Tesouro Direto: prêmios dos títulos públicos prefixados disparam na tarde desta sexta-feira, com avanço do IPCA-15

Investidores monitoram IPCA-15, com destaque para a puxada no preço da energia elétrica, além de desdobramentos da reforma ministerial de Jair Bolsonaro

Bruna Furlani

Publicidade

SÃO PAULO – Os prêmios dos títulos públicos negociados por meio do Tesouro Direto, programa voltado para a compra e a venda dos papéis emitidos pelo governo por pessoas físicas, não apresentavam direção única na atualização da tarde desta sexta-feira (23). Enquanto as taxas dos títulos prefixados disparavam, os prêmios dos papéis atrelados à inflação eram negociados em leve queda, ou oscilavam perto da estabilidade.

No radar local, investidores monitoram o avanço da prévia da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que ficou em 0,72% em julho, na maior alta para o mês desde 2004 e acima do esperado pelo mercado. Com o resultado, economistas do mercado financeiro já esperam um aperto monetário mais agressivo por parte do Banco Central na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

O foco do mercado também está nas notícias sobre a reforma ministerial que pretende trazer políticos do centrão para mais perto do governo.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

No Tesouro Direto, o título prefixado com vencimento em 2024 oferecia pagamento de prêmio de 8,35% na atualização da tarde, bem acima dos 8,24% do começo da sessão. Um dia antes, o papel pagava um prêmio de 8,13%. O prêmio do título prefixado com vencimento em 2026, por sua vez, avançava de 8,62% na primeira atualização para 8,70% durante a tarde, acima dos 8,54% vistos um dia antes.

No grupo de papéis com retornos atrelados à inflação, o juro real dos títulos Tesouro IPCA+ com vencimentos em 2035 e 2045 caía de 4,11% no começo da manhã para 4,10% na atualização da tarde. Anteriormente, o mesmo título oferecia retorno real de 4,07%.

Entre os títulos que acompanham a inflação com pagamento de juros semestrais, durante a tarde, o Tesouro IPCA+ 2055 oferecia retorno real de 4,34%, mesmo prêmio visto no começo da manhã e acima dos 4,30% do dia anterior.

Continua depois da publicidade

Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto nesta sexta-feira (23):

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Radar local

Na agenda econômica, investidores monitoram o avanço da prévia da inflação medida pelo IPCA-15. Segundo o Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), o indicador ficou em 0,72% em julho, na maior alta para o mês desde 2004. O índice foi puxado, especialmente pela alta de 4,79% da energia elétrica.

No ano, o índice acumula alta de 4,88% e, em 12 meses, de 8,59%, acima dos 8,13% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. A expectativa, segundo consenso Refinitiv, era que o IPCA-15 avançasse 0,64% frente junho de 2021 e 8,50% na comparação com julho de 2020.

Com o avanço da prévia da inflação acima do esperado pelo mercado, cresceram também as apostas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumente a Selic em 1 ponto percentual em agosto.

Entre os analistas que apostam em uma alta desse patamar estão os do Morgan Stanley. Em relatório, os especialistas do banco destacaram que “mesmo que as expectativas para a inflação em 2022 ainda estejam comportadas, isso é reflexo de estimativas de desaceleração para as tarifas de energia elétrica e não pelo sentimento de um comportamento geral da inflação mais benigno”.

Ainda no cenário local, os investidores monitoram as notícias sobre a reforma ministerial que será feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em três pastas: Casa Civil, Secretaria-Geral da Presidência e Ministério do Trabalho e da Previdência, que será recriado com a publicação de medida provisória que propõe a divisão do Ministério da Economia.

Em entrevista à Rádio Banda B, de Curitiba (PR), Bolsonaro confirmou ontem que pretende colocar o senador Ciro Nogueira (PP-PI) para assumir a Casa Civil no lugar do general Luiz Eduardo Ramos. “A princípio é ele [Ciro Nogueira]. Conversei com ele já, ele aceitou. Ele está em recesso, chega em Brasília segunda-feira, converso com ele, acertamos os ponteiros. E a gente toca o barco. É uma pessoa que eu conheço há muito tempo, ele chegou em 95 na Câmara, eu cheguei em 91″, destacou o presidente.

Já Onyx Lorenzoni, que estava na Secretaria-Geral da Presidência, foi contemplado com o Ministério do Trabalho e Emprego. O presidente também afirmou que a criação do Ministério do Trabalho não terá impacto econômico porque não serão criados novos cargos. Ele disse ainda que o ministro da Economia, Paulo Guedes, concordou com o desmembramento.

Ontem, o ministro Paulo Guedes reforçou a fala de Bolsonaro e disse que as mudanças não trazem risco à política econômica. “Está havendo uma reorganização interna sem nenhuma ameaça ao coração da política econômica, zero ameaça”, afirmou.

Cenário internacional

No radar econômico internacional, Janet Yellen, secretária do Tesouro dos Estados Unidos, enviou, nesta sexta-feira, uma carta à liderança do Congresso pedindo que seja aprovada com rapidez a elevação do teto da dívida.

No documento, ela destacou que, se o Legislativo não atuar para suspender ou elevar o limite da dívida até 2 de agosto, o Tesouro vai ter que adotar “certas medidas extraordinárias para evitar que os Estados Unidos entrem em default em suas obrigações”,

Yellen afirmou ainda que a medida não representa um aumento dos gastos, nem uma autorização para gastos de propostas orçamentárias futuras, mas “simplesmente que o Tesouro pague os gastos anteriormente aprovados”.

Já na zona do euro, o Banco Central Europeu informou ontem que manteve sua política monetária, mas mudou o discurso e prometeu manter uma posição “persistentemente acomodativa”, em meio à nova meta de inflação.

No Reino Unido, o Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês) apresentou hoje que as vendas no varejo subiram 0,5% em junho na comparação com maio. Os dados surpreenderam analistas consultados pelo Wall Street Journal, que esperavam recuo de 0,6%. Na comparação anual, o indicador de junho mostrou salto de 9,7%, ante expectativa de 9,0%.

Guilherme Benchimol revela os segredos de gestão das maiores empresas do mundo no curso gratuito Jornada Rumo ao Topo. Inscreva-se já.