Comércio, trabalhadores e indústria esperam mais cortes nos juros

Para representantes dos trabalhadores, apesar de positivo, corte foi tímido e insuficiente para aquecer o consumo

Fabiana Pimentel

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SÃO PAULO – De modo geral, representantes de todos os setores produtivos acreditam que o corte de 0,75 ponto percentual da Selic, a taxa básica de juro, foi bem-vindo.

Entretanto, especialmente para a indústria e a classe trabalhadora, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) deveria promover uma redução mais intensa, para acelerar a retomada do crescimento econômico

Comércio: fôlego para o consumidor
Para os representantes do comércio no Brasil, a redução da Selic começa a alterar a história do País, que possui o juro real mais alto do mundo.

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A CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), por exemplo, avaliou que a redução dos juros básicos a 9% ao ano, é um importante passo para que o Brasil consiga enterrar de vez o fantasma do juro real mais alto do mundo. “Com as condições que se criaram, com inflação sob controle e cenário externo ainda em fraca expansão, temos o melhor momento para reduzir as taxas de juros, e é isso que o Banco Central está fazendo. A depender do que será feito na próxima reunião, em maio, o Copom estará a um passo de fazer história”, afirma o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior.

De acordo com a Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), o novo corte é fundamental para que o governo possa continuar pressionando as instituições financeiras por uma redução do spread bancário e do custo de crédito para as pessoas físicas.

Já a Fecomércio-RJ afirma que também concorda com a decisão do Banco Central. Na opinião do presidente da entidade, Orlando Diniz, além da persistência de um quadro de moderação da atividade global, a economia doméstica continua a crescer abaixo do seu potencial, a inflação a se comportar de forma favorável e o consumo das famílias, principal pilar do desenvolvimento do País no passado, a dar sinais de acomodações. “Esperamos, portanto, que esta redução, somada aos efeitos cumulativos das decisões anteriores, permita uma retomada mais vigorosa da economia brasileira ao final do segundo trimestre, especialmente no que diz respeito ao mercado de trabalho e ao desempenho do comércio de bens, serviços e turismo. Além disso, o corte de hoje representa uma economia de quase R$ 8 bilhões com o pagamento do serviço da dívida e vem a somar para o processo de consolidação fiscal”, completa.

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Indústria acredita que ainda há espaço para novos cortes
Apesar de avaliar como positiva a decisão do Copom, os representantes da indústria, de modo geral, acreditam que ainda há espaço para novos cortes na taxa básica de juros.

Ao avaliar a redução da taxa Selic, a CNI (Confederação Nacional da Indústria), um dos principais representantes da indústria, afirmou que o Copom (Comitê de Política Monetária) acertou mais uma vez ao reduzir a Selic em 0,75 ponto percentual. Ainda assim, a Confederação afirma que com a taxa de juros no patamar de 9% ao ano, o próximo passo é atuar na redução dos spreads bancários. “Retomar essa agenda é crucial para que o custo do capital aos tomadores de empréstimos seja menos punitivo à produção e para que a economia brasileira se aproxime dos padrões internacionais de financiamento”.

Na opinião de Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a queda dos juros precisa chegar também aos tomadores finais.

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Segundo ele, “o Banco Central vem baixando os juros há seis meses. Nesse contexto, os bancos devem baixar a taxa de juros para as pessoas físicas e jurídicas. É preciso estimular o crédito para sustentar o crescimento econômico e a geração de empregos no Brasil”, explica.

Consideração parecida tem a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), a Federação insiste que a redução da taxa Selic deve ser acompanhada de reformas institucionais que permitam perene redução dos custos de produção e aumento da produtividade do trabalho, conforme tendência mundial. Nesse sentido, seria extremamente oportuna uma agenda de aprovação de projetos que já estão em tramitação no Congresso Nacional, como a extinção da multa de 10% do FGTS paga ao governo, a eliminação da incidência tributária em cascata sobre os bens industriais e a redução dos encargos sobre a energia elétrica.

Trabalhadores: pequena queda
A Força Sindical mantém a mesma avaliação dos cortes anteriores na Selic. Para eles, a redução 0,75 ponto percentual é “extremamente tímida” e insuficiente para aquecer o consumo, gerar empregos e melhorar o PIB (Produto Interno Bruto).

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Na opinião da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) ainda há espaço para maior redução da taxa básica, de forma a se aproximar dos níveis internacionais, e que é imprescindível forçar o sistema financeiro nacional a também baixar o spread e suas taxas de juros. “Embora a nova queda da Selic seja um passo positivo, o Brasil continua com uma das maiores taxas de juros do mundo. Em 2011, o Tesouro desembolsou R$ 236,6 bilhões para pagar os juros da dívida pública, o que é o maior programa de transferência de renda do governo, beneficiando os mais ricos”, afirma o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.

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