Taxas dos títulos públicos no Tesouro Direto têm alta em dia de decisão do Copom

Comunicado divulgado junto à decisão do BC e rumo da política monetária nos EUA dominam a atenção dos investidores nesta quarta-feira

Lucas Bombana

(Fokusiert/Getty Images)

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SÃO PAULO – As taxas dos títulos públicos negociados pelo programa Tesouro Direto registravam alta na tarde desta quarta-feira, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anuncia por volta das 18h o novo patamar da taxa básica de juros.

Segundo pesquisa da XP, a expectativa majoritária de gestores de fundos multimercados macro aponta para um aumento de 0,50 ponto percentual da Selic, o que será a primeira alta em seis anos, levando os juros para 2,5% ao ano.

No Tesouro Direto, entre os prefixados, o prêmio do papel com vencimento em 2024 era de 7,59% nesta tarde, contra 7,50% no fechamento de ontem. Da mesma forma, o juro pago pelo Tesouro Prefixado 2026 avançava de 7,96% para 8,05%.

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Entre os títulos atrelados à inflação, o papel com vencimento em 2026 pagava uma taxa real de 3,22%, ante 3,17% no último fechamento. No caso do Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2030, o prêmio era de 3,56%, ante 3,52% na sessão passada.

Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto nesta quarta-feira (17):

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Fonte: Tesouro Direto

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Aperto mais agressivo

O levantamento da XP com gestores de multimercados macro mostra ainda que a mediana das projeções para a taxa Selic ao fim do ano foi elevada de 3,63% para 5,00%, se comparada à pesquisa feita antes da última reunião do Copom, em janeiro.

Por trás da expectativa de início do ciclo de aperto monetário estão as pressões inflacionárias. A pesquisa aponta que a mediana das projeções para a inflação medida pelo índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021 subiu de 3,50%, em janeiro, para 4,87%, em março.

Na direção contrária, a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano caiu de 3,50% para 3,20%, no período.

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Ainda entre os destaques do dia na agenda doméstica, pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira mostrou que a rejeição ao trabalho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na gestão da pandemia da Covid-19 disparou ao maior nível desde que a crise sanitária começou, há um ano.

Segundo o Datafolha, 54% dos brasileiros veem sua atuação como ruim ou péssima na semana em que foi apresentado o quarto ministro da Saúde de seu governo. Na pesquisa passada, realizada em 20 e 21 de janeiro, 48% reprovavam o trabalho de Bolsonaro na pandemia.

Também no radar, o Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI) decidiu incluir a Eletrobras, os Correios e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) no Programa Nacional de Desestatização (PND).

Já no noticiário relativo ao avanço do coronavírus, pelo 18º dia seguido, o país bateu na terça-feira (16) seu recorde na média móvel de mortes por Covid-19 em sete dias, com a marca de 1.976 falecimentos, alta de 48% em comparação com a média de 14 dias antes. O Brasil também registrou seu novo recorde para um único dia, com 2.798 mortes.

Fed domina atenções no exterior

Na cena global, a atenção dos agentes econômicos também se volta para os rumos da política monetária, mas, nesse caso, dos Estados Unidos, com o término da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), o equivalente ao Copom local, e eventuais sinalizações do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

A decisão de juros do banco central dos Estados Unidos sai antes do que no Brasil, às 15h (horário de Brasília), e será seguida de uma coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell.

As expectativas são de que Powell dê sinalizações sobre a forma como o Fed tem acompanhado o rali nos rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos dos EUA. Hoje, os “treasuries” já pagam juros de 1,67% ao ano, o que tira atratividade da renda variável, uma vez que esses são os ativos mais seguros do mundo.

O aumento dos juros reflete o reaquecimento acelerado da atividade, em meio a uma vacinação que avança no mesmo ritmo. No país, 32,62% da população já havia sido vacinada até o dia 15 de março, segundo dados oficiais compilados pelo site Our World in Data.

Investidores também se mantêm atentos para o preço do petróleo, que teve quedas na terça-feira, após diversos países europeus suspenderem a aplicação da vacina desenvolvida em parceria entre AstraZeneca e Universidade de Oxford. Entre eles, Alemanha, Espanha, França, Itália e Suécia.

Há receio quanto à perspectiva de recuperação mais lenta da demanda por combustível com a queda no ritmo de vacinação.

O temor acontece apesar de a União Europeia e a Organização Mundial de Saúde (OMS) já terem deixado claro que os dados disponíveis indicam que a vacina é segura, e que os benefícios para a saúde são mais fortes do que os potenciais riscos.

O cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, afirmou na segunda-feira: “Não queremos que as pessoas entrem em pânico, e recomendaríamos, neste momento, que os países continuem se vacinando com a AstraZeneca”.