Os melhores multimercados do ano: criptos driblam desafios e puxam retornos

Fundos com posições compradas em ações do setor imobiliário e de concessões públicas também são destaque

Bruna Furlani

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O baque sofrido por boa parcela dos fundos multimercados minou os retornos e embaralhou os fluxos ao longo do ano. Na contramão de parte da indústria que deve terminar 2023 longe do CDI (taxa de referência da classe), produtos que alocaram em criptoativos puderam celebrar. 

As altas de 166% do Bitcoin (BTC) e de 86% do Ethereum (ETH) foram um dos fatores que ajudaram a alavancar a performance do Empiricus Criptomoedas FIM, que apresentava um retorno de 84% neste ano até 8 de dezembro, acima dos 12,34% do CDI — na liderança entre as rentabilidades registradas por fundos multimercados ao longo do período.

Criptomoedas como Solana (SOL) e Chainlink (LINK) também impulsionaram os ganhos no ano, como explica João Piccioni, gestor de fundos da Empiricus Gestão.

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Confira a lista dos 10 fundos multimercados com melhor retorno em 2023: 

FundosRentabilidade em 2023 (%)
Empiricus Criptomoedas Fc FI Mult Ie83,84
Brad Fc FI Mult Franklin Wel Tech LS Ie28,66
Go Global Equity Esg Reais Mult Ie FI25,00
Canvas Vector Fc FI Mult24,73
Real Investor Fc FI Mult23,49
Alocc Mult Alta Vol Fc de FI Mult23,29
Bradesco Fc FI Mult S&P 500 Mais23,27
Manager Spx Hornet Fc FI Mult22,07
Vinci Total Return Fc FI Mult21,81
Concordia Harvest FI Mult21,79
Os retornos são até 8 de dezembro. Fonte: TC/Economatica e Anbima.

O InfoMoney levou em conta dados extraídos da plataforma TC/Economatica no começo do mês para o levantamento. Foram considerados veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas em 8 de dezembro. Fundos de crédito privado ficaram de fora.

Mudanças de alocação

De olho no potencial de soluções alternativas ao Ethereum, Piccioni conta que aumentou recentemente a aposta em Solana (SOL) e Alavanche (AVAX). Na visão do executivo, ambas podem se beneficiar do aumento de volume e do maior interesse de investidores institucionais em 2024.

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A casa também incluiu recentemente teses ligadas a NFTs (tokens não fungíveis), que podem representar virtualmente itens exclusivos como artes digitais ou quadros físicos. As criptomoedas Immutable X (IMX) e Ronin (RON) são as apostas nesse segmento.

Embora o mercado de NFTs ainda esteja abaixo dos patamares vistos em 2021 – quando houve recorde de usuários, números de transações, anúncios de jogos e de atualizações, a gestora diz que voltou a monitorar as transações.

“Temos notado que alguns projetos sobreviveram a todo esse bear market [momento de baixa no mercado] do ano de 2022 e que continuam com desenvolvedores, atualizações, parcerias etc. Estamos otimistas com esse mercado novamente, mas com cautela”, completa Piccioni.

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Posições compradas em imobiliário e concessões

Gestoras que adotaram uma carteira comprada (que se beneficia da alta) em ações do setor imobiliário, como Allus, antiga Aliansce Sonae, (ALOS3) e Even (EVEN3), além de papéis mais focados em concessões públicas, como Neoenergia (NEOE3) e Sanepar (SAPR4) também tiveram um bom ano, caso do Real Investor FIM, que obteve retorno no ano até o dia 8 deste mês de 24%.

Cesar Paiva, sócio-fundador e gestor da Real Investor, também destaca que posições em Banco do Brasil (BBAS3), além de Porto Seguro (PSSA3), Mahle Metal Leve (LEVE3) e Petrobras (PETR3); (PETR4) completaram a lista de papéis que ajudaram a alavancar os ganhos do fundo neste ano. Ao mesmo tempo que detinha alocações compradas em alguns papéis, a casa possuía uma exposição vendida (que se beneficia da queda) no Ibovespa. Já o caixa estava aplicado no CDI, o que diminuiu eventuais perdas.

Entre as mudanças mais recentes feitas pela gestora estão a montagem de duas posições: uma em Lojas Renner (LREN3) e outra em Grupo Soma (SOMA3), ambas feitas há cerca de dois meses. “O ano que vem deve ser desafiador, mas entramos por causa do preço. O varejo sangrou muito e elas estavam baratas”, diz Paiva.

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Na visão do gestor, a expectativa é que a inadimplência da Lojas Renner pese menos sobre o balanço e que haja uma definição sobre a taxação de produtos chineses até o ano que vem.

A casa também ajustou duas posições recentemente: reduziu Banco do Brasil e aumentou alocação em Bradesco, que sofreu bastante com o aumento da inadimplência e é um dos cinco maiores credores da Lojas Americanas, disse Paiva. “Hoje, maior parte da carteira de crédito está melhor precificada, mas o principal atrativo está no preço dos papéis. As ações ordinárias estão negociando a seis vezes preço sobre lucro. É interessante”, defende o executivo.

Embora o Governo tenha acelerado o trâmite de pautas econômicas antes do recesso de fim de ano, Paiva afirma que a casa não realizou nenhuma mudança de olho em eventuais efeitos de textos como o da MP das subvenções ou da reforma tributária. “Até a reforma tributária ser implementada, vai levar um tempo. Penso que as empresas devem se mexer quanto a isso”, diz o gestor, que prefere adotar uma postura mais cautelosa sobre o tema.