Selic em 7,75% ao ano? Conheça dez fundos imobiliários que pagam dividendos acima da taxa

Andre Masetti, gestor da XP Asset, participou do Liga de FIIs e falou sobre o impacto da elevação da Selic nos fundos imobiliários

Wellington Carvalho

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SÃO PAULO – O aumento no ritmo de elevação da taxa básica de juros, a Selic, trouxe dúvidas aos investidores de fundos imobiliários. Em outubro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Selic em 1,5 ponto porcentual, para 7,75% ao ano, maior nível desde 2017. Com a previsão de novas elevações, vale a pena trocar os FIIs por aplicações de renda fixa, que se tornam cada vez mais atrativas?

O assunto foi destaque na edição desta quarta-feira (03) do programa Liga de FIIs, produzido pelo InfoMoney e apresentado por Maria Fernanda Violatti, analista da XP, e Thiago Otuki, economista do Clube FII. O programa também contou com a participação de Andre Masetti, gestor da XP Asset.

Para os especialistas, ainda que os juros estejam subindo, é possível encontrar fundos imobiliários com rentabilidades superiores. Maria Fernanda listou dez FIIs que oferecem, atualmente, taxa de retorno com dividendos (também conhecida como dividend yield) acima do atual patamar da Selic, de 7,75% ao ano. Confira:

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Ticker Fundo  Setor  Dividend Yield – 2021 (%) 
(URPR11) Urca Prime Recebíveis 20,77
(KNIP11) Kinea Índices de Preços Recebíveis 13,89
(CVBI11) VBI Cri Recebíveis 13,63
(CPFF11) Capitânia Securities Recebíveis 12,32
(XPSF11) XP Selection Fundo de Fundos 11,42
(XPCI11) XP Crédito Imobiliário Recebíveis 11,13
(RZTR11) Riza Terrax Híbrido 10,03
(XPPR11) XP Properties Lajes Corporativas 9,78
(VINO11) Vinci Offices Lajes Corporativas 9,71
(MXRF11) Maxi Renda Híbrido 9,1

Fonte: Economatica

Além do retorno com dividendos, a relação considerou a diversificação necessária para um portfólio equilibrado e a lembrança dos analistas de que retorno passado não é garantia de ganho futuro. Segundo eles, o investidor também deve analisar outros aspectos dos fundos como carteira de ativos, valor patrimonial, localização, inquilinos e vacância.

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Diante do cenário atual, Masetti afirma que os fundos de “papel”, que investem em títulos do setor imobiliário atrelados à inflação e à taxa do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), exercem bem o perfil defensivo, blindando-se das oscilações do mercado. No entanto, ele adota uma posição mais cautelosa em relação aos fundos expostos ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

“Se o Banco Central está fazendo o que for preciso para reduzir a inflação no curto prazo, naturalmente este controle impactará nos fundos imobiliários mais expostos a índices de inflação, como o IPCA e o IGP-M (Índice Geral Preços Mercado)”, alerta Masetti. “Nós vimos nos últimos meses fundos distribuindo dividendos elevados por conta da inflação pressionada, mas o repasse deve cair na medida do controle da inflação”, avalia.

Preocupados com a elevação dos preços no país, os economistas consultados pelo Banco Central no boletim semanal Focus elevaram suas previsões para a Selic no final de 2021 de 8,75% para 9,25% ao ano. Para 2022, as perspectivas subiram de 9,5% para 10,25% ao ano. A sinalização, na visão de Masetti, indica que os fundos expostos à taxa do CDI ainda “vão surfar” na tendência de juros elevados.

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Em relatório assinado conjuntamente com Ronaldo Candiev, head de FIIs da XP, Violatti lembra que o cenário atual demanda cautela e cuidado por parte dos investidores. “Não podemos negar que os acontecimentos recentes tornaram o cenário mais nebuloso para ativos de risco”, alerta a analista. “Se a taxa de juros permanecer elevada por um período estendido, haverá efeitos negativos para economia e, por consequência, para o setor imobiliário”, afirma.

Ao mesmo tempo, Violatti destaca o perfil mais moderado dos fundos imobiliários. Segundo ela, nos últimos dez anos, a volatilidade do Ifix – índice que reúne os FIIs mais negociados na Bolsa – equivale em média a 25% da do Ibovespa. Com seletividade, a analista afirma ser possível encontrar boas oportunidades entre os fundos imobiliários, mesmo em um período mais turbulento.

Oportunidades em fundos de “tijolo” e FoFs

Masetti também sugere olhar com mais atenção para os fundos de “tijolo”, que investem diretamente em imóveis na busca pela renda do aluguel ou do ganho de capital com uma venda futura. Sem a característica defensiva dos FIIs de “papel”, os fundos de “tijolo” costumam sofrer mais com a migração de investidores para a renda fixa. O gestor lembra, porém, que os fundos mantêm os fundamentos e podem ser boas oportunidades para o futuro.

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“Hoje, não adianta olhar só o aluguel que estes imóveis proporcionam. Cada vez mais a gente tem visto gestores vendendo imóveis e gerando um bom ganho de capital”, lembra Masetti, pontuando o crescimento do setor logístico e a retomada do segmento de lajes corporativas como atrativos para os fundos dessa categoria.

Masetti também demonstra otimismo com os chamados FoFs, os fundos que investem em cotas de outros fundos. De acordo com o gestor, a maior parte dos FIIs está negociando abaixo do valor patrimonial atualmente e o desconto pode ser bem maior no caso dos FoFs.

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“Quando a gente analisa os FoFs, existe um desconto dobrado. O desconto do ativo e o desconto dos fundos que compõem a carteira do FoF”, explica Masetti. “Estamos falando de descontos que podem chegar a 30%. Não estou falando que o índice será recuperado integralmente, mas há muito dinheiro para se ganhar neste caminho”, finaliza.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.