Os melhores fundos de ações e multimercados em novembro e 12 meses; aposta na China puxa ganhos

Fundos com ênfase em serviços financeiros, saúde e empresas de semicondutores no exterior também tiveram desempenhos acima da média

Bruna Furlani

(Getty Images)

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Na esteira das fortes altas dos índices das bolsas chinesas, fundos de ações com posições voltadas para o gigante asiático também se deram bem no acumulado do mês. O Hang Seng avançou 27% em novembro, maior ganho mensal desde outubro de 1998, enquanto o CSI 300 subiu 10% no mês passado.

Entre os fundos, a liderança ficou com o Vitreo Tech Asia FIA Bdr Nivel I, que obteve ganhos de 28,07% em novembro, muito diferente do retorno negativo em 3,06% do Ibovespa no mesmo período.

Carteiras com maior ênfase em ações de serviços financeiros, saúde e mídia, assim como em empresas de semicondutores no exterior, também tiveram desempenhos acima da média ao longo do mês.

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Entre os multimercados, estratégias focadas no exterior também foram bem-sucedidas. O topo do ranking ficou para o Gama Bridgewater G R P, que avançou 13,12% no mês passado. O percentual foi bem superior ao 1,02% oferecido pelo CDI (taxa de referência para essa classe de fundos).

Já aqui no Brasil, posições em ações voltadas ao setor de concessões públicas, juntamente com alocações que se beneficiam da alta dos juros de prefixados, também trouxeram bons retornos para os multimercados.

Veja os cinco fundos multimercados e de ações com as maiores altas em novembro:

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Fundos mais rentáveis em novembro de 2022

Fundos de ações Retorno em novembro (%) Fundos multimercados  Retorno em novembro (%)
Vitreo Tech Asia FIA Bdr Nivel I 28,07 Gama Bridgewater G R P Usd Fc FI Mult Ie 13,12
Franklin Martin Currie Acoes Glob FIA Ie 14,82 Logos Total Return FICFI Mult 10,84
Brad China FIA Ie 12,09 Manager Jss Sustainable e G T FI Mult Ie 9,73
Axa Wf Fr Robotech Adv Fc FIA Ie 11,42 Wa Macro Opport Classe Dolar FI Mult Ie 8,03
Geo Empresas Globais Dolares Fc FIA Ie 8,94 M Square Glob Eq Managers Fc FI Mult Ie 7,93

Fonte: TC/Economatica 

Na ponta contrária, fundos com exposição a empresas de petróleo, mineração e ações ligadas ao varejo, além de companhias de incorporação e de logística, registraram perdas no acumulado de novembro.

Veja os cinco fundos multimercados e de ações com as maiores quedas em novembro: 

Fundos menos rentáveis em novembro de 2022

Fundos de ações Retorno em novembro (%) Fundos multimercados  Retorno em novembro (%)
Joule Value Classic FIC FIA -20,47 Versa Long Biased FI Mult -43,52
Quantitas FI A Montecristo Bdr Nivel I -17,72 Versa Fit Long Biased FI Mult -25,40
Stoxos FIA -16,16 Safari 30 Fc FI Mult II -14,14
Equitas Selection Fc FIA -14,90 Truxt I Long Bias FICFI Mult -12,93
Fama Fc FIA -14,61 Xp Long Term Equity Fc FI Mult -11,63

Fonte: TC/Economatica 

O levantamento do InfoMoney levou em conta dados extraídos da plataforma TC/Economatica em 7 de dezembro. Foram considerados veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas no fim de novembro.

Na categoria de renda variável, foram excluídos fundos setoriais e monoações. Entre os multimercados, não foram considerados fundos de crédito privado.

Os números utilizados na pesquisa servem para dar uma referência ao investidor em termos de consistência, mas é preciso lembrar que retornos passados não são garantia de rentabilidade futura.

Fundos multimercados: de olho nas privatizações

Em um novembro particularmente difícil para o Ibovespa, que recuou 3,06%, fundos que alocaram em papéis relacionados a concessões públicas, como empresas de saneamento e de energia elétrica, conseguiram manter os retornos no campo positivo. No caso do Logos Total Return, o ganho foi de 10,84%.

Ricardo Vieira, CEO da Logos Capital, explica que a carteira foi beneficiada em novembro e nos últimos 12 meses pela materialização de alguns cenários para os quais a casa começou a se preparar antes do segundo turno das eleições, por meio de posições em Sabesp (SBSP3), Cemig (CMIG4), Copasa (CSMG3) e Copel (CPLE6).

Vieira defende que as alocações estavam focadas em melhorias na eficiência das empresas e em eventuais avanços nas privatizações. Fatores que poderiam se materializar com a eleição de candidatos mais favoráveis à diminuição da participação do Estado na economia, como Tarcísio de Freitas (Republicanos), eleito governador de São Paulo, e Romeu Zema (Novo), reeleito governador de Minas Gerais.

Mesmo com a possível aprovação de mudanças na Lei das Estatais, o CEO da Logos alega que as alterações se concentrariam nas indicações políticas para a gerência das empresas e menos na possibilidade de privatização em si.

