Boulos diz que Nunes é “cara-de-pau” ao criticar Lula: “Não tem autoridade moral”

Pré-candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo afirma que adversário Ricardo Nunes (MDB) faz "tempestade em copo d'água" por pedido de voto de Lula durante ato com centrais sindicais

Fábio Matos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa, ao lado do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), de ato unificado organizado por centrais sindicais em comemoração ao 1º de Maio (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

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O pré-candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo (SP), Guilherme Boulos, saiu em defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acusado de ter feito campanha antecipada ao pedir votos para o deputado federal durante um evento com centrais sindicais no Primeiro de Maio, na capital paulista.

No ato com os sindicalistas, Lula recomendou voto em Boulos, que conta com o apoio do PT nas eleições de outubro deste ano. O partido indicou a ex-prefeita Marta Suplicy para compor a chapa do deputado, como vice.

O pedido de voto pró-Boulos pode configurar, em tese, propaganda eleitoral antecipada − conduta vedada pela legislação e que pode implicar cobrança de multa pela Justiça Eleitoral. A Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997) considera “propaganda eleitoral antecipada” o pedido explícito de voto antes do início do prazo autorizado pela Justiça Eleitoral para o período de campanha. Pela regra, as campanhas começam oficialmente em 16 de agosto, logo após o prazo de registro de candidaturas.

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“Eu fico estarrecido com a cara-de-pau do prefeito Ricardo Nunes. Ele está usando a máquina pública há um ano para fazer campanha eleitoral”, acusou Boulos, após participar de um encontro com estudantes da Fundação Getulio Vargas (FGV), na quinta-feira (2).

“O presidente Lula fez uma fala no evento das centrais sindicais. Não era um evento oficial do governo federal. Ele estava expressando o desejo de voto dele, o posicionamento político dele nas eleições, que não é segredo para nenhum de vocês”, tentou explicar o pré-candidato do PSOL.

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“Ele [Nunes] vai inaugurar um posto de saúde e fala mal de mim. Vai inaugurar uma rua asfaltada e fala mal de mim. Ele me ataca em eventos públicos com a estrutura da cidade de São Paulo. Ele não tem autoridade moral para acusar ninguém“, disse Boulos.

O deputado federal afirmou, ainda, que o prefeito de São Paulo tenta fazer “uma tempestade em copo d’água” e mostra “certo desespero”. “Apesar do uso da máquina de maneira violenta, [Nunes] tem dificuldade para convencer a população de que faz um bom governo“, completou Boulos.

Na quinta-feira, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), concedeu uma liminar contra Lula na ação que trata de suposta propaganda eleitoral antecipada.

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A decisão, tomada pelo juiz eleitoral Paulo Eduardo de Almeida Sorci, ocorreu em resposta à representação protocolada pelo Partido Novo, que também questionou o pedido de voto do presidente para Guilherme Boulos. A Justiça determinou que Lula deveria remover o vídeo de seu canal oficial no YouTube, o que foi acatado.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”