Polícias fazem operação contra bolsonaristas que atacaram sede da PF em Brasília

Policiais federais e civis cumprem 11 mandados de prisão e 21 de busca e apreensão em 7 estados e no DF; ao menos 4 pessoas foram presas até o momento

Equipe InfoMoney

Policiais federais e civis do Distrito Federal deflagram a Operação Nero em 29 de dezembro de 2022 contra bolsonaristas suspeitos de envolvimento em atos de violência ocorridos no dia 12 em Brasília (Foto: JOSE LUCENA/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO)

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A Polícia Federal e a Polícia Civil do Distrito Federal deflagraram nesta quinta-feira (29) uma operação contra bolsonaristas suspeitos de envolvimento na tentativa de invasão ao edifício-sede da PF em Brasília e em atos de vandalismo na capital federal em 12 de dezembro.

Os policiais federais e civis cumprem 11 mandados de prisão e 21 de busca e apreensão em 7 estados (Ceará, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins) e no Distrito Federal. As ordens judiciais foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Quatro pessoas foram presas até o momento (duas em Rondônia, uma no Rio e uma em Brasília). A PF diz que os crimes investigados são de dano qualificado, incêndio majorado, associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, cujas penas máximas somadas atingem 34 anos de prisão.

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Os ataques de 12 de dezembro aconteceram horas depois da diplomação do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele derrotou o atual presidente e então candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), e será empossado no domingo (1º).

Todo o efetivo das forças policiais da capital federal será utilizado no esquema de segurança planejado para a posse (veja mais abaixo). A PF diz que serão mais de mil policiais federais envolvidos no evento — o maior contingente já destinado a posses presidenciais.

Cleo Mazzotti, chefe da divisão de combate ao crime organizado da PF e um dos responsáveis pela operação, afirmou que a “quase a totalidade” dos alvos de hoje frequenta o acampamento bolsonarista em frente à sede do Exército em Brasília. O grupo não aceita o resultado das eleições e pede uma intervenção militar ilegal — ou seja, um golpe que impeça a posse de Lula no domingo.

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Os ataques do dia 12

Apoiadores de Bolsonaro tentaram invadir o edifício-sede da PF, depredaram a 5ª Delegacia de Polícia e levaram caos ao Setor Hoteleiro Norte (SHN) e a um trecho do Eixo Monumental, por causa da prisão do indígena José Acácio Serere Xavante, acusado de envolvimento em protestos antidemocráticos.

O grupo também incendiou veículos e causou o fechamento de um shopping. Durante os atos de violência, um projétil atingiu um quarto de um hotel da regiçao com um hóspede dentro. O InfoMoney revelou que a bala atravessou o vidro e atingiu a parede da acomodação enquanto uma pessoa dormia.

A reportagem revelou também que as redes de hotéis de Brasília ofereceram quartos para investigadores identificarem os responsáveis pela violência. A proposta foi feita durante reunião entre representantes dos hotéis, secretários distritais e a Polícia Militar, em encontro convocado pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Distrito Federal (ABIH-DF), no dia seguinte ao ataque.

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Posse de Lula

A operação desta quinta ocorre um dia após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, atender a um pedido da equipe de Lula e determinar a suspensão do porte de armas de fogo no Distrito Federal até a próxima segunda-feira (2), depois da posse do presidente eleito.

A decisão também compreende o transporte de armamento e munições e inclui os CACs (colecionadores, atiradores e caçadores), que passaram a ter acesso a armas de fogo facilitado durante o governo Bolsonaro. Quem descumprir a medida será autuado em flagrante.

Todo o efetivo das forças policiais da capital federal será utilizado no esquema de segurança planejado para a posse de Lula no domingo. A PF diz que serão mais de mil policiais federais envolvidos no evento, o maior contingente já destinado a posses presidenciais.

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Na quarta-feira (28), a PM do DF investigou — e descartou — a existência de uma bomba em uma mochila que foi abandonada no setor hoteleiro. No sábado (24), a PM desativou um dispositivo com explosivos dentro de um caminhão nas proximidades do aeroporto de Brasília.

Um homem de 54 anos, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, foi posteriormente identificado e preso. A polícia diz que George Washington de Sousa confessou ter planejado o atentado para tumultuar os preparativos para a posse de Lula.

O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que a operação de hoje visa “garantir o Estado de Direito”. “Motivos políticos não legitimam incêndios criminosos, ataques à sede da Polícia Federal, depredações, bombas. Liberdade de expressão não abrange terrorismo”.

(Com Reuters)