Tesouro Direto: taxas avançam com IPCA-15 e risco fiscal no radar; prefixados oferecem até 12,85%

Ganho real dos títulos públicos atrelados à inflação chega a 5,93% ao ano

Katherine Rivas

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As taxas dos títulos públicos avançam na tarde desta sexta-feira (24), na contramão do movimento visto nos últimos dias.

Nos prefixados as taxas sobem até 19 pontos-base, enquanto nos títulos atrelados à inflação as taxas avançam até 4 pontos-base.

Segundo Flavio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos, as taxas subiram acompanhando os dados do IPCA-15 (prévia da inflação), que apesar de ter vindo em linha com o esperado, apresentou um núcleo de serviços ainda pressionado.

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,69% em junho na comparação mensal, ficando 0,10 ponto percentual (p.p.) acima da taxa registrada em maio (0,59%). O subitem de maior influência na taxa do mês foi planos de saúde, que subiu 2,99% e representou 0,10 p.p. no resultado de junho.

Já para outros agentes de mercado, o IPCA-15 veio acima das projeções. Igor Cavaca, gestor da Warren Asset Management, afirma que a prévia da inflação pode sinalizar a necessidade de uma taxa Selic mais alta por mais tempo.

Serrano cita também as preocupações com o cenário fiscal, entre estas, a possibilidade de aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600. Motivo que também puxou as taxas para cima.

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O economista-chefe da Greenbay Investimentos destaca que o mercado continuará acompanhando a evolução dos indicadores de preços ao consumidor nos próximos dias e o noticiário político.

Dentro do Tesouro Direto, a maior alta era na taxa do prefixado de curto prazo. O Tesouro Prefixado 2025 oferecia um retorno anual de 12,55% às 15h26, superior aos 12,36% vistos ontem.

Já o Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentavam uma rentabilidade anual de 12,66% e 12,85%, respectivamente, acima dos 12,54% e 12,74%  registrados na sessão anterior.

Nos títulos atrelados ao IPCA, as taxas avançavam entre 3 e 4 pontos-base.

Apenas a taxa do título com vencimento em 2032 permanecia estável.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta sexta-feira (24): 

Fonte: Tesouro Direto

IPCA-15

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial do Brasil, subiu 0,69% em junho na comparação mensal, ficando 0,10 ponto percentual (p.p.) acima da taxa registrada em maio (0,59%). O subitem de maior influência na taxa do mês foi planos de saúde, que subiu 2,99% e representou 0,10 p.p. no resultado de junho.

O IPCA-E, que se constitui no IPCA-15 acumulado trimestralmente, foi de 3,04%. Já no acumulado do ano, o IPCA-15 tem alta de 5,65% enquanto nos últimos 12 meses, a taxa desacelerou para 12,04%, abaixo dos 12,20% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em junho de 2021, o índice foi de 0,83%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A expectativa do mercado, segundo consenso Refinitiv, era de uma alta ante maio de 0,62% e anual de 11,98%.

Os dados são divulgados um dia depois de o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixar a meta para a inflação em 2025 em 3%, interrompendo uma sequência sucessiva de cortes no alvo a ser perseguido pelo Banco Central em sua política monetária.

IPCA-15 de junho não traz alívio

A prévia do índice de preços ao consumidor amplo (IPCA-15) registrou variação positiva de 0,69% em junho na base mensal, um pouco acima do consenso do mercado (que projetava alta de 0,62%), mas ainda assim foi um avanço bem mais contido, comparando com o comportamento do índice nos primeiros meses deste ano. De qualquer forma, analistas veem no indicador a persistência da inflação e também sua disseminação.

Para Mirella Hirakawa, economista da AZ Quest, o indicador não trouxe alívio e reforçou preocupações sobre composição da inflação.

“Do lado de alimentação e combustíveis tivemos um alívio da pressão de oferta. Nos combustíveis é temporário, pois o reajuste da Petrobras PETR4 deve impactar número fechado de junho e principalmente julho”, explica.

Chama a atenção também o avanço dos serviços subjacentes, que passou para 0,86%, de 0,75%.

Teto de ICMS

O presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta quinta-feira (23) o teto de 17% para o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo, aprovado na semana passada pelo Congresso, mas vetou trechos incluídos pelo Senado que beneficiariam os Estados na compensação pela perda de receita com o tributo. A sanção da lei, com os vetos, consta de edição extra do Diário Oficial da União (DOU).

O projeto faz parte da ofensiva do Palácio do Planalto para reduzir os preços dos combustíveis, mas enfrentou resistência dos governadores, que preveem uma crise fiscal em 2023 com a redução das alíquotas de ICMS. O Senado, onde os chefes dos executivos estaduais têm mais poder de barganha, atendeu alguns pleitos levados pelos secretários de Fazenda, agora vetados pelo presidente.

Bolsonaro vetou, por exemplo, a compensação da perda de receitas para os cinco Estados sem dívida com a União, que seria feita em 2023, com recursos da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) e com a priorização na contratação de empréstimos da União.

Dessa forma, a compensação será feita apenas para Estados que estão endividados com a União, por meio do abatimento da dívida, quando a perda de arrecadação com o ICMS ultrapassar 5%, na comparação com 2021. Esse ressarcimento será feito de forma temporária, durante seis meses.

O presidente também vetou a determinação de que a União compensasse os Estados e municípios para que mantivessem os gastos mínimos constitucionais em educação e saúde na comparação com o que estava em vigor antes de a lei do teto passar a valer.

Na sanção da lei, Bolsonaro manteve a zeragem dos impostos federais, como PIS/Cofins e Cide, sobre gasolina e etanol.

Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.