Na véspera (13), a Câmara aprovou projeto que modifica a Lei das Estatais e libera o ex-ministro Aloizio Mercadante para assumir a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no novo governo Lula. O texto agora segue para a análise do Senado.

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Câmara aprova mudança em Lei das Estatais que libera Mercadante para a presidência do BNDES

Vieira não esconde que declarações recentes de Lula sobre “acabar com as privatizações” evidenciam o risco de interferência do governo federal, mas diz que vai manter os papéis na carteira por enquanto. Ele avalia que houve melhoria na eficiência e que o valuation (preço) das empresas está atrativo, ou seja, a assimetria de risco e retorno segue favorável.

Para além das empresas de concessões públicas, o executivo afirma que a casa foi beneficiada também por uma posição tomada (apostando na alta) em juros prefixados na parte intermediária da curva, com vencimento em 2027.

A posição foi montada com objetivo de fornecer proteção em um cenário em que a deterioração fiscal deve levar investidores a exigir mais prêmio (juros adicionais) para investir.

Visão positiva para commodities

Embora o cenário siga nebuloso no Brasil, o CEO da Logos afirma que tem uma visão positiva para as commodities em 2023. Ele observa que os preços não devem chegar a patamares vistos no começo deste ano, quando as cotações estavam muito elevadas, mas avalia que a retomada da China deve levar as empresas de commodities a um “patamar mais saudável”. O destaque para ele estaria em empresas de alumínio, minério de ferro e petróleo.

Nos últimos dias, autoridades chinesas optaram por relaxar boa parte das medidas de restrição contra a Covid-19 adotadas desde o começo da pandemia. A decisão foi tomada após os bloqueios terem afetado, de forma mais intensa, a atividade econômica do País nos últimos meses.

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Na visão de Vieira, a volta da economia chinesa deve ser mais branda do que em momentos anteriores, mas poderia impulsionar ações de commodities, especialmente papéis como Prio (PRIO3), que é a antiga PetroRio, PetroReconcavo (RECV3) e CBA (CBAV3). O gestor possui as ações na carteira atualmente.

Apesar de tais empresas terem um foco mais defensivo pelo fato de a receita ser em dólar, a gestora afirma que não pretende aumentar posições e aguarda mais informações sobre o novo arcabouço fiscal do governo para realizar alterações no portfólio como um todo.

Fundos multimercados: defensivos em Brasil, comprados em EUA

Outra casa que tem optado por adotar alocações defensivas no Brasil é a Armor Capital. O fundo Armor Axe está entre os dez multimercados com melhor retorno nos últimos 12 meses, com ganhos de 29,19%.

Durante o período, as maiores contribuições vieram de posições que se beneficiam da alta dos juros americanos, além de aplicações que apostaram no fortalecimento do real contra o euro – as duas apostas já não fazem mais parte do portfólio do produto atualmente.

Alfredo Menezes, sócio-fundador e diretor de investimentos da gestora, conta que hoje tem uma posição tática vendida em real contra dólar, de olho no terceiro mandato de Lula, que está se mostrando bem diferente do primeiro.

“Nesse terceiro mandato, o endividamento das famílias não vai permitir que o crédito seja o grande impulso da economia”, diz. “A China também vai crescer a metade”, acrescenta Menezes. Isso sem contar com a disciplina fiscal, não parece ser o “forte” do próximo governo, o que gera insegurança jurídica e deve afastar capital externo.

De olho na piora fiscal e na possibilidade de que a curva de juros volte a “empinar”, com as taxas subindo, a casa possui uma posição que se beneficia da alta de juros prefixados de prazo mais longo.

Há ainda uma alocação em títulos atrelados à inflação. A explicação, segundo Menezes, é que se não houver disciplina fiscal do novo governo, o ajuste deve ser feito via inflação.

Economistas consultados pelo BC têm piorado as expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no ano que vem, de acordo com os últimos relatórios Focus, divulgados pelo Banco Central. Nesta semana, por exemplo, as estimativas para a inflação oficial em 2023 estavam em 5,08%, contra 4,94% quatro semanas atrás.

Leia mais:
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Além da preocupação com o fiscal, o gestor tem olhado para a piora nas linhas de crédito. A justificativa está na deterioração rápida da inadimplência, especialmente nas linhas de cartão de crédito. Segundo Menezes, chama atenção porque a situação tende a ser ainda mais crítica no primeiro trimestre de cada ano, quando a população em geral precisa encarar uma série de compromissos financeiros.

O executivo também observa com lupa o aumento da inadimplência entre pequenas e médias empresas. Nesse sentido, ele diz que tem posições vendidas (que se beneficiam da queda) em bancos. Para ele, as instituições financeiras terão que aumentar muito as provisões.

Para além das apostas em Brasil, o fundo está hoje com uma alocação comprada em Bolsa americana. Na contramão de boa parte dos gestores do mercado, que estão com posições vendidas no mercado acionário americano, Menezes defende que os últimos dados de inflação vieram melhores do que o esperado e a atividade se mostrou resiliente.

