Tesouro Direto: na volta dos negócios, juros dos títulos públicos acentuam queda e prefixados voltam a pagar abaixo de 12%

Investidores monitoram falas do presidente do BC sobre inflação, além de ata do Fomc com detalhes sobre a política monetária americana

Bruna Furlani

(Getty Images)

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SÃO PAULO – Depois de quase 40 minutos de parada nas negociações, o mercado de títulos públicos negociados na plataforma do Tesouro Direto segue com queda nas taxas na tarde desta quarta-feira (24). Os negócios foram suspensos anteriormente por causa do aumento da volatilidade dos preços e taxas.

Investidores monitoram falas de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, que disse hoje em evento que a autoridade monetária entende que é muito importante perseguir a meta de inflação, entendendo as limitações colocadas por uma crise quase sem precedentes.

O mercado repercute ainda a decisão de Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, de postergar a votação do parecer da PEC dos Precatórios para 30 de novembro, assim como acompanha a repercussão da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

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Na atualização das 15h20, o Tesouro Prefixado 2024 oferecia juro de 11,87% ao ano, contra 12,02% ao ano no começo do dia. Um dia antes, a remuneração oferecida era de 12,30% ao ano. No mesmo horário, a rentabilidade oferecida pelo Tesouro Prefixado 2026 era de 11,70%, abaixo dos 11,80% ao ano da abertura dos negócios e dos 12,07% ao ano registrados ontem.

Da mesma forma, às 15h20, o juro oferecido pelo Tesouro Prefixado 2031 era de 11,54% ao ano, contra 11,62% vistos no começo do dia. O percentual também está abaixo dos 11,81% ao ano registrados um dia antes. Com isso, a diferença entre a remuneração do título de prazo mais curto (2024) e o de prazo mais longo (2031) recuava para 31 pontos-base, contra 49 pontos-base na tarde de ontem. Entenda o que explica esse fenômeno em que os papéis de vencimento mais próximo oferecem juros maiores do que os de prazo mais alongado.

Já entre os títulos atrelados à inflação, às 15h20, as taxas reais oferecidas pelo Tesouro IPCA+ 2026 eram de 5,10% ao ano – percentual inferior aos 5,11% do início da manhã e dos 5,25% do dia anterior. O Tesouro IPCA+ 2055, com pagamento semestral de juros, por sua vez, oferecia juros reais de 5,31% ao ano, abaixo dos 5,35% da tarde de ontem (22).

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Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta quarta-feira (24): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Falas de Campos Neto e arrecadação federal

Dentro da agenda econômica, as atenções dos investidores estão voltadas para as falas de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Em evento promovido pelo Bank of America nesta quarta-feira (24), Campos Neto afirmou que o BC começa a ver desancoragem nas expectativas de inflação à frente, com um nível de desancoragem para 2022 ganhando terreno nas últimas semanas.

“Achamos que é muito importante perseguir a meta de inflação, entendendo as limitações de uma crise que tem quase nenhum precedente, mas entendendo que a disseminação através das cadeias de preços tem sido muito mais intensa do que antecipávamos”, afirmou Campos Neto.

A quarta-feira também foi marcada pela divulgação dos dados de arrecadação. De acordo com a Receita Federal, a arrecadação de impostos e contribuições federais bateu novo recorde e somou R$ 178,742 bilhões em outubro. O resultado representa um aumento real (descontada a inflação) de 4,92% na comparação com o mesmo mês de 2020.

Em relação a setembro deste ano, houve alta real de 18,4% no recolhimento de impostos. Novamente, o valor arrecadado no mês passado foi o maior para meses de outubro da série histórica, que teve início em 1995.

O resultado das receitas veio dentro do intervalo de expectativas das instituições ouvidas pelo Broadcast do Estadão, que ia de R$ 157,300 bilhões a R$ 182,219 bilhões, com mediana de R$ 170,90 bilhões.

PEC dos Precatórios e filiação de Bolsonaro

Já na agenda política, o destaque segue nas negociações em torno da tramitação da PEC dos Precatórios. Nesta quarta-feira, Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, concedeu vistas aos parlamentares, após o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo na casa legislativa e relator da PEC dos Precatórios, concluir a leitura do parecer à proposta.

A votação do texto na CCJ também foi postergada para 30 de novembro. “A ideia inicial era de dar vista coletiva de 24h para deliberarmos amanhã aqui na CCJ. Mas os líderes se reuniram, conversaram com vários senadores, e chegou ao meu conhecimento que não faríamos desta maneira, pois queriam mais prazo para debater a matéria”, disse. “Respeitando o acordo, vou determinar que a gente siga o que o presidente Pacheco determinou, que é a votação da proposta no dia 30 [de novembro]”, afirmou Alcolumbre.

O texto apresentado por Coelho trouxe algumas mudanças, como a que prevê que o Auxílio Brasil se torne um programa permanente, além da criação de uma comissão para monitoramento de precatórios. Veja todas as alterações nesta matéria.

Outro tema que volta ao radar do mercado é a filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo a assessoria do PL, o evento que vai oficializar a “união” deve ocorrer no próximo dia 30 de novembro, às 10h30.

Em entrevista a uma rádio da Paraíba ontem (23), Bolsonaro disse que estava tudo “praticamente resolvido” entre ele e Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL.

Radar externo

Enquanto isso, na cena internacional, o Federal Reserve divulga a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), durante a tarde. O documento deve trazer mais detalhes sobre a decisão em que a autoridade monetária anunciou o tão esperado cronograma para o tapering – processo de retirada de estímulos na economia dos Estados Unidos.

Hoje também foram apresentados os números de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, que tiveram uma redução de 71 mil pedidos na semana encerrada em 20 de novembro, a 199 mil, segundo dados com ajustes sazonais publicados nesta quarta-feira, 24, pelo Departamento do Trabalho americano. Esse é o menor nível registrado pelo indicador desde 1969.

O resultado ficou abaixo da expectativa de analistas consultados pelo Wall Street Journal, que previam 260 mil solicitações. O Departamento do Trabalho americano também informou que o total de pedidos da semana anterior foi revisado para cima, de 268 mil para 270 mil.

Outro destaque está nos números de crescimento da economia americana. A segunda leitura preliminar do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no terceiro trimestre veio com alta de 2,1%, ante previsão de crescimento de 2,2% para o período. O dado divulgado nesta quarta-feira (24) saiu com uma série de outros indicadores que foram antecipados por conta do feriado de Ação de Graças amanhã (25).

Ainda que o número tenha vindo abaixo do esperado, a segunda leitura do PIB veio maior do que a primeira, que apontava crescimento de 2%. A atualização reflete revisões em gastos pessoais com consumo e investimentos do setor privado, assim como aumento de gastos públicos e exportações.

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