Oposição protocola pedido de impeachment de Lula na Câmara após fala sobre Holocausto

Deputada Carla Zambelli (PL-SP) diz que seu requerimento tem 139 assinaturas; abertura do processo depende de decisão de Arthur Lira (PP-AL)

Equipe InfoMoney

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Deputados federais da oposição protocolaram na quinta-feira (22) pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo a assessoria da deputada Carla Zambelli (PL-SP), autora da proposta, o pedido tem 139 assinaturas e mais quatro nomes serão acrescentados na segunda-feira (26).

O pedido foi apresentado após Lula comparar as ações militares de Israel na Faixa de Gaza, contra o Hamas, ao Holocausto contra judeus na 2ª Guerra Mundial. O presidente brasileiro estava em Adis Abeba, capital da Etiópia, quando criticou países desenvolvidos por reduzirem ou cortarem a ajuda humanitária na região e disse que “o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”.

Os parlamentares argumentam que o presidente infringiu artigo da Constituição Federal que prevê como crime de responsabilidade “cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade”, conforme o Artigo 5° da Constituição Federal.

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Nesta semana, ministros, deputados e senadores da base governista defenderam Lula e disseram que o presidente buscou chamar a atenção para as mortes de civis palestinos na Faixa de Gaza, não ofender ou criticar o povo judeu.

A abertura do processo depende de decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Reação de Israel

A declaração gerou forte reação do governo israelense, que mantém uma ampla ofensiva militar no enclave palestino, após o Hamas invadir o país em 7 de outubro de 2023, matar 1,2 mil pessoas e sequestrar outras 253. Desde então, os ataques israelenses devastaram a Faixa de Gaza, matando mais de 29 mil pessoas e forçando a maioria dos 2 milhões de habitantes do território palestino a deixarem suas casas.

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No mesmo dia, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que Lula “cruzou uma linha vermelha” e que a declaração era “vergonhosa e grave”. “Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender”, publicou Netanyahu.

Na sequência, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, afirmou que o presidente brasileiro havia se tornado “persona non grata em Israel até que retire o que disse”. Dias depois, o chanceler chamou a comparação de Lula de “promíscua” e “delirante” e questionou: “Como ousa comparar Israel a Hitler?”.

Lula não se retratou, e o governo brasileiro decidiu chamar para consultas o embaixador em Israel, Frederico Meyer, e ao mesmo tempo convocar o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, para dar explicações. Além disso, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, criticou a postura do seu colega israelense.

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Lula volta à carga

Na noite desta sexta-feira (23), Lula voltou a falar sobre a guerra, ao discursar no lançamento do programa Petrobras Cultural, no Rio de Janeiro. Ele classificou o conflito militar como genocídio e responsabilizou o governo israelense pela matança que já vitimou cerca de 30 mil civis, principalmente mulheres e crianças palestinas.

“Quero dizer para vocês, agora: eu não troco a minha dignidade pela falsidade. Quero dizer a vocês que sou favorável à criação do Estado Palestino livre e soberano. Que possa, esse Estado Palestino, viver em harmonia com o Estado de Israel. E quero dizer mais: o que o governo de Israel está fazendo contra o povo palestino não é guerra, é genocídio, porque está matando mulheres e crianças“, afirmou Lula.

“Não tentem interpretar a entrevista que eu dei na Etiópia. Leia a entrevista ao invés de ficar me julgando pelo que disse o primeiro-ministro de Israel. São milhares de crianças mortas e desaparecidas. E não está morrendo soldado, estão morrendo mulheres e crianças dentro de hospital. Se isso não é genocídio, eu não sei o que é genocídio”, prosseguiu o presidente, que depois reiterou a declaração em suas redes sociais.

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(Com Agência Brasil)

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