Os melhores fundos de ações e multimercados em janeiro e nos últimos 12 meses

Entre as estratégias vencedoras estão fundos que focaram em papéis do setor de óleo e gás, além de empresas voltadas à exploração de alumínio

Bruna Furlani

B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

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O fluxo de investimentos estrangeiros para a Bolsa brasileira em janeiro, especialmente para ações consideradas de “valor”, como as de bancos e de empresas de commodities, surpreendeu uma parcela do mercado e ajudou a impulsionar o Ibovespa, refletindo também no desempenho dos fundos de ações e multimercados.

Embora o mês passado tenha sido de alívio para o principal índice da Bolsa, a elevação dos juros no Brasil e nos Estados Unidos – com ajustes mais agressivos do que o esperado anteriormente – também seguem no radar dos gestores em ano eleitoral.

De olho nas oportunidades, fundos de ações com estratégias vencedoras focaram em papéis do setor de óleo e gás, além de empresas relacionadas ao alumínio, construção civil e mineração. Isso sem contar a posição em companhias líderes dentro do setor de varejo físico.

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O destaque ficou por conta do fundo Alaska Black FIC FIA BDR Nivel I, com retorno de 13,94% em janeiro. Nos últimos 12 meses, o rendimento foi de 3,06%. Nesse mesmo período, o Ibovespa – usado como referência de retorno dessa classe de fundos – recuou 2,54%.

Entre os fundos multimercados, o desempenho positivo veio também das ações de companhias ligadas a commodities, além de empresas dos setores de shoppings, bancos e locação de carros, dado o preço atrativo e a expectativa de retomada da economia.

A liderança dos multimercados ficou com o Logos Total Return FICFI, que acumulou uma rentabilidade de 17,7% em janeiro e de 9,8% ao longo dos últimos 12 meses.

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No mês passado, a média dos desempenhos dos fundos multimercados de gestão ativa no Brasil, medida pelo Índice de Hedge Funds Anbima (IHFA), foi de 1,26%. O retorno do CDI, referência de retorno para a classe, fechou em 0,73%.

Confira a seguir os cinco fundos multimercados com as maiores altas e quedas em janeiro:

Os melhores fundos multimercados – Janeiro 2022

Nome Retorno em janeiro Retorno nos últimos 12 meses  Retorno nos últimos 36 meses 
Logos Total Return FICFI Mult 17,65% 9,84% 22,66%
Versa Long Biased FI Mult 10,25% -11,31% 58,66%
Helius Lux Long Biased FICFI Mult 9,91% 19,06%
CSHG Allocation Miles Acer Lb Fc FI Mult 8,58% -9,78% 13,27%
Mar Absoluto FICFI Mult 7,86% 5,81%
CDI 0,73% 5,03%

Os piores fundos multimercados – Janeiro 2022

Nome Retorno em janeiro Retorno nos últimos 12 meses  Retorno nos últimos 36 meses 
Vitreo Criptomoedas FICFI Mult Ie -26,97% 14,71%
Gonorth American Equity Reais Mult Ie FI -17,77% -17,38%
Caixa Fc Mult Multig Global Equities Ie -16,05% -9,89%
Itau S Multif Glo Equi Usd Ie Fc Mult -14,21% 0,23%
Fof Mult Global Equities Mult Ie FICFI -14,15% 0,32% 124,03%

Fonte: Economatica

Veja também os cinco fundos de ações com as maiores altas e quedas no último mês:

Os melhores fundos de ações – Janeiro 2022

Nome Retorno no mês  Retorno nos últimos 12 meses  Retorno em 36 meses
Alaska Black FIC FIA Bdr Nivel I 13,94% 3,06% -39,39%
Rps FIC FIA Selection 11,10% 0,52% 16,71%
Forpus Acoes Fc FIA 10,38% -16,38% 35,73%
Mcr-Principal FIA – Bdr Nível I 9,84% 24,04% 109,17%
Meta Valor FIA 9,74% -11,06% 7,83%
Ibovespa 6,98% -2,54% 15,14%

Os piores fundos de ações – Janeiro 2022

Nome Retorno no mês  Retorno nos últimos 12 meses  Retorno em 36 meses
Genial Ms Us Growth Fc FIA Ie -28,05% -29,03%
Vitreo Canabidiol FIA Ie -21,66% -50,55%
Ms Global Opportunities Adv Fc FIA Ie -17,86% -15,54%
Vitreo Tech Select FIA Bdr Nivel I -16,15% 5,22%
Lm Martin Currie Gl Lt Unconst FIA Ie -14,72% -2,93%

Fonte: Economatica

O levantamento considerou os fundos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas no fim de janeiro. Os dados foram extraídos da plataforma de informações financeiras Economatica no dia 7 deste mês.

Na categoria de renda variável, foram excluídos fundos setoriais e monoações. Entre os multimercados, não foram considerados fundos de crédito privado.

Importante lembrar que retorno passado não é garantia de rentabilidade futura, embora seja interessante analisar o desempenho histórico dos fundos para observar sua consistência.

Multimercados: juros, materiais, energia e petróleo

De olho em uma postura mais agressiva do Federal Reserve (Fed), que é o banco central americano, uma das fontes de ganho do multimercado da Logos Capital em janeiro está relacionada ao portfólio de juros.

