Rentabilidade dos CDBs recua após Copom manter Selic em 13,75%; taxa máxima cai para 118% do CDI

Levantamento da Quantum Finance mostra que retorno de CDBs atrelados ao IPCA também diminuiu

Bruna Furlani

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A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a Selic em 13,75% na última quarta-feira (21) e encerrar um ciclo de 12 altas consecutivas provocou um rearranjo nos retornos oferecidos por Certificados de Depósito Bancário (CDBs). Entre os dias 12 e 27 de setembro, a taxa média entregue pelos papéis apresentou queda, na maior parte dos prazos.

É isso o que mostra um levantamento feito pela Quantum Finance, empresa de soluções para o mercado financeiro, a pedido do InfoMoney. Entre os papéis atrelados ao CDI (taxa de referência da renda fixa acompanha a evolução da Selic), o maior recuo foi visto nos CDBs com vencimento em seis meses.

Para esses prazo, a rentabilidade média caiu de 102,38% do CDI no levantamento anterior, feito entre 29 de agosto e 12 de setembro, para 100,27% do CDI agora. Os dados são brutos e não levam em conta o desconto do Imposto de Renda (IR).

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Da mesma forma, houve queda no retorno médio de títulos com prazo de dois anos, de 101,38% na quinzena anterior para 100,66% do CDI no levantamento atual.

Além do recuo nas taxas médias, a rentabilidade mais elevada obtida por um CDB atrelado ao CDI caiu para 118,80% do CDI, contra 122% do CDI entre os dias 29 de agosto e 12 de setembro.

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O produto que oferecia o maior retorno era emitido pelo Banco Pine, com vencimento a partir de 36 meses. Segundo a Fitch, a instituição apresenta classificação de risco de crédito (rating) nacional de longo prazo BB+, ou seja, nível com grau especulativo (qualidade inferior ao grau de investimento).

Retornos brutos de CDBs indexados ao CDI (de 12/09 a 27/09)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 DI 83,00% 100,82% 104,00%                               64 BANCO ABC BRASIL
6 DI 97,50% 100,27% 106,00%                               45 BANCO BMG
12 DI 90,00% 101,72% 117,00%                               82 BANCO MERCANTIL BRASIL
24 DI 98,00% 100,66% 118,00%                               85 BANCO MERCANTIL BRASIL
36+ DI 96,00% 102,80% 118,80%                               56 BANCO PINE

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

CDBs atrelados à inflação

Papéis com remuneração atrelada ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também registraram movimento parecido nos últimos 15 dias. Segundo o levantamento da Quantum, a queda mais expressiva ao comparar as taxas médias foi vista entre CDBs com vencimento a partir de 36 meses.

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Nesse caso, um CDB para esse prazo oferecia na última quinzena um retorno médio de 6,05% acrescido de IPCA, enquanto na quinzena anterior o título entregava uma rentabilidade média real de 6,29%.

Não foram só as taxas médias que recuaram. O estudo indicou ainda que o juro real máximo oferecido por produtos com vencimento em 12 meses recuou de 9,81% para 9,64%, e de 6,54% para 6,48% no caso de papéis com prazo a partir de 36 meses.

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Apenas o papel com vencimento em 24 meses registrou leve aumento na taxa real máxima oferecida, passando de 7,31% para 7,35% nos últimos 15 dias.

Retornos brutos de CDBs indexados à inflação (de 12/09 a 27/09)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
12 100% IPCA 7,35% 8,82% 9,64%                  250 BANCO BTG PACTUAL
24 100% IPCA 5,80% 6,91% 7,35%                    27 BANCO BTG PACTUAL
36+ 100% IPCA 5,25% 6,05% 6,48%                     10 BANCO BTG PACTUAL

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

CDBs prefixados

Já entre os papéis prefixados, o movimento foi misto. É possível perceber que as taxas médias de títulos com vencimento em até seis meses apresentaram leve alta. Uma possível explicação está no fato de que antes da decisão do Copom uma pequena parcela dos agentes financeiros ainda acreditava que a Selic poderia ser elevada em 0,25 ponto percentual, para 14% ao ano, na reunião da última quarta-feira (21).

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Como o levantamento engloba alguns dias antes e outros depois da reunião de política monetária, é possível que esse movimento tenha contaminado as taxas de papéis mais curtos. Nesse sentido, a rentabilidade média dos CDBs prefixados de três meses subiu de 13,81% para 13,84%, assim como a de seis meses avançou de 13,82% para 13,89%.

