Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos revertem alta e passam a cair nas negociações da tarde desta quinta-feira

Investidores monitoram reforma ministerial no Brasil e dados de seguro-desemprego nos Estados Unidos, além da decisão de política monetária na Europa

Bruna Furlani

(GettyImages)

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SÃO PAULO – Os prêmios dos títulos públicos negociados por meio do Tesouro Direto, programa voltado para a compra e a venda dos papéis emitidos pelo governo por pessoas físicas, revertem movimento de alta e passam a cair na tarde desta quinta-feira (22).

O foco dos investidores está nas mudanças ministeriais que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou ontem e que devem dar maior poder ao centrão. Investidores também acompanham a participação de Paulo Guedes, ministro da Economia, em evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) sobre reforma tributária, além de monitorar a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE).

No Tesouro Direto, entre os papéis com retornos atrelados à inflação, o juro real dos títulos Tesouro IPCA+ com vencimentos em 2035 e 2045 caía de 4,10% no começo da manhã para 4,07% na atualização da tarde, abaixo dos 4,08% vistos ontem.

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Entre os títulos que acompanham a inflação com pagamento de juros semestrais, no início das negociações, o Tesouro IPCA+ 2055 oferecia retorno real de 4,30%, contra 4,33% no início da manhã. Um dia antes, o mesmo título pagava prêmio real de 4,30%.

No grupo dos papéis com rentabilidades prefixadas, o título com vencimento em 2026 oferecia pagamento de prêmio de 8,54% na atualização após o almoço, abaixo dos 8,62% da primeira atualização do dia. Anteriormente, o mesmo título pagava retorno de 8,61%. Da mesma forma, o papel com juros semestrais e vencimento em 2031 caía de 9,25% no começo das negociações de hoje para 9,17% durante a tarde, abaixo dos 9,18% da sessão anterior.

Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto nesta quinta-feira (22):

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Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Agenda doméstica

Sem grandes destaques na agenda econômica local, o centro das atenções do mercado está na reforma ministerial que o presidente Jair Bolsonaro reiterou hoje que vai fazer.

Em entrevista à Rádio Banda B, de Curitiba (PR), Bolsonaro confirmou que pretende colocar o senador Ciro Nogueira (PP-PI) para assumir a Casa Civil no lugar do general Luiz Eduardo Ramos. “A princípio é ele [Ciro Nogueira]. Conversei com ele já, ele aceitou. Ele está em recesso, chega em Brasília segunda-feira, converso com ele, acertamos os ponteiros. E a gente toca o barco. É uma pessoa que eu conheço há muito tempo, ele chegou em 95 na Câmara, eu cheguei em 91″, destacou o presidente.

Segundo os planos do presidente, as mudanças devem focar em três pastas: Casa Civil, Secretaria-Geral da Presidência e Ministério do Trabalho e da Previdência, que será recriado com a publicação de medida provisória que propõe a divisão do Ministério da Economia.

Já Onyx poderia ser contemplado com o Ministério do Trabalho e Emprego, que deve ser recriado a partir da divisão do Ministério da Economia.

Ainda sobre a reforma ministerial, o ministro Paulo Guedes comentou hoje que as mudanças não ameaçam a política econômica e que vão contribuir para fortalecer a sustentação do governo no Senado. Guedes frisou ainda que Onyx Lorenzoni, que deve assumir a nova pasta do Trabalho, é inteiramente alinhado ao programa econômico do governo e está envolvido com a discussão dos projetos da Economia desde a campanha eleitoral.

O ministro da Economia também esteve ao lado de Celso Sabino (PSDB-PA), deputado e relator do projeto de lei da segunda fase da reforma tributária em evento para comentar sobre a reforma tributária. Na ocasião, o parlamentar sugeriu a possibilidade de incluir um dispositivo que proteja Estados e municípios de eventuais perdas em repasses federais.

“Estamos oferecendo ao Ministério da Economia — e o ministro está muito sensível — uma ideia que vamos discutir daqui a pouco e foi também dialogada com alguns governadores, no sentido de colocar um seguro, um hedge, para que consigamos garantir a alíquota [do IRPJ] e nenhum estado e nenhum município tenha redução de FPE e FPM. Com isso, vamos conseguir contemplar gregos e troianos”, destacou o deputado.

O governo também confirmou, agora à tarde, por meio do ministério da Economia, o desbloqueio de R$ 4,5 bilhões no orçamento deste ano, antecipado ontem pelo presidente Jair Bolsonaro.

A maior parte dos recursos bloqueados é do Ministério da Educação (R$ 1,6 bilhão), mas a suspensão das verbas também atingiu outros ministérios de forma pulverizada: Agricultura (R$ 80 milhões), Cidadania (R$ 205 milhões), Ciência e Tecnologia (R$ 255 milhões), Comunicações (R$ 145 milhões), Defesa (R$ 672 milhões), Desenvolvimento Regional (R$ 383 milhões), Economia (R$ 831 milhões), Infraestrutura (R$ 40 milhões), Justiça (R$ 3 milhões), Minas e Energia (R$ 90 milhões), Presidência (R$ 36 milhões), Relações Exteriores (R$ 143 milhões), Saúde (R$ 26 milhões) e Turismo (R$ 56 milhões).

Radar internacional

No cenário externo, investidores estão atentos aos dados de desemprego nos Estados Unidos. Hoje pela manhã, o Departamento de Emprego divulgou que o número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos teve alta de 51 mil na semana encerrada em 17 de julho, e ficou em 419 mil, segundo dados com ajustes sazonais.

O resultado da semana passada veio acima da expectativa de analistas consultados pelo Wall Street Journal, que previam 350 mil solicitações. O órgão também anunciou que o total da semana anterior foi revisado para cima, de 360 mil para 368 mil pedidos. Já o número de pedidos continuados apresentou queda de 29 mil na semana encerrada em 10 de julho, a 3,236 milhões. Esse indicador é divulgado com uma semana de atraso.

Os americanos também estão de olho no acordo bipartidário de infraestrutura. De acordo com Joe Manchin, senador democrata, foram realizados progressos significativos para o acordo e um acerto final está “próximo”. O senador ainda se mostrou “otimista” com a possibilidade de finalizar o projeto, segundo comunicado emitido após o Senado votar ontem de maneira contrária ao procedimento de abertura de negociações para o pacote.

Já na Europa, o radar dos investidores está na decisão do Banco Central Europeu (BCE). Hoje, o banco anunciou que manteve a atual configuração de política monetária, mas que promoveu ajustes do “forward guidance” para refletir a nova meta de inflação de 2% no médio prazo, após a revisão estratégica anunciada no início deste mês.

Conforme esperado, a instituição informou que manteve a taxa de refinanciamento em 0%, a de programa de empréstimos marginal em 0,25% e a de depósito em -0,50%. Também deixou inalteradas as aquisições pelo Programa de Compras de Emergência de Pandemia (PEPP, na sigla em inglês) em 1,85 trilhão de euros, enquanto as compras pelo Programa de Compras de Ativos (APP) seguirão em 20 bilhões de euros mensais.

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