Tesouro Direto: juros recuam em dia de Copom; taxa máxima entre prefixados é de 12,89%

Ganho real dos papéis atrelados à inflação chega a 6,23% ao ano

Katherine Rivas

(Getty Images)

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As taxas dos títulos públicos recuam na tarde desta quarta-feira (3), em dia de decisão do Comitê de Política de Monetária (Copom), que deve elevar a Selic para 13,75% ao ano, segundo estimativas do mercado.

Nos prefixados, as taxas recuam até 24 pontos-base. Já nos papéis de inflação, a baixa nos retornos reais chega até 11 pontos-base. O movimento é oposto ao visto na terça-feira (2), quando as taxas avançaram, puxadas pelo noticiário externo.

Segundo Igor Cavaca, gestor da Warren Asset Management, a queda acentuada nas taxas ocorre por conta de uma crença do mercado de que esta poderia ser a última reunião do Copom em que veremos um aumento da Selic.

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A principal justificativa do mercado, de acordo com gestor, é a proximidade das eleições. “Existe uma certa resistência do Banco Central de realizar políticas de aperto monetário perto das eleições, porque podem ser associadas a decisões políticas”, explica.

Além disso, Cavaca destaca que o mercado já está precificando uma taxa de juros terminal menor nos Estados Unidos, o que também reduz a probabilidade de juros maiores no Brasil. Em consequência, as taxas recuam por conta da redução dos prêmios de risco e as expectativas de melhora na economia brasileira.

Dentro do Tesouro Direto, a maior queda era nas taxas dos títulos de curto prazo. O Tesouro Prefixado 2025 oferecia às 15h25 um retorno anual de 12,53%, inferior aos 12,77% vistos na sessão anterior.

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Já o Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentavam uma rentabilidade anual de 12,77% e 12,89%, respectivamente, abaixo dos 12,96% e 13,02% registrados na terça-feira (2).

Nos títulos atrelados à inflação, a maior queda nas taxas era no título com vencimento em 2026.

O Tesouro IPCA+ 2026 oferecia um ganho real de 5,85%, na última atualização desta quarta-feira (3), inferior aos 5,96% vistos ontem.

As outras taxas recuavam entre 3 e 11 pontos-base. O maior ganho real registrado era de 6,23%.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta quarta-feira (3):

Fonte: Tesouro Direto

Longe do fim

Segundo o presidente do Federal Reserve (Fed) de Minneapolis, Neel Kashkari, o banco central está focado “a laser em reduzir a inflação”. E uma vez que siga aumentando as taxas de juros é “mais provável” mantê-las lá em cima.

Para ele, é improvável o Fed cortar as taxas em 2023, e deve ainda levar alguns anos para os Estados Unidos recuperarem a inflação de 2%, meta da autoridade monetária.

De acordo com Kashkari, “em um mundo com oferta constrangida, ainda precisamos reduzir a inflação para 2%”.

Ele ainda acrescentou querer um crescimento real de salários que seja consistente com a meta de 2% de inflação.

Preços dos ativos estão “aceitáveis”

Após um período complicado para os mercados de renda variável ao redor do mundo, que precificaram uma desaceleração global e inflação mais persistente, a impressão agora é de que os preços já estão “aceitáveis” e não há ativos “insanamente altos”, segundo Howard Marks, sócio-fundador e co-chairman da gestora Oaktree Capital Management.

A afirmação foi feita nesta quarta-feira (3) durante a participação de Marks em um painel da Expert XP, maior festival de investimentos do mundo.

Para Marks, os preços passaram do ponto de “muito otimismo” e agora estão em um período em que parece que “não há excessos”.

Em sua justificativa, afirmou que os investidores estavam bastante otimistas no fim de 2021 com a vacina contra o coronavírus e a retomada da economia. A situação, no entanto, parece ter se invertido quando o mercado começou a se preocupar com a inflação e com a postura que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) teria que adotar para controlar a alta de preços, o que envolveria colocar a economia americana em recessão.