Da mesma forma, os retornos máximos oferecidos por papéis prefixados aumentou para vencimentos entre três e 12 meses. No caso do título de seis meses, por exemplo, a remuneração avançou de 14,24% para 14,40%.

O CDB que oferecia o juro mais elevado entre os prefixados era emitido pela BGN Leasing, instituição que foi adquirida pela JSL em 2014.

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Retornos brutos de CDBs prefixados (de 12/09 a 27/09)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 PREFIXADO 13,46% 13,84% 14,29%                               86 BANCO BTG PACTUAL
6 PREFIXADO 13,50% 13,89% 14,40%                               41 BGN LEASING  ARREND MERCANTIL
12 PREFIXADO 13,18% 13,71% 14,21%                               31 BANCO DAYCOVAL
24 PREFIXADO 11,10% 12,48% 14,09%                               23 BANCO RODOBENS
36+ PREFIXADO 12,20% 12,80% 13,18%                               19 BANCO DAYCOVAL

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

Olho no RTI e no PCE

Após dias marcados pela divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) e pela ata do Copom, o restante da semana reserva a apresentação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) no Brasil na quinta-feira (29) e do indicador de consumo pessoal (PCE) de setembro nos Estados Unidos, que é considerado o índice preferido do Federal Reserve (Fed, banco central americano), na sexta-feira (30).

No caso do RTI, a expectativa é de que o relatório não provoque grandes mudanças na curva de juros. Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, afirma que o IPCA-15 mostrou números melhores de inflação e que ele representa um dado já realizado, ao contrário do relatório trimestral do BC, que traz um panorama.

Porém, ele diz que não é possível descartar totalmente mudanças. “Se o RTI trouxer uma informação que esteja desalinhada com a expectativa do mercado, pode ser que tenha uma reprecificação. De qualquer forma, a própria ata já pode ter antecipado isso”, observa.

De acordo com o documento divulgado na última terça-feira (27) pelo Banco Central com detalhes sobre a última reunião, as projeções de inflação estavam em 5,8% para 2022, 4,6% para 2023 e 2,8% para 2024.

Segundo Roberto Padovani, economista-chefe do BV, os últimos números de inflação têm se mostrado melhores, com destaque para o IPCA-15 de setembro, que ficou negativo em 0,37%.

Para além do número, Padovani chama atenção para a estabilização vista no núcleo da prévia da inflação oficial, especialmente de serviços. Na avaliação do executivo, o dado é animador. O setor vinha bastante pressionado nos últimos tempos com a reabertura da economia.

Outro destaque da agenda está no PCE. Segundo o consenso Refinitiv, o indicador deve registrar alta de 0,4% em setembro, na comparação com agosto, e de 4,7% na comparação anual.

Além do índice, discursos de dirigentes do Fed podem balançar o mercado nos próximos dias. Jerome Powell, presidente da autoridade monetária americana, por exemplo, discursa nesta quarta-feira (28).

Em suas últimas declarações, Powell adotou uma postura mais dura ao destacar que o Fed precisa estar confiante de que a inflação desacelerou para reduzir os juros no País. Na semana passada, a autoridade monetária elevou os juros para a faixa entre 3% e 3,25%.

Segundo os contratos futuros dos Fed Funds disponíveis na plataforma da CME Group, a expectativa é de que o Fed eleve mais uma vez os juros em 0,75 ponto percentual na próxima reunião em novembro, para 3,75% e 4,00%.

Tais movimentos têm ajudado a pressionar os rendimentos dos títulos americanos (Treasuries). Na máxima intradiária desta quarta-feira (28), a taxa oferecida pelo papel de 10 anos chegou a ultrapassar os 4%, algo que não era visto desde 2010.

Padovani, do BV, explica que historicamente a subida nos rendimentos do papel de 10 anos nos EUA tende a afetar a curva de juros longa no Brasil. Soma-se a isso, a preocupação fiscal em torno do próximo governo e o movimento esperado é que a parte mais longa da curva estivesse mais alta do que a curta.

O problema é que isso não tem ocorrido. Para o economista, a curva mostra que os dois fatores não estão em ação. Embora a situação seja atípica, o especialista pondera que é difícil prever quando ela vai se normalizar e a curva passará a oferecer juros mais altos na parte mais longa e não na parte mais curta.