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“Primo americano” do Tesouro IPCA+ ganha espaço na carteira da Verde: vale trocar?

Diferença de rendimento entregue pelos papéis agora está abaixo do patamar visto nos últimos 10 anos e abriu uma oportunidade para investidores, mas é preciso cautela com os efeitos do câmbio; entenda

Bruna Furlani

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A Verde Asset Management gerou discussões em algumas mesas de operação nesta semana e fez investidores revisitarem planilhas após anunciar que havia zerado uma posição em títulos públicos atrelados à inflação (Tesouro IPCA+), substituindo por uma alocação no “primo americano” Treasury Inflation-Protected Securities (TIPS).

TIPS são papéis do Tesouro dos Estados Unidos com prazo de até 30 anos e que oferecem pagamento de juros semestrais. Já o principal, a ser resgatado no vencimento, é corrigido pela inflação. No caso da gestora de Luis Stuhlberger, a escolha foi por vencimentos de cinco e 10 anos.

“O objetivo é ter o mesmo ativo, saindo um pouco desse risco que está por vir nos próximos dois anos”, resumiu o gestor. A posição em TIPS representa 40% do patrimônio líquido do fundo agora, enquanto a alocação em NTN-Bs foi praticamente zerada, contra uma exposição que chegou a representar 27% do patrimônio líquido anteriormente.

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A alteração teve como motivação as mudanças feitas em abril pelo Governo nas metas de superávit primário para 2025 e 2026, o que fez com que o arcabouço fiscal virasse uma “peça de ficção”, como defendeu Stuhlberger, de forma bastante crítica, na ocasião.

Mas, para investidores em geral, a troca também pode fazer sentido?

Oportunidade em TIPS

Em live promovida por InfoMoney e XP na última quarta-feira (8), Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head do research da XP, afirmou que, após estudar o rendimento oferecido por papéis do Tesouro IPCA+ e pelas TIPS nos últimos 10 anos, notou que os títulos atrelados à inflação brasileiros pagavam cerca de 4,5 pontos percentuais a mais do que as TIPS. Hoje, no entanto, essa diferença havia caído para cerca de 4 pontos percentuais.

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Atualmente, o Tesouro IPCA+ oferece juro real acima de 6%, e TIPS entregam retornos entre 2% e 2,5% acrescidos à inflação americana. “É uma oportunidade sim”, falou o executivo, ao ser questionado se era um bom momento de entrada.

Ainda que as taxas reais dos títulos do Tesouro IPCA+ tenham subido nesta quinta-feira (9) após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), a XP destaca que não houve uma mudança significativa na diferença vista entre os rendimentos do papel brasileiro e do americano.

Cuidado com a volatilidade

O ponto de atenção está ligado a uma questão cambial. “Os investidores que compram títulos em dólares ficam com a exposição ao câmbio e isso adiciona uma volatilidade às carteiras que muitos ainda não estão acostumados a ver”, destacou Ferreira. Hoje, é possível comprar TIPS diretamente ou alocar nos papéis por meio de ETFs (fundos de índice).

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O executivo lembra que o efeito cambial pode ser minimizado quando o investidor compra uma cota de um fundo multimercado. Nesse caso, diz, o gestor pode alocar nas TIPS e fazer um hedge (proteção) contra essa variação do câmbio.

TIPS ou Tesouro IPCA+: é preciso escolher?

Para Ferreira, há oportunidades nas TIPS, mas os títulos do Tesouro IPCA+ ainda fazem sentido para a carteira. Atualmente, eles são o segundo indexador preferido da XP atrás apenas de papéis atrelados à Selic, que continuam a ser carro-chefe porque oferecem a menor volatilidade na comparação com os demais, como explica o profissional.

Para quem mora no Brasil, é possível investir em TIPS por meio de contas internacionais, ou via BDRs negociadas na B3. Como se trata de um tipo de título do Tesouro americano (Treasuries), o procedimento de compra é o mesmo.