiva. Entre a falta de polidez na forma e a autenticidade na essência, muitos eleitores dão mais peso para a coragem da transparência.

Outra hipótese para explicar a ascensão de ambos é que na era da “culpabilização” dos entes abstratos (exemplo: cultura do estupro, fácil acesso às armas, islamofobia, homofobia, etc.. ) propor soluções concretas que dizem respeito ao dia a dia das pessoas se tornou um grande diferencial – sejam elas  mulheres, homens, gays, heterossexuais, negros, brancos, latinos, islâmicos, cristãos, etc…No final das contas, muitos pais de família sabem que leis mais duras propostas por Bolsonaro vão ter muito mais efeito para proteger suas filhas de um estuprador do que que a campanha no Facebook  pelo” fim da cultura do estupro” (seja lá o que isso queira dizer). Muitos cidadãos americanos sabem que vão se sentir muito mais seguros com um controle imigratório mais rigoroso capaz de identificar terroristas islâmicos do que o discurso abstrato do “diálogo” , de Hillay Clinton (aliás, como se dialoga com o Estado Islâmico?)

Apesar da crescente popularização de ambos os candidatos, apoiar Trump ou uma ideia do Bolsonaro ainda é motivo de vergonha em muitos círculos sociais, principalmente nas classes mais altas – é natural, dado que essas classes se informam pela grande mídia, a qual majoritariamente demonizam ambos os políticos. A vergonha é tamanha, que é comum ver pessoas ao defenderem uma ideia do Bolsonaro fazerem uma espécie de “hedge de opinião”: “não gosto do Bolsonaro,  não votaria nele, mas concordo com ele neste ponto, ele fala algumas coisas bem pertinentes, etc..” No caso do Trump, nem hedge (proteção) de argumentação adianta, a pessoa opta pelo silêncio para não ser rotulada de reacionária, radical ou extremista ao apoiar o candidato republicano.

É evidente que qualquer indivíduo tem todo o direito de criticar Trump ou Bolsonaro desde que o faça baseado em fatos e não em rótulos pré-fabricados pela guerra de narrativas da imprensa progressista. Eu só me questiono até que ponto as pessoas os criticam baseados em fontes secundárias (opiniões de jornais e TV) ou chegaram a tal conclusão ao analisarem as fontes primárias (discursos do candidato, projetos de lei, etc…)?  Para entender até que ponto a opinião de uma pessoa foi influenciada pela mídia, procure fazer a seguinte pergunta a ela: sem adjetivar, apenas baseados em fatos, como você chegou à conclusão de que não gosta de Donald Trump (Bolsonaro)? E por quê?

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Alan Ghani É economista, mestre e doutor em Finanças pela FEA-USP, com especialização na UTSA (University of Texas at San Antonio). Trabalhou como economista na MCM Consultores e hoje atua como consultor em finanças e economia e também como professor de pós-graduação, MBAs e treinamentos in company.

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