XPPR11, TORD11, HCTR11 e IBCR11: FIIs de “papel”, lajes e híbridos estão entre os mais baratos da B3

Ganharam espaço na lista da Órama fundos que desvalorizaram por questões conjunturais - como a deflação do último trimestre - ou específicas do portfólio

Mariana Segala

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Quatro fundos imobiliários de “papel”, de lajes corporativas e híbridos estão entre os mais baratos da B3 atualmente, segundo um relatório elaborado pela Órama Investimentos. As carteiras em questão são as do XP Properties (XPPR11), do Tordesilhas (TORD11), do Hectare (HCTR11) e do CRI Integral Brei (IBCR11).

O levantamento mensal, intitulado “Quem tá barato”, cruza dois indicadores para apontar os FIIs mais descontados do mercado. Um é a taxa de retorno com dividendos (dividend yield) e o outro é o P/VPA (preço sobre o valor patrimonial) do fundo. O P/VPA compara as cotações praticadas na Bolsa com o valor patrimonial do FII, considerado o seu preço “justo”.

As notas do ranking da Órama procuram ajudar o investidor a selecionar melhor os fundos imobiliários em meio ao grande número de carteiras disponíveis para negociação. Atualmente, existem 441 FIIs listados na B3. Quanto mais alta a nota, melhor é a relação entre os dividendos pagos pela carteira e o preço da cota negociada na Bolsa, segundo a corretora.

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Dos 30 fundos pinçados pela Órama, o fundo de lajes corporativas XPPR11 é o que apresenta a maior nota – ou seja, é o que está mais barato relativamente aos dividendos que proporciona aos cotistas. Neste ano, o FII registra desvalorização das cotas.

A movimentação de locatários e o nível de absorção dos estoques de áreas vagas seguem aquém das expectativas do mercado no geral, informa o relatório gerencial de outubro do XPPR11, publicado na semana passada. É, segundo o documento, um legado da pandemia de coronavírus, com a otimização de custos pelas empresas, adoção do home office e de sistemas híbridos de trabalho, revisão do planejamento estratégico das companhias, processos decisórios mais lentos diante do contexto de incerteza, entre outros.

O fundo destacou ainda a pressão do contexto macroeconômico desfavorável, com pressão inflacionária global, incertezas sobre os rumos da economia doméstica e encarecimento das linhas de crédito. Fora isso, “o fundo sofreu impactos da exacerbação da concorrência decorrente do excesso de oferta de espaços e pressão baixista de preços, principalmente nas regiões de Alphaville e de São Paulo”. A vacância do FII está em 48% atualmente.

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Dada a situação, o XPPR11 está em tratativas comerciais com um investidor para fazer a venda de participações em quatro imóveis em São Paulo, com o intuito de reduzir sua alavancagem. Os imóveis em negociação são lajes no Edifício Faria Lima Plaza, localizado na Avenida Brigadeiro Faria Lima, na capital paulista; no Edifício Módulo Rebouças, da Rua Capote Valente; no Edifício Box 298, localizado na Rua Wisard; e também no Edifício iTower, integrante do condomínio Iguatemi Alphaville, situado no município de Barueri.

Confira os cinco fundos de lajes corporativas destacados no relatório da Órama:

Lajes corporativas

Fundo  Ticker Taxa de retorno com dividendos (dividend yield em 12 meses)  P/VPA Nota
XP PROPERTIES XPPR11 13,56% 0,5 2,74
REC RENDA IMOBILIÁRIA RECT11 11,09% 0,6 1,85
AUTONOMY EDIFÍCIOS CORPORATIVOS AIEC11 12,28% 0,74 1,66
BTG PACTUAL CORPORATE OFFICE BRCR11 9,29% 0,63 1,48
RBR PROPERTIES RBRP11 9,35% 0,68 1,38

Também estão entre os fundos com maiores notas no ranking da corretora dois de “papel”, que investem em títulos de renda fixa atrelados a índices de inflação e à taxa do CDI (certificados de depósito interbancário). Quando o indexador do título sobe, a receita desse tipo de fundo cresce e os dividendos pagos aos investidores podem ser elevado – mas o contrário também é verdadeiro.

