Governo recebe 30 mil denúncias sobre bolsonaristas golpistas de ato em Brasília

Endereço de e-mail criado pelo Ministério da Justiça é o denuncia@mj.gov.br

Anderson Figo

Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Ministério da Justiça e Segurança Pública recebeu 30 mil denúncias e informações sobre os bolsonaristas golpistas que invadiram e destruíram os prédios do Supremo Tribunal Federal (STF), do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto no último domingo (8).

O balanço foi divulgado pelo secretário de Acesso à Justiça, Marivaldo Pereira, que disse que neste primeiro momento as apurações darão prioridade a identificar quem financiou a ida dos vândalos à Brasília.

As informações podem ser enviadas para denuncia@mj.gov.br e vão ajudar a Polícia Federal nas investigações. O endereço de e-mail foi criado ontem pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Vandalismo

Nas sedes dos Três Poderes, no domingo, os vândalos quebraram vidraças, arrancaram e quebraram poltronas, equipamentos eletrônicos, destruíram e roubaram obras de arte, provocaram fogo para acionar o sistema anti-incêndio, que inundou as instalações, e chegaram até mesmo a urinar e defecar nos espaços públicos. Apenas o Senado e a Câmara estimaram hoje um prejuízo de cerca de R$ 7 milhões para a reparação do que foi danificado.

O ato golpista gerou o afastamento do governador do DF, Ibaneis Rocha, e a demissão do então secretário de segurança pública do DF, Anderson Torres, que está nos Estados Unidos — onde também se encontra o ex-presidente Bolsonaro. O ministro da Justiça, Flávio Dino (MDB), disse ontem (9) que as investigações da Polícia Federal vão determinar as responsabilidades de todos nos acontecimentos do fim de semana.

Nesta terça-feira (10), o sub-procurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas de União (MPTCU), Lucas Rocha Furtado, pediu ao ministro Bruno Dantas, presidente do TCU, o bloqueio de bens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança pública do DF, Anderson Torres.

O documento afirma que o objetivo do bloqueio é garantir o ressarcimento público pelos danos causados. Ontem, Ibaneis publicou um vídeo no qual pediu desculpas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aos presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF) pela invasão às sedes dos Três Poderes na capital federal.

Em uma rede social, Bolsonaro comparou o vandalismo golpista praticado em Brasília a manifestações da esquerda no passado e disse que repudia “acusações sem prova”. A destruição provocada por fanáticos do ex-presidente no último domingo foi sem precedentes na história democrática do Brasil.

Diante da urgência do ato golpista, Lula decretou no domingo a intervenção federal na segurança do DF, que foi aprovada pelo Senado nesta terça-feira. Lula chamou os golpistas de “vândalos” e “fascistas” e afirmou que todos os envolvidos nas depredações ao patrimônio público serão identificados e punidos. Veja aqui o que significa na prática uma intervenção federal.

Na segunda-feira, o presidente da República e os presidentes do Senado, da Câmara e do STF soltaram uma nota conjunta em defesa da democracia, e o acampamento bolsonarista em frente ao QG do Exército em Brasília foi desmontado. Segundo Flávio Dino, cerca de 1.500 pessoas foram presas pelos atos de domingo, mas novas prisões serão feitas nos próximos dias, incluindo as dos financiadores do vandalismo.

Hoje, o ministro Alexandre de Moraes reforçou o coro e disse que o Judiciário e o STF, com o apoio da Polícia Federal, irão punir todos os responsáveis pelos ataques às sedes dos Três Poderes. Em discurso na cerimônia de posse do novo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, Moraes, que é relator do inquérito dos atos antidemocráticos, ressaltou que é preciso combater firmemente terroristas e pessoas antidemocráticas.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.