As taxas dos títulos públicos operam mistas na tarde desta segunda-feira (29). As taxas dos papéis de médio e longo prazo recuam – nos prefixados a queda é de até 7 pontos-base e nos títulos de inflação a baixa é de até 4 pontos-base. Na contramão, as taxas curtas permanecem estáveis ou apresentam alta.
Segundo Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, o dia é marcado pela volatilidade por conta de fatores externos ofuscando a melhora nas projeções do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do relatório Focus.
Economistas consultados pelo Banco Central reduziram – pela segunda semana seguida – as projeções para o IPCA para 2023, que passaram de 5,33% para 5,30% agora, segundo o Relatório Focus divulgado hoje. Houve ajuste também nas estimativas para o IPCA deste ano, que recuaram de 6,82% para 6,70% nesta semana. A queda tem sido puxada pelo pacote aprovado em junho pelo Congresso, que reduziu o ICMS sobre combustíveis e outros itens essenciais.
“Isso mantém vivas as teses de que o Comitê de Política Monetária (Copom) encerrou o ciclo de aperto monetário e que cortes na taxa Selic em 2023 são prováveis”, afirma Borsoi.
Apesar da perspectiva positiva, Borsoi destaca que a alta das taxas de juros no exterior, o avanço nos preços do barril de petróleo, que chegou a subir quase 4% hoje, e a perspectiva de ações duras por parte dos Bancos Centrais dos países desenvolvidos (Federal Reserve, BCE, BoE) elevaram a preocupação dos investidores com os níveis de juros atuais.
No radar do mercado e que devem impactar a curva de juros nesta semana, o economista cita fatores domésticos como as pesquisas eleitorais, os leilões do Tesouro Nacional, além das divulgações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M). Na quinta-feira (1), destaque para o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre.
Já na cena externa, a semana traz indicadores importantes, entre estes: taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, pela sigla em inglês) da zona do euro e o relatório de emprego dos Estados Unidos (payroll) na sexta-feira (2).
Dentro do Tesouro Direto, a maior queda era no título prefixado de médio prazo. O Tesouro Prefixado 2029 oferecia um retorno anual de 12,09%, inferior aos 12,16% vistos na sexta-feira (26).
Já o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentava uma rentabilidade anual de 12,24%, abaixo dos 12,30% registrados na semana passada. A taxa do Tesouro Prefixado 2025 permanecia estável.
Nos títulos atrelados à inflação, as taxas recuavam entre 2 e 4 pontos-base. Apenas o Tesouro IPCA+ 2026 apresentava alta de 2 pontos-base na taxa. Já a taxa do Tesouro IPCA+ 2055 operava estável.
O maior ganho real registrado entre os títulos era de 5,93%, do Tesouro IPCA+ 2055.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta segunda-feira (29):
Focus e Caged
As projeções de economistas consultados pelo BC estão no foco da cena local nesta segunda-feira. Segundo o Relatório Focus, as instituições financeiras voltaram a revisar para cima a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, mas a reduzir a do próximo.
A estimativa de crescimento da economia para 2022 subiu de 2,02% para 2,10% (há um mês era de 1,97%). Para 2023, caiu de 0,39% para 0,37% (há quatro semanas era de 0,40%).
Nesta quinta-feira (1), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará o resultado do PIB do segundo trimestre.
Por outro lado, o mercado manteve as estimativas para a Selic e para o dólar nos próximos anos. No caso da taxa básica de juros, as previsões seguiram em 13,75% no fim de 2022, 11% no de 2023, 8,00% em 2024 e 7,50% em 2025 (em linha com as projeções do BC).
Para o câmbio, os economistas permaneceram com as projeções para dezembro deste e dos próximos três anos em US$ 1 = R$ 5,20, R$ 5,20, R$ 5,10 e R$ 5,17, respectivamente.
Manutenção também para as expectativas de inflação em 2024 e 2025, que seguiram em 3,41% e 3,00%, nessa ordem.
Também na cena econômica, investidores monitoram números do Caged. De acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência, o País abriu 218.902 empregos com carteira assinada em julho, bem abaixo do consenso que era de 260.000 aberturas de vagas.
O número representa a diferença entre 1.886.537 contratações e 1.667.635 desligamentos feitos no mês. Ao logo deste ano, o saldo de vagas abertas é de 1.560.89, resultado de 13.554.553 admissões e de 11.993.657 desligamentos.
Debate presidencial e correção da tabela do IR
No primeiro debate com os candidatos à Presidência frente a frente, assuntos como políticas públicas para as mulheres, combate à corrupção, economia e educação estiveram no centro das falas dos presidenciáveis.
O debate foi organizado em pool pelos veículos Folha de S. Paulo, UOL, Grupo Bandeirantes e Cultura.
Analistas políticos consultados pelo InfoMoney avaliam que o programa ofereceu uma oportunidade para nomes alternativos à polarização – mantida entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – atingirem a dupla e se apresentarem como alternativa no pleito.
“O debate foi melhor para os candidatos menos conhecidos. Foi melhor para quem não é vidraça”, afirmou Ricardo Ribeiro, analista político da Ponteio Consultoria Política.
“Pior para Bolsonaro e Lula. Em termos de desempenho, Lula não teve um bom dia, estava um pouco apagado e confuso. E Bolsonaro se perdeu quando criou celeuma com as mulheres. Por conta própria, ele entrou em um terreno que lhe é muito desfavorável”, completou o analista.
Também na cena política, levantamento da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco) mostrou que a proposta do candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, de isentar quem ganha até R$ 5 mil mensais resultaria em renúncia de R$ 199,8 bilhões e deixaria 17,2 milhões de pessoas livres do tributo — ante o total de 7,86 milhões que não pagam atualmente. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
Já a reiterada promessa de Jair Bolsonaro (PL) de liberar do IR quem ganha até 5 salários mínimos — feita na campanha de 2018, e ainda não cumprida — teria impacto maior: representaria corte de R$ 226,8 bilhões na arrecadação e isentaria 18,5 milhões de brasileiros, de acordo com o jornal.
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