Tesouro Direto: taxas operam sem direção única; prefixados oferecem até 12,16% ao ano

Investidores repercutem Relatório Trimestral de Inflação do BC, além de incertezas no exterior

Bruna Furlani Katherine Rivas

(Getty Images)

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As taxas dos títulos públicos operam sem direção única na tarde desta quinta-feira (29). Nos prefixados, as taxas avançam até 3 pontos-base, já nos papéis de inflação o movimento é misto.

Segundo Flavio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos, o movimento das taxas repercute os dados apresentados no Relatório Trimestral de Inflação (RTI). No documento, o Banco Central (BC) informou que elevou a previsão de crescimento do PIB neste ano de 1,7% para 2,7%. A revisão leva em conta a expectativa de que a atividade no terceiro trimestre seja mais positiva do que o esperado. Para 2023, a perspectiva é de expansão de 1,0%.

A autoridade monetária também alterou as projeções para a inflação, que estão agora em 5,8% para 2022, 4,6% para 2023 e 2,8% para 2024. Em 2025, a expectativa também é de 2,8%. No RTI de junho, as estimativas estavam em 8,8% para 2022, 4,0% para 2023 e 2,7% para 2024.

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As projeções para a inflação divulgadas hoje até o ano de 2024 já tinham sido antecipadas na ata do Comitê de Política Monetária (Copom).

“Durante a apresentação, Roberto Campos Neto, presidente do BC, afirmou que baseado no cenário do Relatório Focus para a taxa Selic, seriam possíveis cortes na taxa de juros a partir de junho de 2023 porque o BC conseguiu atingir as metas de inflação no horizonte relevante”, afirma Serrano.

Já no cenário externo, Serrano destaca que as incertezas continuam diante de uma possível desaceleração econômica nos países desenvolvidos.

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Destaque também para o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que caiu 0,95% em setembro.

Dentro do Tesouro Direto, as taxas dos prefixados apresentavam alta, com destaque para os títulos de curto prazo. O Tesouro Prefixado 2025 oferecia às 15h22 um retorno anual de 11,74%, superior aos 11,71% vistos ontem.

Já o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, registrava uma rentabilidade anual de 12,16%, acima dos 12,14% da quarta-feira (28).

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A taxa do Tesouro Prefixado 2029 permanecia estável.

Nos títulos atrelados à inflação, o Tesouro IPCA+ 2026 apresentava alta nas taxas. O título público oferecia na última atualização desta quinta-feira (29) um ganho real de 5,76%, superior aos 5,71% da sessão anterior.

As outras taxas operavam com estabilidade ou queda de até 2 pontos-base. O maior ganho real registrado nesta sessão era de 5,82%, do Tesouro IPCA+ 2055.

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Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta quinta-feira (29):  

Fonte: Tesouro Direto

RTI

O destaque da agenda econômica local está no RTI. No documento, o BC disse que o ambiente inflacionário segue desafiador. “Observa-se uma normalização incipiente nas cadeias de suprimento e uma acomodação nos preços das principais commodities no período recente, o que deve levar a uma moderação nas pressões inflacionárias globais ligadas a bens”, informou a autoridade monetária.

Sobre o a economia brasileira, o BC disse que os dados divulgados desde o último Relatório Trimestral mostraram crescimento no segundo trimestre mais expressivo do que se projetava. O PIB cresceu 1,2% no segundo trimestre em relação ao trimestre anterior, terceiro resultado consecutivo com ritmo de alta elevado. O crescimento foi 1,2 ponto porcentual superior ao que indicava a variação interanual.

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Por isso, a projeção de crescimento do PIB em 2022 passou para 2,7%, ante expectativa de 1,7% no Relatório anterior. Além de vários dados de atividade terem surpreendido no período, o BC  destaca estímulos não contemplados anteriormente – em especial o aumento do valor do benefício do Auxílio Brasil – e o arrefecimento da inflação.

Ao analisar o relatório, o Bradesco destacou que o RTI não trouxe grandes mudanças em relação ao que estava na ata do Copom e no comunicado sobre os próximos passos da política monetária.

Em relatório enviado a clientes, os analistas do banco afirmaram que o destaque é que a autoridade monetária continuará “vigilante” e deverá manter os juros altos por período prolongado para garantir a convergência da inflação.

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CDBs e Tesouro Selic

Levantamento da Quantum Finance apontou que a taxa média entregue por Certificados de Depósito Bancário (CDBs) apresentou queda, na maior parte dos prazos, após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do dia 21 deste mês.

Entre os dias 12 e 27 de setembro, o maior recuo foi registrado por CDBs com vencimento em seis meses, no caso de papéis atrelados ao CDI (taxa de referência da renda fixa acompanha a evolução da Selic). Confira mais detalhes nesta matéria.

Além de CDBs, destaque para os títulos públicos. A escalada rápida da Selic impulsionou também o investimento em papéis com retorno atrelado à taxa básica de juros disponíveis no Tesouro Direto. Prova disso é que as vendas do papel Tesouro Selic em agosto alcançaram R$ 2,4 bilhões, maior valor desde agosto de 2021. Os dados são do Tesouro Nacional.

O papel foi o único que registrou aumento dos investimentos na comparação com julho, mês em que as vendas de Tesouro Selic somaram R$ 1,98 bilhão, segundo o Tesouro Nacional. O avanço em agosto, ante julho, portanto, foi de 22%.

Recessão na Europa e Rússia

Os mercados europeus também operam em baixa na sessão de hoje, após o otimismo ontem (28) com anúncio do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) de comprar títulos em um esforço para ajudar a estabilizar o mercado financeiro e a libra esterlina perder o ímpeto.

A libra tem sido negociada próxima das mínimas históricas em relação ao dólar nos últimos dias.

Também na cena externa, o presidente do Banco Mundial, David Malpass, afirmou que há um aumento na possibilidade de recessão na Europa, além de uma crise mais prolongada na zona do euro.

Em evento na Universidade de Stanford, o dirigente avaliou que pode demorar anos para ocorrer uma menor dependência da energia russa, aumentando assim o risco de estagflação.

Destaque também para notícia vinda da Rússia, com o anúncio de anexação dos territórios controlados pelos russos na Ucrânia. Segundo a mídia internacional, o presidente russo Vladimir Putin deve realizar amanhã (30) um discurso sobre o assunto.

Nos últimos dias, a Rússia promoveu uma espécie de referendo de anexação em quatro regiões que são controladas parcialmente por Moscou: Donetsk e Lugansk, além de Kherson e Zaporizhzhia, o que representa cerca de 15% do território ucraniano.