Tesouro Direto: na volta dos negócios, prefixados oferecem retorno acima de 13% ao ano

Decisões de política monetária provocam forte volatilidade nas taxas

Bruna Furlani Katherine Rivas

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Na volta dos negócios, as taxas dos títulos públicos operam em forte alta na tarde desta terça-feira (14). Os prefixados apresentam alta de até 39 pontos-base e oferecem retorno anual de até 13,25%. Enquanto as taxas dos títulos atrelados à inflação avançam até 9 pontos-base.

As negociações no Tesouro Direto foram suspensas por volta das 13h20 da tarde desta terça-feira (14), diante da forte volatilidade nos preços e taxas. Com isso, investidores conseguiram apenas negociar papéis como o Tesouro Selic.

Quando isso ocorre, o Tesouro suspende temporariamente as vendas e compras para evitar que o investidor feche temporariamente as transações a um preço que possa ficar rapidamente defasado.

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Segundo Flavio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos, os principais motivos que puxam as taxas de juros são as decisões de política monetária do Copom (Comitê de Política Monetária) no Brasil e do Federal Reserve nos Estados Unidos na quarta-feira (15).

Nos EUA, o economista destaca a reprecificação das apostas do mercado para a decisão de política monetária. Existe a expectativa de que o banco central americano surpreenda e realize uma alta de 75 pontos-base (0,75 ponto percentual). “Isso também acabou pressionando o câmbio hoje”, afirma Serrano.

Já em relação ao cenário local, a expectativa é que o Copom estenda o ciclo de aperto monetário e eleve a taxa básica de juros para 13,25% ao ano.

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Ainda no radar do mercado, está a divulgação do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que subiu 0,8% em maio na comparação com abril. E a aprovação pelo Senado, na noite de segunda-feira, do projeto de lei  (18/2022) que limita em 17% a alíquota do ICMS sobre combustíveis, telecomunicações, energia elétrica e transportes coletivos.

Segundo Serrano, o PPI não teve impacto na curva de juros, contudo a aprovação do PLP 18 pode acabar amenizando a alta nas taxas amanhã, com a visão do mercado de uma redução na inflação no curto prazo.

Agentes financeiros também acompanham a apresentação dos números de serviços de abril no Brasil, que decepcionaram ao vir abaixo do previsto pelo mercado.

Dentro do Tesouro Direto, todos os prefixados ofereciam rentabilidades acima de 13%. A maior alta era na taxa do prefixado de curto prazo.

O Tesouro Prefixado 2025 oferecia um retorno anual de 13,18%, superior aos 12,79% da sessão anterior.

Enquanto o Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentavam uma rentabilidade anual de 13,23% e 13,25%, respectivamente, acima dos 12,89% e 12,93% vistos na segunda-feira (13).

Nos títulos atrelados à inflação, a maior alta era na taxa do Tesouro IPCA+ 2026.

O título público entregava um retorno real de 5,58%, superior aos 5,49% vistos ontem.

As outras taxas avançavam entre 6 e 8 pontos-base.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta terça-feira (14): 

Fonte: Tesouro Direto

PPI

Na cena econômica, investidores acompanham a divulgação do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que subiu 0,8% em maio na comparação com abril, segundo dados com ajustes sazonais publicados nesta terça-feira (14) pelo Departamento do Trabalho americano.

Nos 12 meses encerrados em maio, o PPI subiu 10,8%. Os dados vieram em linha com as expectativas do mercado, já que o consenso Refinitiv projetava uma alta mensal de 0,8% e anual de 10,9%.

O Departamento de Trabalho (BEA, na sigla em inglês) diz que quase dois terços da alta foi causada pela inflação de 1,4% nos preços dos bens de demanda final, enquanto a de serviços de demanda final subiu 0,4%. O órgão também revisou para baixo a alta de abril, de 0,5% para 0,4%.

Apesar de a inflação ao produtor no mês passado (0,8%) ter sido superior à de abril (0,4%), o PPI desacelerou pelo segundo mês seguido no acumulado em 12 meses: de 11,5% em março para 10,9% no mês seguinte e para 10,8% agora em maio.

Volume de serviços

Na cena local, destaque para o volume de serviços, que cresceu 0,2% em abril na comparação com março, apontam dados com ajuste sazonal divulgados nesta terça-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O indicador avança 9,4% na comparação anual, com abril de 2021. Já no ano, a alta é de 9,5% e de 12,8% nos últimos 12 meses.

Os dados vieram abaixo das estimativas do mercado, pois o consenso Refinitiv projetava um avanço mensal de 0,4% e anual de 10,4%.

O crescimento em abril foi puxado pela alta em apenas duas das cinco atividades pesquisadas pelo IBGE: informação e comunicação (+0,7%) e serviços prestados às famílias (+1,9%). Foi o segundo resultado positivo seguidos de ambas, com ganhos acumulados de 2,5% e 5,2%, nessa ordem.

Em contrapartida, transportes (-1,7%), profissionais, administrativos e complementares (-0,6%) e outros serviços (-1,6%) retraíram no mês. Os dois primeiros setores interromperam uma sequência de cinco taxas positivas seguidas, enquanto o último eliminou o avanço de 1,4% de março.

Combustíveis

Na seara política, o plenário do Senado Federal aprovou, na noite de ontem, por 65 votos a favor e 12 contrários, o Projeto de Lei Complementar (PLP 18/2022) que estabelece um teto para a cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte público.

O texto deve seguir para a Câmara dos Deputados para uma nova análise, já que foi modificado durante a discussão pelos senadores. Mas antes é necessária a deliberação sobre os destaques das bancadas no próprio plenário do Senado Federal.

Também na cena política, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou ontem (13) que não haverá reajuste para servidores federais este ano, em função de novos gastos obrigatórios.

Mesmo sem aumentar os salários, será necessário realizar cortes em áreas essenciais, explicou. Em entrevista em frente ao Palácio do Planalto, Bolsonaro disse que trabalha para assegurar ainda neste ano um reajuste no auxílio-alimentação dos servidores, informa o Valor Econômico.

Para o ano que vem, Bolsonaro relatou que a intenção é garantir na lei orçamentária margem para reajuste de salários e reestruturação de carreiras.