“Já estamos tendo efeito na inflação, mesmo sem uma grande desaceleração da economia. Estamos com viés de soft landing”, afirma, referindo-se ao pouso suave que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) poderia dar ao esfriar a economia para controlar a inflação sem provocar uma recessão.

Para ele, o pouso suave do Fed seria possível graças ao arrefecimento nos preços de commodities de energia, que acompanharia o menor crescimento das economias mundiais.

O executivo também chama atenção para o fato de que, tirando as ações de tecnologias, boa parte das empresas do Índice Dow Jones conseguiu repassar a alta de custos durante o período de avanço da inflação. Nesse caso, ele acredita que tais papéis podem se mostrar mais resilientes, mesmo em um cenário adverso com juros ainda mais elevados.

Sem abrir os papéis preferidos, Menezes diz apenas que os setores mais buscados pela casa têm sido o industrial de transformação.

Melhores multimercados nos últimos 12 meses Retorno
em novembro (%)
Retorno
em 2022 (%)
Retorno
em 12 meses (%)
Retorno
em 3 anos (%)
Exploritas Alpha America Lat FICFI Mult 3,09 37,83 52,72 21,20
Logos Total Return FICFI Mult 10,84 24,29 45,07 -9,52
Systematica Blue Trend Adv Fc FI Mult Ie -4,19 38,92 40,74
Asa Hedge Fc FI Mult -0,22 35,91 37,55 59,14
Mar Absoluto FICFI Mult -0,44 33,24 36,32 61,47
Norte Long Bias Fc FI Mult -8,65 24,35 31,89
Capstone Macro A FICFI Mult 0,98 30,06 31,19
Vinland Macro Plus Fc Mult -0,86 29,59 30,03 79,47
Armor Axe Fc FI Mult 1,55 21,30 29,19 44,02
Xp Macro Plus Dominus Fc FI Mult -4,92 32,29 28,52 64,22

Fonte: TC/Economatica 

Fundos de ações: foco nas small caps

Os fundos de ações com foco em empresas com menor valor de mercado (small caps) são destaque em performance. Caso do Trígono Delphos Income, da Trígono Capital, que acumula ganhos de 26,39% nos últimos 12 meses.

Com o olhar atento a empresas que são boas pagadoras de dividendos, Werner Roger, sócio-fundador e CIO da gestora, afirma que o grande destaque para 2023 deve ser a Tupy (TUPY3), fabricante líder de blocos e cabeçotes de motores.

O executivo explica que a companhia pagou menos dividendos nos últimos tempos porque fez duas grandes aquisições: da MWM Brasil e da Teksid.

Leia mais:
Tupy (TUPY3) lucra R$ 192,2 milhões no terceiro trimestre de 2022, alta de 53,6% na base anual

Agora, a expectativa é que as aquisições maturem e que a empresa consiga voltar a pagar montantes mais robustos de dividendos, avalia Roger.

Outras companhias que ainda devem ter bom desempenho, segundo o executivo, e ajudaram a garantir a performance fundo nos últimos 12 meses são Ferbasa (FESA4), Kepler Weber (KEPL3), Metal Leve (LEVE3) e Unipar (UNIP3); (UNIP6).

Roger explica que a Metal Leve, por exemplo, não possui dívida e apresenta uma reserva de cerca de R$ 180 milhões que ainda poderia pagar em dividendos. Nos cálculos do gestor, a companhia poderia oferecer cerca de 20% em dividend yield (retorno com dividendos).

Outro fator positivo para o negócio é que a empresa exporta bastante e é capaz de atender montadoras europeias, que enfrentam restrição de mercadoria devido a problemas com a guerra na Ucrânia e a crise energética no continente. O repasse da alta de custos para os clientes também é outra vantagem que a companhia apresenta em meio a um cenário de pressões inflacionárias.

As perspectivas para 2023 também são favoráveis para as demais empresas, que respondem pela maior parte da alocação do fundo, avalia o CIO da Trígono. Em sua visão, todas devem seguir como trunfos em um cenário de retomada da China, aumento dos custos de energia e problemas nas cadeias de suprimentos.

Melhores fundos de ações dos últimos 12 meses Retorno
do mês (%)
Retorno
em 2022 (%)
Retorno
em 12 meses (%)
Retorno
em 3 anos (%)
Charles River FIA -1,57 25,11 35,60 97,03
Tarpon Gt Fc FIA -10,26 20,67 31,28 87,80
Alaska Black FIC FIA Bdr Nivel I -7,53 16,32 28,92 -41,41
Spx Falcon Fc em Acoes -4,30 21,28 27,75 38,53
BTG Pactual Absoluto LS FIC FIA -0,15 26,86 27,29 24,00
Trigono Delphos Income FIC FIA -1,19 15,80 26,39 159,30
Jbfo Navi Fender Fc FIA -1,24 22,67 24,61
Absolute Pace Long Biased Fc FIA -0,39 16,23 22,20 53,26
Forpus Acoes Fc FIA -9,20 13,30 20,19 21,38
Logos Long Biased II FIC FIA -1,20 11,40 19,73 19,26

Fonte: TC/Economatica