A dinâmica do FII de “papel” (ou de recebíveis, como são chamados) determina que quando o indexador do título cai – como ocorreu com o IPCA entre julho e setembro, quando o índice oficial de preços do País apresentou deflação – a receita do fundo encolhe e acaba refletindo nos dividendos pagos aos investidores. Por isso, muitos fundos do tipo desvalorizaram – ou ficaram mais baratos.

Confira os fundos de recebíveis e de outras categorias destacados no relatório:

Recebíveis 

Fundo  Ticker Taxa de retorno com dividendos (dividend yield em 12 meses)  P/VPA Nota
HECTARE CE HCTR11 17,16% 0,84 2,04
CRI INTEGRAL BREI IBCR11 18,36% 0,91 2,01
URCA PRIME RENDA URPR11 19,22% 1,01 1,9
DEVANT RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS DEVA11 16,36% 0,88 1,86
CARTESIA RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS CACR11 17,80% 0,98 1,81


Logística

Fundo  Ticker Taxa de retorno com dividendos (dividend yield em 12 meses)  P/VPA Nota
BLUEMACAW LOGÍSTICA BLMG11 12,03% 0,9 1,34
PÁTRIA LOGÍSTICA PATL11 9,09% 0,79 1,15
RBR LOGÍSTICA RBRL11 9,21% 0,81 1,13
VOTORANTIM LOGÍSTICA VTLT11 10,35% 0,92 1,12
GUARDIAN LOGÍSTICA GALG11 10,53% 0,94 1,12

Shopping center

Fundo  Ticker Taxa de retorno com dividendos (dividend yield em 12 meses)  P/VPA Nota
HSI MALLS HSML11 8,47% 0,9 0,94
VINCI SHOPPING CENTERS VISC11 7,76% 0,95 0,82
HEDGE BRASIL SHOPPING HGBS11 7,45% 0,92 0,81
XP MALLS XPML11 7,93% 1,01 0,79
MALLS BRASIL PLURAL MALL11 7,99% 1,02 0,78

Híbrido

Fundo  Ticker Taxa de retorno com dividendos (dividend yield em 12 meses)  P/VPA Nota
TORDESILHAS EI TORD11 12,09% 0,57 2,13
RIZA ARCTIUM REAL ESTATE ARCT11 17,77% 0,97 1,82
SANTANDER RENDA DE ALUGUÉIS SARE11 10,65% 0,74 1,44
RIO BRAVO RENDA VAREJO RBVA11 12,58% 0,92 1,36
TG ATIVO REAL TGAR11 13,47% 1,07 1,26

Fundo de Fundos (FoFs)

Fundo  Ticker Taxa de retorno com dividendos (dividend yield em 12 meses)  P/VPA Nota
MORE REAL ESTATE FOF MORE11 11,69% 0,81 1,44
BLUEMACAW RENDA+ FOF BLMR11 12,41% 0,88 1,41
BRASIL PLURAL ABSOLUTO BPFF11 11,66% 0,88 1,33
RIO BRAVO FUNDO DE FUNDOS RBFF11 10,78% 0,81 1,33
MOGNO FOF MGFF11 10,69% 0,8 1,33

Fonte: Órama Investimentos. Obs: Quanto mais próximo de 1 estiver o P/VPA, mais perto do valor justo estará a cota do FII. Acima deste patamar, o papel é negociado com ágio e, abaixo, com desconto.

A Órama pondera que utiliza dados passados para composição do ranking, o que não representa garantia para ganhos futuros. O relatório mensal da corretora leva em consideração apenas os fundos com liquidez média diária acima de R$ 300 mil.

O estudo lembra ainda que a escolha de um fundo imobiliário também precisa levar em consideração a qualidade dos ativos, a experiência do time de gestão e a perspectiva da carteira diante do cenário macroeconômico.

Mariana Segala

Editora-executiva do InfoMoney