SÃO PAULO – O movimento cambial, com valorização de 5,5% do dólar em relação ao real, parece ter sido o grande tema do mês de novembro. E a Verde, gestora de Luis Stuhlberger, credita o evento a uma espécie de “soma de todos os medos”.
Em carta aos cotistas do fundo Verde, a gestora menciona como elementos de tensão o resultado decepcionante do leilão de cessão onerosa, assim como números de balança comercial mostrando deterioração preocupante do saldo ao longo dos últimos meses – “números que se revelaram, nos últimos dias, errôneos”, destaca a casa.
Uma revisão metodológica por parte do Banco Central na conta corrente e as manifestações em países vizinhos, como Chile e Colômbia, com impacto nas moedas, também foram citados como parte dos medos que se refletiram no câmbio e também nas curvas de juros, pondo em questão os cortes ainda precificados, assinala a Verde.
A avaliação da casa, contudo, é que a maioria dos medos é “infundada ou falsa”.
“O leilão foi um evento de fluxo pontual e de fato decepcionou. A revisão da conta corrente foi em grande parte apenas contábil, sem reflexo nos fluxos, e, na nossa visão, o mercado focou apenas no lado negativo da mudança (a ampliação do fluxo de investimento direto não mereceu o mesmo destaque). Os dados de exportação estavam errados. E, por fim, vemos pouco espaço, dada a retomada do crescimento, para manifestações políticas similares a de outros países da região”, assinala a gestora de Luis Stuhlberger.
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Apesar das afirmações, a gestora informou ter zerado a posição vendida (com aposta na queda) no dólar contra o real, ressaltando que vê a moeda brasileira levemente desvalorizada em relação às suas métricas de valor justo.
No zero a zero em novembro
Os ganhos obtidos com as posições em títulos prefixados e no portfólio de ações brasileiras não foram suficientes para evitar um mês sem graça para o fundo Verde.
Com perdas na posição em juro real e na exposição vendida em dólar em relação ao real, o Verde encerrou novembro no zero a zero, perdendo, portanto, do CDI (0,38%). No acumulado de 2019, contudo, o fundo segue superando o referencial, com valorização de 11,19%, ante um CDI de 5,57%.
Na carta aos cotistas, o Verde informou que reduziu sua posição em ações brasileiras no começo do mês, mas voltou a aumentar no fim de novembro, mantendo em torno de 20% do portfólio atual. A pequena exposição em ações fora do Brasil foi mantida.
Em moedas, além de zerar a posição vendida no dólar, a exposição comprada na libra foi mantida. Já na parte de renda fixa, apesar das perdas, a posição aplicada em juro real foi mantida, assim como a proteção na parte curta da curva de juros prefixados. Por fim, a posição tomada em inclinação de juros nos EUA foi reduzida.
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