Apesar de situação delicada, Waldir Maranhão não desiste da presidência da Câmara

Nos bastidores, nome de Júlio Lopes ganha força como possível substituto; turma do "deixa disso" entra em ação

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Depois da decisão monocrática de suspender o resultado da votação do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff ocorrida em sessão plenária da Câmara dos Deputados em 17 de abril, a situação do presidente interino da casa se deteriorou rapidamente. Se antes já se falava em forçar a renúncia a Waldir Maranhão (PP-MA) ou mesmo alternativas para afastá-lo do comando eram discutidas pelas mais diversas lideranças do parlamento, o deputado agora enfrenta crescente resistência da oposição ao atual governo e também em sua própria sigla.

“Ele desrespeitou o fechamento de questão do partido durante a votação do impeachment, quando decidiu apoiar o governo após negociar com o ex-presidente Lula. Agora, ele desrespeitou novamente. Não está em sintonia com a bancada, ficou insustentável”, afirmou um correligionário. Para ele, a bancada deverá manter a pressão para que Maranhão renuncie ao cargo de vice-presidente da mesa diretora da Câmara, e eventualmente seja expulso da sigla.

Nos bastidores, o nome do deputado Júlio Lopes (PP-RJ) ganha força para substituir o atual vice. “Há opções, mas certamente Júlio é um grande nome”, afirmou parlamentar da sigla em conversa com esta reportagem. Existe um entendimento na casa de que, por ser a maior bancada do bloco majoritário, o PP tem direito a indicar um substituto caso Maranhão renuncie. A executiva da sigla se reuniria hoje para falar sobre o destino de Maranhão, mas o encontro foi suspenso e remarcado para amanhã, às 10h, e deverá contar com a participação do próprio deputado.

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Mais conciliadora tem sido a posição do deputado Ricardo Barros (PP-PR), voz experiente no partido. Pouco depois de encontrar o presidente interino da casa, o deputado paranaense disse que Maranhão não irá renunciar ao cargo apesar da pressão. “Por que só ele renunciaria?”, disse em referência ao presidente afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e à própria presidente da República, Dilma Rousseff.

De acordo com o deputado, Maranhão explicará à bancada sua decisão tomada sem consulta aos pares, e haverá um esforço de conciliação. Os esforços são para que haja um entendimento interno na sigla, o que não será tarefa fácil. O sentimento de traição é grande, uma vez que o presidente interino agiu em favor do governo, após sentar para conversar com o governador de seu estado, Flávio Dino (PCdoB), e o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo.

Conta o portal Estadão que o presidente chegou ao gabinete nesta terça-feira com uma carta e um pedido de desculpas aos parlamentares, admitindo o erro pela anulação do processo de impeachment de Dilma. Os membros da mesa já estavam preparados para pressionar sua renúncia e o deputado foi “bombardeado” durante a conversa, segundo fontes ouvidas pelo jornal. Maranhão resiste à ideia de renunciar, mas a pressão é forte. Próximo na linha sucessória, o deputado Giacobo (PR-PR) diz que já conta com o apoio de todos os membros titulares da mesa.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.