Tesouro Direto: prêmios dos títulos públicos revertem queda e passam a subir na tarde desta 4ª; prefixados voltam a pagar 11,1%

Investidores acompanham dados mais fracos vindos do gigante asiático e que causam temor sobre uma desaceleração da atividade global

Bruna Furlani

(Dihandra Pinheiro/GettyImages)

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SÃO PAULO – Investidores seguem atentos na tarde desta quarta-feira (15) aos dados de atividade econômica do Banco Central que avançaram acima do esperado em julho. Ainda que os números tenham sido mais positivos, o mercado já projeta crescimento abaixo de 1% em 2022 e vem revisando sucessivamente para baixo as expectativas de expansão da economia neste ano.

O alerta não é só aqui. Na China, o mercado monitora também dados de vendas no varejo e de produção industrial chinesa mais fracos. Nesse contexto de maiores preocupações com a atividade global, o mercado de títulos públicos negociados no Tesouro Direto reverteu a queda vista no começo da manhã desta quarta-feira (15) e opera em alta agora à tarde, após dois dias de recuo.

O destaque está nos papéis prefixados. O retorno do título prefixado com vencimento em 2026 era de 10,43%, contra 10,26% do começo da manhã. Um dia antes, o papel oferecia retorno de 10,34%. O juro pago pelo título com vencimento em 2031, por sua vez, avançava de 10,88% para 11,06%, contra 10,93%, na sessão anterior.

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Entre os papéis atrelados à inflação, o juro real oferecido pelo Tesouro IPCA+ com vencimento em 2055 e pagamento de juros semestrais era de 4,81%, contra 4,76% no início da manhã. Anteriormente, o mesmo título oferecia um retorno real de 4,79%. Já o Tesouro IPCA com vencimento em 2026 oferecia retorno real de 4,53%, contra 4,52% da sessão de terça-feira.

Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta quarta-feira (15): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

IBC-Br e revisões para PIB

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) teve alta de 0,6% em julho na comparação com junho, segundo dados divulgados pela autoridade monetária nesta quarta-feira (15). Já no ano, o avanço é de 6,80% e de 3,26%, nos últimos 12 meses.

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O dado ficou acima do esperado. A expectativa, segundo consenso Refinitiv, era de alta mensal de 0,4%.

João Leal, economista da Rio Bravo Investimentos, ressaltou que “a atividade brasileira cresceu mais do que o esperado em julho, impulsionada principalmente pelo bom desempenho do varejo e de serviços”.

Mas ponderou que “alguns riscos permanecem no radar para os próximos meses” e que isso pode impactar a atividade. Entre eles estão a crise hídrica, a inflação, a proximidade das eleições de 2022 e a situação internacional (política monetária americana e pandemia).

De olho no aumento das pressões inflacionárias, crise hídrica e piora fiscal e política, as previsões dos economistas para o crescimento da economia neste ano e no próximo têm passado por sucessivas revisões. Para 2022, o mercado inclusive já prevê um crescimento do PIB abaixo de 1% e não descarta que haja uma recessão técnica.

Na véspera, por exemplo, o Itaú Unibanco reduziu a expectativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, de 5,7% para 5,3%. Também houve revisão nas projeções de 2022, que recuaram de 1,5% para 0,5%.

De olho no aumento das incertezas no cenário doméstico aliado a um ambiente de juros mais altos e maiores custos, a XP também revisou para baixo a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, de 1,7% para 1,3%. Já para este ano, a estimativa de expansão de 5,3% do PIB foi mantida.

Desoneração da folha e fala de autoridades

Na cena econômica, um dos destaques da tarde está na aprovação da prorrogação da desoneração da folha de pagamentos até 2026 pela Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara nesta quarta-feira (15).

Para começar a valer, o texto ainda precisa ser aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e pelo plenário da Câmara, além de passar por uma análise do Senado.

A medida está em vigor desde 2011 e beneficia 17 setores da economia com redução de encargos cobrados sobre os salários dos funcionários.

No radar político, Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a defender, em evento virtual, a democracia brasileira ao destacar que ela está em “mar revolto”, porém está mais perto do “porto do que do naufrágio”. 

Fux disse, no entanto, que o diálogo entre os Poderes pressupõe o “respeito à democracia de forma intransigente”. Para o presidente do STF, é isso que vai possibilitar a agregação dos Poderes e a solução dos problemas nacionais.

O evento contou também com a participação de Paulo Guedes, ministro da Economia. Em seu discurso, Guedes afirmou que prevalece o respeito às instituições e ao resultado eleitoral no Brasil. “Acredito que, ao contrário da narrativa política – e que a mídia ecoa -, há respeito pelas instituições, ao resultado eleitoral. Não podemos descredenciar a democracia brasileira”, comentou.

O ministro também disse apoiar “totalmente” a reforma administrativa e a MP 1.042, que trata sobre cargos em comissão.

Também na frente política, o governo sofreu mais uma derrota importante após decisão tomada por Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado. Na véspera, Pacheco devolveu Medida Provisória que Bolsonaro editou há uma semana alterando o Marco Civil da Internet e limitando a remoção de conteúdos publicados nas redes sociais.

Cena externa

O destaque no cenário internacional está nos dados vindos da China. As bolsas asiáticas caíram, em sua maioria, nesta quarta-feira (15). Investidores reagiram à divulgação de dados sobre vendas no varejo relativas a agosto no país, que indicaram ritmo muito mais lento do que o esperado, de 2,5%, frente a 7% antecipados por analistas ouvidos pela Reuters.

produção industrial chinesa também cresceu abaixo da expectativa, em 5,3% em agosto, enquanto a expectativa dos analistas era de alta de 5,8%.

No Reino Unido, o mercado está atento aos dados de inflação divulgados nesta quarta-feira (14). O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) do Reino Unido avançou 3,0% em agosto em relação ao mesmo mês do ano anterior, de acordo com dados do Escritório para Estatísticas Nacionais. Foi o maior patamar em nove anos.

O resultado ficou ligeiramente acima da expectativa dos economistas consultados pelo The Wall Street Journal, de alta de 2,9% no período.

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