Prévia da inflação, IPCA-15 sobe 0,72% em julho, maior variação para o mês desde 2004 e acima do esperado pelo mercado

A expectativa, segundo consenso Refinitiv, era de alta de 0,64% frente junho de 2021 e de 8,50% na comparação com julho de 2020.

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,72% em julho frente junho, após registrar alta de 0,83% em junho de 2021 na comparação mensal. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Essa foi a maior variação para um mês de julho desde 2004, quando o índice foi de 0,93%. No ano, o índice acumula alta de 4,88% e, em 12 meses, de 8,59%, acima dos 8,13% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em julho de 2020, a variação havia sido de 0,30%.

O resultado ficou acima do esperado. A expectativa, segundo consenso Refinitiv, era de alta de 0,64% frente junho de 2021 e de 8,50% na comparação com julho de 2020.

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Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta de preços em julho. O maior impacto (0,33 p.p.) e a maior variação (2,14%) vieram de Habitação. A segunda maior contribuição veio dos Transportes (1,07% e 0,22 p.p.), embora tenha desacelerado em relação ao mês anterior (1,35%).

Na sequência, veio Alimentação e bebidas (0,49%), cujo resultado ficou acima do IPCA-15 de junho (0,41%) e contribuiu com 0,10 p.p. no índice do mês. O grupo Saúde e cuidados pessoais (-0,24%), por sua vez, apresentou queda em relação ao mês anterior e contribuiu com -0,03 p.p. no índice geral. Os demais grupos ficaram entre o -0,04% de Comunicação e o 0,81% de Artigos de residência.

O resultado do grupo Habitação (2,14%) foi influenciado pela alta da energia elétrica (4,79%), que acelerou frente a junho (3,85%) e exerceu o maior impacto (0,21 p.p.) no IPCA-15 de julho. A bandeira tarifária vermelha patamar 2 vigorou nos meses de junho e julho, mas, a partir de 1º de julho, houve reajuste de 52% no valor adicional dessa bandeira tarifária, que passou a cobrar R$9,492 a cada 100 kWh consumidos. Antes, o acréscimo era de R$6,243. Além disso, o resultado é consequência dos reajustes tarifários de 11,38% em São Paulo (6,29%), a partir de 4 de julho, e de 8,97% em Curitiba (9,41%), a partir de 24 de junho.

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Ainda em Habitação, os preços do gás de botijão (3,89%) e do gás encanado (2,79%) também subiram. No subitem gás encanado, a alta decorre do reajuste de 9,63% no segmento residencial em São Paulo (4,90%) a partir de 31 de maio. Destaca-se também a variação da taxa de água e esgoto (0,21%), por conta dos reajustes de 6,90% em Porto Alegre (1,54%), vigente desde 1º de julho, e de 5,78% em Curitiba (0,51%), ocorrido em 17 de maio. Em Brasília (-0,35%), houve redução média de 2,74% a partir de 1º de junho.

No grupo dos Transportes (1,07%), a principal contribuição veio das passagens aéreas (35,64% e 0,11 p.p.), que haviam caído 5,63% em junho. Ainda nos transportes públicos (4,14%), o ônibus urbano subiu 0,16%, com o reajuste de 5,49% nas tarifas em Porto Alegre (2,20%), a partir de 2 de julho. A alta de 0,15% no ônibus intermunicipal também foi influenciada pelo reajuste de 4,83% em Porto Alegre (1,80%), a partir de 1º de julho.

Os veículos próprios, que haviam subido 0,32% em junho, tiveram alta de 0,73% em julho. As motocicletas (1,93%), os automóveis usados (1,26%) e os automóveis novos (0,30%) permaneceram em alta e contribuíram conjuntamente com 0,04 p.p. no índice do mês. Ademais, alguns produtos e serviços relacionados a estes subitens, como pneu (2,76%), seguro voluntário de veículo (1,95%) e conserto de automóvel (0,40%), tiveram comportamento semelhante. A alta de 2,44% de pedágio foi influenciada por reajustes em diversas praças, a partir de 1º de julho, em São Paulo (3,11%) e em Curitiba (0,33%).

Ainda em Transportes, os preços dos combustíveis (0,38%) desaceleraram em relação a junho (3,69%). A gasolina subiu 0,50% em julho e acumula alta de 40,32% em 12 meses.

Em Alimentação e bebidas (0,49%), a alimentação no domicílio passou de 0,15% em junho para 0,47% em julho. Contribuíram para essa aceleração as altas do leite longa vida (4,09%), do frango em pedaços (3,09%), das carnes (1,74%) e do pão francês (1,81%). Por outro lado, permanecem em queda os preços da cebola (-15,94%), da batata-inglesa (-14,77%), das frutas (-1,33%) e do arroz (-1,14%).

Na alimentação fora do domicílio (0,52%), o movimento foi inverso. Tanto o lanche (0,55%) quanto a refeição (0,53%) desaceleraram em relação a junho, quando registraram altas de 1,67% e 0,86%, respectivamente.

A variação negativa do grupo Saúde e cuidados pessoais (-0,24%) reflete a queda no item plano de saúde (-1,36% e -0,05 p.p.), decorrente do reajuste de -8,19% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 8 de julho, com vigência retroativa a maio de 2021 e cujo ciclo se encerra em abril de 2022. Desse modo, no IPCA-15 de julho foram apropriadas as frações mensais relativas aos meses de maio, junho e julho.

Todas as dezesseis áreas pesquisadas apresentaram variação positiva. O menor resultado ocorreu em Brasília (0,38%), influenciado pela queda nos preços das frutas (-7,43%) e das roupas femininas (-2,92%). Já a maior variação foi registrada em Curitiba (1,19%), onde pesaram as altas da energia elétrica (9,41%) e das passagens aéreas (39,92%).

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados entre 15 de junho e 13 de julho de 2021 (referência) e comparados aos vigentes de 14 de maio a 14 de junho de 2021 (base). O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. A metodologia é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.

Confira a metodologia dos diferentes índices assistindo ao vídeo abaixo: 

(com Agência de Notícias do IBGE)

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