Tesouro Direto: juros de títulos prefixados sobem para até 12,1% ao ano; papéis de prazo mais longo operam em estabilidade

Investidores monitoram incertezas sobre o texto-base da PEC dos Precatórios que pode sofrer mudanças e ter que voltar para a Câmara

Bruna Furlani

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SÃO PAULO – As indefinições em torno dos interesses que estarão em jogo durante a tramitação da PEC dos Precatórios no Senado seguem no radar de investidores nesta quinta-feira (18). O mercado, no entanto, parece atuar com maior cautela, à espera de novidades sobre o texto. Com isso, os títulos públicos negociados no Tesouro Direto continuam com movimento misto na atualização das 15h20 de hoje.

Durante esse horário, os retornos oferecidos pela maioria dos papéis prefixados avançavam e voltavam a subir acima dos 12,1% – patamar que não era visto desde o último dia 9 de novembro, no caso do Tesouro Prefixado 2024. Por outro lado, os juros pagos pelos títulos atrelados à inflação recuavam ou operavam perto da estabilidade, o que ocorria entre os títulos de prazo mais longo.

Às 15h20, o Tesouro Prefixado 2024, por exemplo, oferecia retorno de 12,14% ao ano, contra 12,04% ao ano, no início da manhã. O percentual está acima dos 12,05% vistos ontem (17). No mesmo horário, a rentabilidade oferecida pelo Tesouro Prefixado 2031 era de 11,74% ao ano, em linha com os 11,73% ao ano vistos na abertura dos negócios e com os 11,75% do dia anterior.

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Com isso, a diferença entre a remuneração do título de prazo mais curto (2024) e o de prazo mais longo (2031) chegava a 40 pontos-base, durante a tarde de hoje. Entenda o que explica esse fenômeno em que os papéis de vencimento mais próximo oferecem juros maiores do que os de prazo mais alongado.

Já entre os títulos atrelados à inflação, o retorno real oferecido pelo Tesouro IPCA+ 2026 era de 5,20% ao ano, mesmo valor visto no começo da manhã. Na sessão anterior, no entanto, a remuneração real era de 5,26% ao ano. As taxas oferecidas pelo Tesouro IPCA+ 2055, com pagamento semestral de juros, por sua vez, eram de 5,33% ao ano – em linha com os 5,32% registrado um dia antes.

A distância entre a rentabilidade oferecida pelo papel de prazo mais curto (2026) e o de prazo mais longo (2055) chegava a 13 pontos-base (0,13 ponto percentual), na atualização das 15h20. Anteriormente, essa diferença era menor: 8 pontos-base (0,08 ponto percentual).

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Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta quinta-feira (18): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Falas de Paulo Guedes

Em dia de agenda econômica esvaziada na cena local, investidores repercutem a fala de Paulo Guedes, ministro da Economia, sobre a inflação e a PEC dos Precatórios. Em evento virtual promovido pelo Bradesco BBI na quarta (17), Guedes disse que o problema do Brasil em 2022 não será o crescimento baixo, mas sim a inflação.

“Vamos ver o que vai acontecer com essas pessoas que estão prevendo zero ou 1% de crescimento do PIB em 2002 O problema não será crescimento baixo, o problema será inflação resiliente”, afirmou o ministro. “A inflação provavelmente será um pouco acima do que vocês estão prevendo, mas o crescimento também será maior do que vocês estão prevendo, então vamos ver. Eu não faço previsões, eu faço piada de previsões, de previsões erradas”, completou Guedes.

O ministro também falou que considerava um “grande erro”, capaz de comprometer o crescimento previsto pelo governo para o ano que vem, a ideia de senadores de retirar o pagamento dos precatórios da regra do teto.

PEC dos Precatórios e desoneração da folha de pagamentos

Dentro da agenda política, as discussões em torno da PEC dos Precatórios (PEC 23/2021) continuam dominando as preocupações entre os agentes financeiros.

Fernando Bezerra (MDB-PE), relator da PEC dos Precatórios, tem se reunido com integrantes do Senado para ouvir suas demandas. A bancada do MDB quer que o Auxílio Brasil passe a ser permanente, “enquanto houver miséria e pobreza nesse País”, segundo o líder Eduardo Braga.

Já os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE), José Aníbal (PSDB-SP) e Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) elaboraram ontem uma emenda com texto alternativo à PEC dos Precatórios. A nova proposta funde itens presentes nas três PECs protocoladas e pretende abrir espaço fiscal de cerca de R$ 99 bilhões para assistência social exclusivamente no Orçamento de 2022 – montante que pode superar o calculado pelo governo para a atual versão da PEC dos Precatórios, de R$ 91,6 bilhões.

Em entrevista ao InfoMoney nesta quinta-feira, Guimarães (Podemos-PR) disse que o texto é resultado de quatro dias de negociações em que houve uma série de concessões. O senador, porém, afirma que a proposta traz maior previsibilidade aos agentes econômicos. Confira a entrevista.

Mesmo sem um acordo concreto sobre o tema, a expectativa é de que a matéria caminhe para deliberação em Plenário no dia 30 de novembro. Segundo Bezerra, o texto da PEC dos Precatórios deve sofrer alterações e, desse modo, retornar à Câmara.

Cena internacional

No outro lado do mundo, as Bolsas americanas apresentam desempenho morno nesta quinta-feira, com os principais índices negociando perto da estabilidade, por volta das 15h20 (horário de Brasília). Hoje, o Departamento do Trabalho americano divulgou que o número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos teve redução de 1 mil na semana encerrada em 13 de novembro, a 268 mil, segundo dados com ajustes sazonais.

O resultado ficou acima da expectativa de analistas consultados pelo Wall Street Journal, que previam 260 mil solicitações. O total de pedidos da semana anterior foi ligeiramente revisado para cima, de 267 mil a 269 mil.

Já o número de pedidos continuados apresentou recuo de 129 mil na semana encerrada em 6 de novembro, a 2,080 milhões. Esse indicador é divulgado com uma semana de atraso.

Ontem, economistas do JPMorgan Chase divulgaram em relatório que esperam que o Federal Reserve (banco central americano) aumente os juros em setembro de 2022. Com isso, mais um banco em Wall Street começa a descartar a previsão de taxas inalteradas ao longo de 2022.

Em novo cenário, a equipe do banco disse que a meta da autoridade monetária de pleno emprego será atingida até meados do ano que vem. Isso, segundo o JP Morgan Chase, levará o Comitê de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) a elevar em setembro a taxa de referência, agora perto de zero, com outro aumento previsto em dezembro e um a cada trimestre subsequente, disseram os economistas.

O time de analistas prevê ainda que o ciclo de aperto será encerrado assim que a taxa ajustada pela inflação retornar a zero.

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