Tesouro Direto: taxas disparam rumo a 14% com reação negativa a pacote fiscal

Títulos de inflação, que já haviam rompido o patamar de 7% ao ano de juro real na véspera, seguem movimento de alta nesta quinta-feira (28)

Paulo Barros

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As taxas dos títulos do Tesouro Direto operam em nova sessão de alta volatilidade nesta quinta-feira (28), reagindo à flutuação dos juros futuros na esteira de uma reação negativa do mercado ao pacote fiscal detalhado pela equipe econômica do governo nas primeiras horas do dia.

O movimento de alta, que já havia acontecido na véspera, marcada por suspensão de negociações, se intensificou hoje e já faz a taxa do título público prefixado com vencimento em 2027 estabelecer um novo recorde de 13,90% ao ano. O papel para 2031 acompanha de perto, com remuneração anual de 13,67%.

Um dos pontos de atenção para agentes é a proposição da isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês. O governo defende que a medida é fiscalmente neutra, ou seja, não gera gastos adicionais, por conta da criação de um imposto mínimo de 10% para quem recebe mais de R$ 50 mil mensais. No entanto, a proposta ainda será analisada pelo Congresso, que poderá realizar alterações no texto.

“Projetos com essa proposta tramitam no Congresso há anos, sem avanços significativos”, avalia Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. “No fim das contas, a economia prevista para 2025 e 2026 é relativamente factível, mas, como já se sabe, segundo nossos cálculos, insuficiente para a convergência da meta de resultado primário do arcabouço fiscal”, pontua.

As taxas dos papéis do Tesouro Direto avançam apesar da menor pressão dos dados da atividade econômica, após o Caged revelar um número menor do que o projetado de criação de empregos formais.

O dado foi o “primeiro sinal de uma desaceleração significativa do mercado de trabalho, destoando da força do consumo das famílias”, conforme destacou Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos. “Deveria tirar a pressão na curva de juros, mas diante do noticiário de hoje, não vai acontecer”.

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Para Tiago Sbardelotto, economista da XP, governo perdeu a chance de anunciar medidas mais profundas. “Há medidas positivas, estruturantes, como a mudança na regra do salário mínimo, que é bem-vinda, mas ainda assim ficou abaixo do esperado pelo mercado. O salário mínimo ainda vai crescer acima do arcabouço no longo prazo, o que preocupa, pois deve pressionar a despesa”.

Entre os títulos de Tesouro IPCA+, indexados à inflação, nova alta nos retornos, com o papel com vencimento em 2029 atingindo 7,14% de juro real. Outros vencimentos também atingem remuneração próxima ao patamar de 7% – em todos os casos, os mais altos registrados no ano.

Confira as taxas dos títulos públicos disponíveis no Tesouro Direto nesta quinta-feira (28), na atualização das 13h06:

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(Fonte: Tesouro Direto)

Paulo Barros

Editor de Investimentos