Tesouro Direto: juros terminam dia com movimento misto; Prefixado 2029 oferece 13,20% com mercado repercutindo comunicado do Copom

Agentes repercutem inclusão de cenário alternativo de manutenção da Selic em 13,75% por um período mais prolongado no comunicado

Bruna Furlani Neide Martingo

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Os juros dos títulos públicos apresentam movimento misto na tarde desta quinta-feira (2), com alguns papéis operando com estabilidade nas taxas e outros com alta. Durante boa parte do dia, houve queda nos retornos. O mercado passou por uma rápida suspensão de manhã e, no retorno dos negócios, o recuo havia se acentuado.

Às 17h12, o piso mínimo era oferecido pelo Tesouro Prefixado 2026, no valor de 12,97% ao ano, percentual ligeiramente acima dos 12,96% vistos na abertura de hoje e dos 12,90% registrados na véspera.

Já o juro mais elevado oferecido por prefixados era entregue pelo Tesouro Prefixado 2029, no valor de 13,20%, percentual superior aos 13,17% do início do dia e dos 13,19% vistos na véspera (1). Os papéis atrelados à inflação  ofereciam remunerações reais de até 6,49% ao ano, caso do Tesouro IPCA+2045. Um dia antes, esse título entregava  taxa igual. Já o IPCA+2035 oferecia juros de 6,42%; nesta quarta-feira, eram de 6,44%.

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O recado mais duro do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira (1), logo após ter anunciado a manutenção da taxa básica de juros em 13,75% ao ano, está levando a um ajuste de rota de várias casas de investimentos. Pelas avaliações, a manutenção da Selic por mais tempo no atual patamar saiu do campo da probabilidade para algo mais concreto. Quem não alterou suas projeções é porque já estava com uma leitura mais conservadora do que o consenso.

O movimento levou a uma forte abertura da curva de juros futuros nesta quinta-feira, na contramão do recuo visto no Tesouro Direto. “O comunicado mais duro do Comitê de Política Monetária, que manteve a Selic em 13,75% ao ano, provoca efeito nos vértices mais curtos e intermediários da curva, fazendo com que subam. Isso acaba precificando o discurso de que a Selic vai ter que permanecer neste patamar atual por um período mais longo”, afirma Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.

O lado bom do comunicado, segundo ele, é que o Copom não espera ter que aumentar os juros – se vier uma contrapartida. “Isso acaba sendo dependente da política fiscal. No geral, o mercado começou a ficar mais alinhado com o cenário que o Copom enxerga”.

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O discurso mais hawkish (inclinado ao aperto monetário) pelo Banco Central brasileiro foi acompanhado por um tom considerado ambíguo do Federal Reserve (Fed, banco central americano) lido como mais duro em certos momentos e mais dovish (menos inclinado ao aperto monetário) em outros, na visão de agentes financeiros. A autoridade monetária americana reduziu o ritmo de alta dos juros para 0,25 ponto percentual ontem, mas deu a entender que o ciclo permanecerá além do previsto pelos mercados.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta quinta-feira (2): 

Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

FMI e juros

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), os bancos centrais devem comunicar claramente a necessidade das taxas de juros permanecerem altas por mais tempo. À medida que os BCs se aproximam de um pico em suas taxas de juros e a inflação começa a recuar, os investidores apostam em cortes. “Os bancos centrais devem comunicar a provável necessidade de manter as taxas de juros mais altas por mais tempo até que haja evidências de que a inflação tenha retornado de forma sustentável à meta”, disse o chefe do Departamento de Mercado Monetário e de Capitais do FMI, Tobias Adrian. “Afrouxar prematuramente pode trazer um forte ressurgimento da inflação e desancorar as expectativas”. O FMI acredita que a fala de ontem do presidente do Fed, Jerome Powell, que reiterou que o banco central não planeja cortar as taxas este ano, foi ignorada pelos investidores, que apostaram no contrário. As informações são da Reuters.

Dólar

O dólar comercial registrou uma sessão movimentada nesta quinta-feira (2). Repercutindo principalmente as recentes decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos na véspera, a moeda americana já abriu em forte queda, chegando a uma mínima de R$ 4,94, com baixa de 2,45%, abaixo de R$ 5 pela primeira vez desde junho do ano passado.

Contudo, ao longo do dia, a divisa foi se recuperando, voltou para a casa dos R$ 5 por volta das 15h (horário de Brasília) e fechou na casa dos R$ 5,04, com uma queda modesta de 0,30% (mais precisamente, a R$ 5,044 na compra e R$ 5,045 na venda). Apesar da queda mais tímida, com o desempenho de hoje, o dólar passou a acumular perda de 1,30% na semana, de 0,57% no mês e de 4,43% no ano.

No início da sessão, o câmbio foi impactado principalmente pelas sinalizações dos bancos centrais americano e brasileiro, com fluxo de ingresso de capital estrangeiro após os comunicados das decisões.

“A magnitude das decisões já estava precificada pelo mercado, a expectativa era para o tom que seria adotado após elas”, comenta Diego Costa, Head de Câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio.

Copom

Ao comentar sobre os destaques do Copom, Andrea Damico, sócia e economista-chefe da Armor Capital, afirma que o Comitê fez uma ligeira modificação no trecho que que cita a possibilidade de manter a taxa, trocando o “período suficientemente prolongado” por “período mais prolongado” como estratégia para assegurar a convergência da inflação à meta. “É uma mensagem de juro parado por bastante tempo, mais do que está no [Boletim] Focus”, afirmou em live do InfoMoney.

Ou seja, uma taxa de 12,5% ao final de 2023 não é o plano de voo da Copom, porque ele vai precisar de mais juros para entregar a inflação na meta, afirma Andrea.

Também na live, Anna Reis, sócia e economista-chefe da Gap Asset, comentou outro trecho importante do comunicado, que trouxe uma projeção de inflação para 2024 de 3,4%, caso se mantenham as condições atuais. A projeção anterior era de 3%.