Como o Brasil e o mundo estão repercutindo a saída de Sergio Moro do governo

No Brasil, autoridades do mundo político se posicionam sobre saída de Moro nas redes sociais
(Isaac Amorim/MJSP)

SÃO PAULO – O pedido de demissão do ex-juiz Sergio Moro do comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública do governo Jair Bolsonaro, nesta sexta-feira (24), gerou repercussão entre autoridades dos mundos político e econômico, bem como na imprensa internacional.

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Isso porque, além de afirmar ter sido pego de surpresa com a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, nome de sua confiança, Moro disse que não endossou a decisão. “Fiquei sabendo [da exoneração] pelo Diário Oficial, não assinei esse decreto”, afirmou em coletiva de imprensa, nesta manhã.

Durante o discurso, o ex-ministro ainda revelou uma “insistência” de Bolsonaro em interferir diretamente na atuação da Polícia Federal. Leia mais aqui.

Em resposta ao discurso de Moro, o presidente Jair Bolsonaro convocou, para esta tarde, às 17h, uma coletiva de imprensa.

A saída do ex-juiz e, agora, ex-ministro da Justiça reforça a dificuldade que o presidente vem enfrentando na articulação política, em meio à pandemia de coronavírus. Na última sexta-feira (17), Luiz Henrique Mandetta, então ministro da Saúde, foi demitido após desentendimentos com Bolsonaro em relação às medidas tomadas pra conter o avanço da crise.

O InfoMoney mostra a seguir como autoridades estão se posicionando em relação à saída e às declarações de Moro em suas redes sociais, e como a decisão está sendo repercutida ao redor do mundo. Confira.

Autoridades, partidos políticos e instituições

No mundo político, enquanto uns lamentam a saída do ex-ministro, agradecendo o trabalho feito por Moro, outros criticam a postura de Bolsonaro.

Luis Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal (SFT) e próximo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), comentou em live promovida pela XP nesta manhã a saída de Moro.

“Sergio Moro é a face da Lava Jato, que foi uma mudança de paradigma. A corrupção era a regra do jogo. Em toda negociação relevante havia um desvio de dinheiro, cultura essa que nos atrasou na história. E isso [saída do juiz] revela um certo arrefecimento desse esforço de transformação no Brasil. Mas a história seguirá seu curso independentemente de A ou B”, disse.

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No Twitter, os governadores dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, bem como partidos políticos e autoridades como o presidente nacional da Organização dos Advogados do Brasil (OAB), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, entre outros, se posicionaram. Confira:

Repercussão mundo afora

A renúncia do ex-ministro também foi pauta das discussões ao redor do mundo, com cientistas políticos citando o episódio como uma manobra arriscada em meio ao coronavírus, e veículos de imprensa internacionais relembrando o papel de Moro na Lava Jato.

Em sua conta no Twitter, Ian Bremmer, presidente e fundador da consultoria de risco político Eurasia, também comentou o episódio: “O ministro da Justiça Sergio Moro pediu demissão após Bolsonaro demitir o chefe da Polícia Federal, porque investigações estavam chegando muito perto da família do presidente. Moro forneceu credibilidade anti-corrupção para a Administração. Mudança perigosa em meio a uma pandemia mal administrada”, publicou.

Na imprensa internacional, veículos como os ingleses The Guardian BBC, o americano New York Times e o argentino Clarin noticiaram a saída de Moro. Confira:

The Guardian

O jornal britânico se referiu ao ex-ministro como um herói para os brasileiros de direita e uma figura de “ódio” para muitos da esquerda. “Com Lula de lado, Bolsonaro obteve uma vitória esmagadora ao se comprometer com o combate à corrupção e apontou Moro apenas alguns dias depois como um símbolo poderoso de suas supostas intenções”, escreveu o veículo, em seu site.

BBC

Na BBC, de Londres, a notícia é que de que Moro fez um discurso condenatório, acusando o presidente Bolsonaro de se intrometer nos esforços da Polícia Federal para combater a corrupção.

“Visto como um cruzado contra a corrupção, ele era uma estrela quando Bolsonaro o convidou para participar do governo. Anteriormente, Moro supervisionou uma enorme investigação sobre corrupção, que expôs bilhões de dólares em subornos e terminou na prisão de muitos empresários e políticos poderosos, incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.”

New York Times

“Sergio Moro, um ex-juiz que se tornou o rosto de uma poderosa repressão anticorrupção que varreu a América Latina, renunciou em protesto nesta sexta-feira depois que o presidente Jair Bolsonaro demitiu o diretor da Polícia Federal”, escreveu o The New York Times.

O jornal americano também citou o discurso de renúncia, em que Moro “contou em detalhes o que chamou de sua conversa final e tensa com o presidente”.

“Moro, 47, foi o líder mais visível de uma investigação de corrupção que começou no Brasil em 2014 e se espalhou por toda a região, levando à prisão de presidentes e poderosos magnatas dos negócios”, destacou o jornal, que citou a prisão do ex-presidente Lula.

Clarin

“A renúncia de Moro, que era um dos ministros mais populares do governo, comoveu o país, indignou simpatizantes do próprio governo e provocou outra vez panelaços em protesto em diversas cidades, que exigiam a saída do presidente”, escreveu o jornal argentino.

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.