Preços dos ativos estão “aceitáveis” e não parece haver excessos nos mercados, diz Howard Marks

Em painel no evento, sócio-fundador da gestora Oaktree se disse preocupado com inflação americana e afirmou que ela só deve retornar aos 4% daqui a um ano

Bruna Furlani

Publicidade

Após um período complicado para os mercados de renda variável ao redor do mundo, que precificaram uma desaceleração global e inflação mais persistente, a impressão agora é de que os preços já estão “aceitáveis” e não há ativos “insanamente altos”, segundo Howard Marks, sócio-fundador e co-chairman da gestora Oaktree Capital Management.

A afirmação foi feita nesta quarta-feira (3) durante a participação de Marks em um painel da Expert XP — para acompanhar as palestras online ou presencialmente em São Paulo, inscreva-se aqui. O painel contou ainda com a participação de Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP, e Jennie Lie, estrategista da corretora.

Para Marks, os preços passaram do ponto de “muito otimismo” e agora estão em um período em que parece que “não há excessos”.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Em sua justificativa, afirmou que os investidores estavam bastante otimistas no fim de 2021 com a vacina contra o coronavírus e a retomada da economia. A situação, no entanto, parece ter se invertido quando o mercado começou a se preocupar com a inflação e com a postura que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) teria que adotar para controlar a alta de preços, o que envolveria colocar a economia americana em recessão.

“No meio de junho [deste ano], eu estava pronto para ficar mais agressivo porque achei que os preços estavam muito baixos, pois a psicologia estava muito negativa”, pondera, fazendo referência a um cenário em que os investidores passaram a precificar uma economia extremamente ruim e os preços recuaram bastante.

Para Marks, o momento atual exige cautela e o mais adequado é não estar nem muito agressivo, nem muito defensivo. “Acho que seria um erro estar superagressivo ou muito otimista agora”, avalia.

Continua depois da publicidade

O impacto da inflação

Ao ser questionado sobre como vê o cenário para a alta de preços nos próximos anos, Marks ponderou que, antes da pandemia, a inflação tinha ficado muito tempo abaixo de 2% – e, agora, está na casa dos 9%. Para ele, a inflação deve seguir elevada e recuar para o patamar de 4% daqui a um ano.

Diante de dinâmicas inflacionárias mais persistentes, Marks chama a atenção para o fato de que o Fed está subindo os juros, o que tende a reduzir o valor dos ativos. Na prática, isso ocorre porque a taxa de desconto dos ativos acompanha a alta e também fica mais elevada. Logo, quando o ativo é trazido a valor presente, seu valuation costuma ser menor.

Para se proteger contra a inflação, uma das alternativas encontradas pelo megainvestidor foi comprar apartamentos, porque os aluguéis podem ser reajustados. O sócio-fundador da Oaktree disse ainda que é fundamental alocar em companhias que conseguem repassar os custos para os consumidores.

As dicas de Howard Marks

Embora o cenário seja extremamente difícil, Marks admitiu que investir não é uma tarefa fácil. “Você deve ser modesto em suas expectativas e modesto ao acreditar em suas capacidades. Você também não deve tentar entrar e sair, acreditando que estará sempre certo. Se tentar fazer isso, você poderá estar sempre errado”, afirmou.

Na avaliação do megainvestidor, o mercado sempre irá flutuar – o importante é que o investidor não flutue junto com ele. Segundo ele, se o investidor se juntar à multidão quando ela estiver otimista, os preços provavelmente estarão muito altos. Já se tentar participar da manada quando houver muito pessimismo e aproveitar para vender, os preços estarão muito baixos.

Em ambos os cenários, diz, o resultado será ruim – e, com certeza, os resultados do investidor não ficarão acima da média.

Ainda não investe no exterior? Estrategista da XP dá aula gratuita sobre como virar sócio das maiores empresas do mundo, direto do seu celular – e sem falar inglês