Lula: “No meu governo, é proibido falar que dinheiro da educação é gasto”

"Tem muita gente acostumada a que o dinheiro todo vá para uma parte da população. O restante, se passar fome, não tem problema", disse o presidente

Fábio Matos

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, nesta terça-feira (12), do anúncio da construção de 100 institutos federais até o fim do seu mandato, em 2026. O evento foi realizado no Palácio do Planalto e contou com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), entre outras autoridades.

Em seu discurso, Lula disse que proibiu os ministros do governo de classificarem como “gasto” os investimentos da União em educação. “No meu governo, é proibido falar que dinheiro da educação é gasto. É o mais importante investimento que um país pode fazer. Educação, formar os nossos filhos e filhas, dar tranquilidade aos pais dentro de casa, não é gasto.”

Segundo o presidente da República, muitas vezes o governo é criticado por investir na área social, mas isso continuará acontecendo, especialmente na educação. “Vamos dar dinheiro [para a educação]. Nós queremos que vocês estudem e sejam motivo de orgulho para o pai e a mãe de vocês”, disse Lula, dirigindo-se a estudantes da rede pública de ensino que acompanhavam a cerimônia.

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“É com base no investimento na educação que podemos ter a certeza de que este país vai chegar ao Primeiro Mundo, um país desenvolvido, um país composto em sua maioria por gente de classe média. Nós não fizemos opção por ser pobre. Aliás, ninguém gosta de ser pobre. Todos nós nascemos para ter acesso a tudo aquilo que a gente produz”, prosseguiu Lula. “Uma profissão dá a um homem e a uma mulher um status de cidadania que, sem educação, a gente não conquista.”

Com cursos gratuitos, os institutos federais devem oferecer educação básica e superior e serão especializados no ensino profissional e tecnológico. As instituições farão parte da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, criada em 2008.

Ao todo, os novos institutos irão abrir 140 mil novas vagas. Segundo o Planalto, haverá obrigatoriedade legal de garantir pelo menos 50% das vagas para a oferta de cursos técnicos de nível médio, principalmente de forma integrada com o ensino médio.

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Mil gols e mil institutos federais

Durante seu pronunciamento, Lula brincou com a plateia e fez mais uma das tradicionais alusões ao futebol brasileiro, um de seus temas favoritos. O petista citou ex-jogadores como Romário e Túlio, que alegam ter marcado mais de mil gols na carreira. Ele também mencionou Pelé (1940-2022), que fez 1.283 gols, e emendou a promessa de somar mil institutos federais construídos no Brasil em seus governos.

“Eu lembro da loucura do Túlio Maravilha tentando marcar mil gols, do Romário tentando marcar mil gols, da festa do Pelé pelos mil gols. Por que não podemos marcar mil institutos técnicos neste país?”, indagou Lula. “Temos a nossa meta de marcar os mil gols. E os nossos mil gols serão para construir mil institutos federais neste país.”

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“Gente raivosa”

Em sua fala, o presidente da República também saudou o Congresso Nacional e agradeceu aos deputados e senadores pelo apoio a uma série de projetos encaminhados pelo governo na área social. Vários parlamentares acompanharam a cerimônia no Planalto – entre eles, inclusive, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), ferrenho opositor de Lula e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que será presidente da Comissão de Educação na Câmara.

“Nós queremos compartilhar com vocês [parlamentares] essas coisas bem sucedidas que estão acontecendo em nosso país. Não é um mérito pessoal. É uma luta coletiva”, afirmou Lula. “Para vencer, a luta não é fácil. Tem muita gente acostumada a que o dinheiro todo vá para uma parte da população. O restante, se passar fome, não tem problema. O mundo é tão ingrato que hoje tem 735 milhões de pessoas que vão dormir toda noite com fome”, afirmou o presidente. “Essa falta de fraternidade é que está criando um mundo com gente raivosa.”

Ministro da Educação

Em discurso que antecedeu ao de Lula, o ministro da Educação destacou o compromisso do governo “com a educação pública, gratuita e de qualidade”. “Uma das primeiras ações foi reconstruir várias das políticas públicas que foram desmontadas nos últimos anos”, afirmou Camilo Santana. “Voltar a ter diálogo dentro do MEC. Nós somos uma rede que precisa do regime de colaboração entre estados, municípios e a União.”

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Segundo Camilo, o governo Lula tem “um desafio enorme” pela frente nessa área. “Queremos que a criança e o jovem tenham vontade de ir à escola. Os institutos federais são uma das mais exitosas políticas públicas de educação neste país.”

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Além do InfoMoney, teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”.