BNDES libera R$ 1,35 bilhão para trecho norte do Rodoanel; anúncio foi feito por Lula

Trecho é o último que falta para completar a ligação das principais rodovias que chegam à capital paulista

Lucas Sampaio

(Divulgação/Governo de São Paulo)

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai financiar com R$ 1,35 bilhão a construção do trecho norte do Rodoanel, em São Paulo. A liberação do recurso foi antecipada na manhã desta sexta-feira (2) pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante o anúncio das obras do túnel Santos-Guarujá, no litoral paulista.

O trecho norte do Rodoanel (SP-21) é o último que falta para completar a ligação das principais rodovias que chegam à capital do estado.

“O que é importante, Tarcísio, é dizer para você que o BNDES aprovou R$ 1,35 bilhão para o estado de São Paulo, para o trecho norte do Rodoanel. Logo você irá receber a notícia do Aloizio Mercadante”, disse Lula dirigindo-se ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Mercadante (PT) é o presidente do banco estatal.

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A cerimônia no Porto de Santos foi marcada por afagos entre os dois políticos, apesar de Tarcísio ser afilhado político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e também apontado como possível candidato à Presidência em 2026 — quando Lula deve tentar a reeleição.

Enquanto Lula falava sobre o passado de Tarcísio em governos petistas, uma pessoa na plateia gritou “Tarcísio, volta pro PT!”, arrancando gargalhadas de todos (veja no vídeo abaixo). O presidente então concluiu: “Eu vim aqui hoje anunciar para o Tarcísio que nós estamos juntos. Em quem ele vai votar é um problema dele. Em quem eu vou votar é um problema meu. Mas nós estamos juntos, com o compromisso de servir o povo desse estado e o povo brasileiro”.

Trecho norte do Rodoanel
O investimento de R$ 1,35 bilhão do BNDES faz parte do aporte público que compete ao estado de São Paulo na parceria público-privada (PPP) firmada com a concessionária Rodoanel Norte SPE S.A. A empresa é sociedade de propósito específico (SPE) constituída pela Via Appia FIP Infraestrutura, vencedora do leilão de concessão do trecho norte. A participação total do governo paulista nas obras é de R$ 1,5 bilhão.

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Mercadante ressaltou a importância do projeto rodoviário que circunda a cidade de São Paulo: “O trecho norte do Rodoanel é um projeto prioritário, que inclusive está em processo de inclusão no Novo Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal”, afirmou o presidente do BNDES citando o “Novo PAC”.

A projeto prevê pista dupla separada por canteiro central e controle total de acesso, mantendo o padrão dos outros trechos (oeste, sul e leste, já em operação). Ela vai possuir 19,7 km de vias em 4 faixas e outros 26,1 km de vias em 3 faixas e características para uma velocidade de 120 km/h (o limite nos outros trechos é de 100 km/h).

O trecho terá 14 túneis, totalizando 12 km de extensão (cerca de ¼ da extensão da rodovia) e 60 OAEs (obras de arte especiais). O contrato da PPP também prevê uma série de intervenções por parte da concessionária para a mitigação do impacto ambiental, com 14 passagens de fauna e 46 caixas para produtos perigosos.

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A estimativa é que cerca de 30 mil caminhões e 54 mil automóveis deixem de circular pela Marginal Tietê, por dia, quando o último trecho do Rodoanel estiver pronto. Ele também reduzirá em 21 minutos o tempo de deslocamento entre as rodovias Dutra (BR-116) e Fernão Dias (BR-381); em 26 minutos entre a Dutra e a Bandeirantes (SP-348); e em 27 minutos entre a Dutra e a Castello Branco (SP-280).

Privatização da Sabesp e da Emae
Tarcísio falou também, durante o evento em Santos, sobre a privatização da Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A., sucessora da Light e da Eletropaulo no estado) e da Sabesp (SBSP3).

Ele disse que a desestatização da Emae (EMAE4) deve sair no primeiro semestre deste ano, mas não deu uma previsão para a da Sabesp (uma operação consideravelmente maior). “Emae, sim. Sabesp vamos ver”, disse o governador ao jornal O Estado de S. Paulo, ao ser questionado se as operações sairiam na primeira metade do ano.

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A venda da Emae, empresa de águas e energia controlada pelo governo estadual, é vista como um teste para o apetite do mercado para a Sabesp.

Considerada uma das maiores empresas de saneamento do mundo em população atendida (são 28,4 milhões de pessoas abastecidas com água e 25,2 milhões de pessoas com coleta de esgoto), a Sabesp deve ser privatizada através de uma capitalização, nos mesmos moldes da Eletrobras (ELET3ELET6) no governo Bolsonaro.

Lucas Sampaio

Jornalista com 12 anos de experiência nos principais grupos de comunicação do Brasil (TV Globo, Folha, Estadão e Grupo Abril), em diversas funções (editor, repórter, produtor e redator) e editorias (economia, internacional, tecnologia, política e cidades). Graduado pela UFSC com intercâmbio na Universidade Nova de Lisboa.