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O general da reserva Walter Braga Netto (PL), ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL), prometeu um cargo no governo federal, a quatro dias do fim do mandato do então presidente da República, “se continuarmos”.
A informação está em um documento de 27 de dezembro de 2022, revelado nesta quarta-feira (14) pelo g1 e pela GloboNews. Nele consta que Braga Netto recebeu, de um assessor de Bolsonaro chamado Sérgio Rocha Cordeiro, o currículo de uma mulher.
Cordeiro pergunta ao general para onde poderia enviar “esse currículo de uma amiga aqui em Brasília”, e Braga Netto responde: “Se continuarmos, poderia enviar para a Sec. Geral. Fora isso vai ser fod*”.
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A troca de mensagens indica que Braga Netto falava em continuar no poder, mesmo depois de perder a eleição, faltando apenas cinco dias para a posse do então presidente eleito – e já diplomado –, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Lula e o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), tomaram posse em 1º de janeiro de 2024, sem a presença da dupla derrotada, e ocupam desde então o Palácio do Planalto. Sete dias depois da posse, apoiadores do ex-presidente invadiram a sede dos Três Poderes, em Brasília, e deixaram um rastro de destruição.
Bolsonaro não passou a faixa presidencial para Lula, porque três dias depois do documento (e na véspera do fim do seu mandato), viajou para os Estados Unidos – e só voltou após três meses. Já Braga Netto, que havia deixado o cargo ministro da Defesa em março de 2022 para concorrer como vice, permaneceu no Brasil.
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Condenação no TSE
Junto com Bolsonaro, o general foi condenado pelo plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 31 de outubro do ano passado, por abuso de poder político, uso indevido de meios de comunicação e conduta vedada nas comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil, no 7 de Setembro de 2022, a poucas semanas das eleições.
O voto do relator da ação no TSE, o corregedor-geral Benedito Gonçalves, inicialmente não condenava Braga Netto. Mas a maioria do plenário o considerou culpado, e Gonçalves apresentou uma complementação de voto, prevendo a condenação do general.
Operação da PF
Tanto Bolsonaro quanto Braga Netto foram alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) na semana passada, para investigar se houve uma tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito em 2022.
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Entre os alvos também da operação, batizada como Tempus Veritatis, também estão: Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), que foi preso (e solto dias depois); o general da reserva Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); o general da reserva Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa (que sucedeu Braga Netto) e ex-comandante do Exército; e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, além de diversos militares e assessores de Bolsonaro.