Nancy Pelosi deixa Taiwan

A presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, deixou Taiwan nesta quarta-feira depois de ter prometido solidariedade e saudado a democracia, deixando um rastro de raiva chinesa por causa de sua breve visita à ilha autogovernada que Pequim reivindica como parte de seu território.

Pelosi, cuja delegação fez uma parada não anunciada (mas vigiada de perto) em Taiwan na terça-feira, após visitas a Cingapura e Malásia, deve continuar seu tour pela Ásia, agora rumo a Coreia do Sul e Japão. Seu avião decolou de um aeroporto na capital Taipé por volta das 18h no horário local (7h em Brasília).

A democrata visitou a ilha à revelia da Casa Branca e foi recebida pelas autoridades locais. “Viemos em amizade a Taiwan, viemos pela paz na região”, disse Pelosi em discurso no Yuan Legislativo, parlamento unicameral do país, antes de sua partida.

Em seguida, a americana foi recebida pela presidente de Taiwan, Tsai Ing-Wen, e prometeu que os EUA “não abandonarão seu compromisso” com a ilha. Além disso, garantiu apoio bipartidário do Congresso à causa taiwanesa. “A América está com Taiwan”, declarou.

Pelosi ainda ressaltou o desejo de ampliar a cooperação econômica entre os dois países e até acenou sobre um possível acordo comercial, que pode ser “iminente”. “Sei que algumas empresas taiwanesas importantes estão planejando investir nos EUA”, afirmou. Já Tsai Ing-Wen disse que Taiwan não vai recuar diante das “ameaças militares” da China e vai continuar mantendo a “linha da defesa da democracia”.

Essa é a primeira vez em 25 anos que um presidente da Câmara dos Estados Unidos visita Taiwan. A última havia sido com o republicano Newt Gingrich, em 1997, quando a China ainda era um país consideravelmente menos poderoso. Nos últimos anos, no entanto, o presidente Xi Jinping tem falado abertamente em “reunificar” Taiwan, que Pequim considera como uma “província rebelde”.

Fuga dos gringos

Segundo dados da B3, no primeiro pregão de agosto, foram retirados R$ 90,205 milhões em recursos de investidores estrangeiros.

Assim o saldo positivo acumulado no ano passa a R$ 53,669 bilhões. No dia 1º de agosto, o Ibovespa fechou com queda de 0,91%, aos 102.225 pontos.

Selic

Nesta quarta-feira (3), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e os oito diretores da instituição têm mais uma rodada de discussões antes de indicarem o novo patamar da Selic (taxa básica de juros), atualmente em 13,25% ao ano.

A expectativa majoritária do mercado financeiro é de alta de 0,50 ponto porcentual dos juros básicos, para 13,75% ao ano, conforme 49 das 51 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast. Uma casa espera aumento de 0,25 ponto, para 13,50% ao ano, enquanto uma projeta a manutenção do patamar atual da Selic. O consenso Refinitiv com 34 instituições também projeta alta de 0,5 ponto nos juros.

A aposta quase unânime na elevação da taxa a 13,75% segue sinalização dada pelo Copom no último encontro, em junho. “Para a próxima reunião, o Comitê antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude”, disse o Comitê no comunicado da decisão passada, quando elevou os juros também em 0,5 ponto.

Caso esse aumento seja confirmado, os juros básicos atingirão o mesmo patamar de janeiro de 2017. Será a 12ª alta consecutiva neste ciclo de aperto monetário, que já é o mais longo da história do Copom.

Desde o primeiro movimento, em março de 2021, a taxa já subiu 11,75 pontos porcentuais, o maior choque de juros desde 1999, quando, durante a crise cambial, o BC elevou a Selic em 20 pontos porcentuais de uma vez só. Em junho, o BC ainda indicou que mirava numa inflação mais próxima do centro da meta de 2023 (3,25%) do que sua projeção de 4%.

Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.