Os quatro papéis que elevaram os ganhos do melhor fundo de ações de fevereiro

Ações da gigante Nvidia também ajudaram a impulsionar os retornos de outros produtos da lista; especialistas ainda veem potencial no papel, mesmo após alta de mais de 220% nos últimos 12 meses

Bruna Furlani

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O brilho de quatro companhias ajudou a escalar a rentabilidade do melhor fundo de ações de fevereiro: o Artica Long Term FIA, que acumulou retornos de 12,31%, contra 0,99% do Ibovespa no mesmo período. O produto é o único entre os fundos de ações com melhor retorno do último mês que tem foco em Brasil. Os demais que ficaram bem posicionados investem, principalmente em papéis de companhias estrangeiras.

O fundo da Artica ganhou destaque com algumas teses pouco convencionais, como Banco Mercantil (BMEB4), que avançou mais de 71% no mês passado e outras um pouco mais conhecidas, caso de Multilaser (MLAS3), Marcopolo (POMO4) e Porto Seguro (PSSA3), que subiram 14,29%, 9,75% e 7,05%, respectivamente.

Confira os 10 fundos de ações com melhor retorno em fevereiro de 2024:

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Fundos com melhor retorno em fevereiroRetorno em fevereiro (%)
Artica Long Term FIA12,31
MS Global Opportunities Dólar Advisory FIC FIA IE8,42
Western Asset FIA BDR Nivel I7,85
Opportunity G E R FIC FIA BDR NI IE7,72
Empiricus Tech Select FIA BDR Nivel I7,52
Fonte: TC/Economatica

Os dados fazem parte de levantamento feito pela Economatica a pedido do InfoMoney. Foram considerados veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas em 8 de março. Fundos monoação (que investem em apenas um papel) ficaram de fora.

Marcopolo e Porto Seguro com potencial de alta

Duas das grandes apostas do portfólio do fundo do Ártica Asset Management estão em Marcopolo e Porto Seguro, como explica Ivan Barboza, sócio e gestor da casa. Embora a primeira tenha subido quase 200% nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, o executivo ainda vê potencial na companhia para os próximos anos.

“Marcopolo tem aumentado o preço, porque a demanda está mais forte do que a capacidade fabril. Acompanhamos o volume de vendas de ônibus e a idade da frota e notamos que o número não é suficiente para rejuvenescê-la. Vai ser preciso um tempo para reequilibrar isso”, pondera o sócio.

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A gestora também está otimista com os papéis da Porto e destaca que eles estão “baratos”. Nos cálculos da casa, o múltiplo preço sobre lucro (métrica que indica quanto os investidores se encontram dispostos a pagar pelos lucros de uma empresa) estaria próximo de 8,8 vezes, contra uma média histórica de 11 vezes.

Barboza defende que a ação está atrativa mesmo colocando na conta um possível fim do Juros sobre Capital Próprio (JCP) no ano que vem. A gestora também argumenta que o recuo da Selic não deve ter um impacto tão negativo sobre os papéis da companhia. “As seguradoras precificam a apólice com base na curva de juros esperada para esse ano. Poderia ter efeito negativo se os juros caíssem mais do que o esperado em 2024”.

Gigantes do ramo de semicondutores em destaque

Para além de fundos de ações que investem majoritariamente no Brasil, o levantamento trouxe ainda os retornos expressivos de produtos focados no exterior, caso do Opportunity G E R FIC FIA BDR NI IE, que obteve ganhos de 7,72% em fevereiro.

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As maiores contribuições para o resultado do mês passado vieram de empresas ligadas a semicondutores: TSMC (TSMC34) e Nvidia (NVDC34), além de companhias relacionadas a ferrovias, como a Canadian Pacific Kansas City Ltd (CPRL34), e a gigante Meta (M1TA34).

Embora os papéis da Nvidia estejam no centro das atenções de investidores depois de ter avançado mais de 220% nos últimos 12 meses até fevereiro, a Opportunity acredita que ainda há potencial de maior valorização.

Vinícius Saldanha, analista de ações globais da gestora, ressalta que as empresas de cloud computing (computação em nuvem) estão aumentando os investimentos, especialmente em inteligência artificial, o que tende a aumentar a demanda por GPUs (placas de vídeo) feitas pela Nvidia.

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O profissional da Opportunity também lembra que há uma série de países, como Estados Unidos e Itália, que estão construindo data centers próprios. Tais iniciativas poderiam representar potenciais clientes com “bolsos mais robustos” para a gigante de semicondutores.

Mesmo diante de possíveis mudanças na taxação de produtos importados da China, Saldanha avalia que as restrições ao mercado chinês já estão na conta e que não há grandes alterações esperadas para nenhum dos lados agora com as eleições americanas.

Fenômenos como o nearshoring (prática em que uma empresa contrata serviços ou estabelece parcerias em países próximos geograficamente) também poderiam elevar os ganhos de companhias como a Canadian Pacific, embora não sejam o “gatilho principal” dos papéis, como explica Vinícius Ferreira, gestor de ações internacionais e responsável pela gestão do fundo.

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Segundo ele, a vontade de diminuir a dependência de produtos chineses e de incentivar negócios com empresas mais próximas no México ou nos Estados Unidos poderiam ajudar companhias como a Canadian Pacific. A empresa está agora desfrutando das sinergias geradas após a aquisição da ferrovia Kansas City, ferrovia que permitiu ligar o Canadá ao México, passando pelos Estados Unidos. “A compra dá uma vantagem em nível de serviço. Ela está aumentando o preço e colhendo os frutos da aquisição agora”, destaca Ferreira.