No mês passado, a alocação tomada em juros americanos – ou seja, apostando na alta das taxas – se mostrou acertada, diante do fato de que os Estados Unidos vão precisar apertar o passo para frear o avanço da inflação. Quem explica é Ricardo Vieira, CEO da Logos Capital.

Os ganhos, no entanto, não se restringiram ao portfólio de juros. Isso porque, segundo ele, a elevação das taxas ao redor do mundo, aliada a uma expansão global que deve seguir forte, podem beneficiar ativos de valor (value).

São chamadas assim as empresas que já possuem fluxo de caixa positivo no momento, em contraposição às chamadas ações de crescimento (growth), que devem gerar resultados apenas no futuro. Ações de valor tendem a sofrer menor impacto em um ambiente de juros elevados, como é o caso agora.

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Com o olhar atento para esses papéis, Vieira conta que a casa detinha posição comprada (esperando a valorização de ativos) em ações de commodities, energia e petróleo em janeiro. Entre os nomes estavam os papéis de CBA (CBAV3), Petrobras (PETR3;PETR4), 3R Petroleum (RRRP3) e CPFL (CPFE3).

Embora algumas ações já tenham subido bastante, o executivo da Logos Capital afirma que há papéis que seguem negociando com o múltiplo EV/Ebitda – que compara o valor da empresa com sua capacidade de geração de caixa – a duas ou três vezes. São ativos, diz, que podem se beneficiar em um cenário de “rotação de carteiras”, em que investidores vendem papéis de crescimento para comprar ações de valor.

O tema commodities também está no radar dos analistas da Helius Capital. Na carta mensal do Helius Lux Long Biased, a gestora destacou que parte do resultado positivo veio especialmente de posições no setor de óleo e gás.

O maior otimismo da casa está relacionado à China. A razão, explicam, é que o País começou o ano na contramão do resto do mundo: reduziu os juros e está estimulando a atividade, a fim de estabilizar a crise imobiliária e energética e garantir o crescimento do PIB. Tudo isso, afirmam, acaba por influenciar positivamente a demanda por commodities.

Bancos no radar

O retorno positivo, no entanto, não foi fruto apenas da alocação em commodities. A performance do fundo multimercado da Helius também se beneficiou de posições em instituições financeiras.

No último episódio do Stock Pickers, William Leite, gestor da Helius Capital, disse que o cenário macroeconômico atual é favorável para o setor porque bancos centrais ao redor do mundo estão em processo de aperto monetário e a economia mundial está aquecida.

Esse movimento, diz, tem ajudado a chamar a atenção para papéis de bancos em países como Estados Unidos e Europa. Nesse ambiente, Leite avalia que o “gringo” pode tentar replicar a alocação em ações de instituições financeiras brasileiras.

O gestor, no entanto, reconhece que as projeções para o crescimento econômico do Brasil estão perto de zero neste ano, o que é diferente de outros países, como os Estados Unidos, por exemplo.

“O investidor global pode passar por cima desses riscos durante um tempo, até ele receber um alerta de que as coisas não são bem assim”, afirma. “O resultado do Bradesco com um guidance um pouco pior talvez tenha sido um primeiro alerta. Nós estamos monitorando, mas seguimos achando que é pra ter, enquanto estivermos em um ciclo de alta de juros”.

Leia mais:
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Além de possuir uma pequena alocação em Bradesco (BBDC4), Leite diz que a casa tem uma posição maior em Itaú (ITUB4) e detém alocações em Modal (MODL11), Inter (BIDI11) e BTG Pactual (BPAC11).

Confira quais foram os fundos multimercados com melhor desempenho nos 12 meses até janeiro de 2022, assim como seu desempenho em um período de 36 meses (quando há) e apenas no último mês:

10 melhores fundos multimercados nos últimos 12 meses

Nome Retorno em janeiro Retorno em 12 meses Retorno em 3 anos
Vista Multiestrategia Fc FI Mult 7,42% 42,03% 82,3%
Bradesco H FI Mult Bolsa Americana -5,33% 25,27% 73,67%
Vinci Total Return Fc FI Mult 6,03% 23,63%
Go Global Equity Esg Reais Mult Ie FI -5,30% 23,55%
Kapitalo K10 Fc FI Mult 2,76% 19,94% 44,64%
Helius Lux Long Biased FICFI Mult 9,95% 19,06%
Xp Macro Plus Fc FI Mult 3,76% 18,61% 30,11%
Vinland Macro Plus Fc FI Mult Ie 4,09% 18,08% 53,28%
Capstone Macro A FICFI Mult 2,40% 17,46%
Vista Hedge Fc FI Mult 3,08% 15,85% 32,72%

Fonte: Economatica

Ações: atacarejo, construtoras de baixa renda e energia renovável

Embora boa parte do desempenho positivo em janeiro também tenha vindo de papéis atrelados a commodities, os fundos de ações não ficaram restritos ao setor. Carteiras como o RPS FIC FIA Selection vêm aproveitando a queda nos preços para ir às compras.

Quem explica as alocações recentes é Thalles Franco, gestor do fundo. Segundo ele, o retorno na primeira metade do mês foi bastante beneficiado por papéis de commodities, como CBA e 3R Petroleum. Já na segunda metade de janeiro, a casa teve bons resultados com posições em Hapvida ([ativo=HAPV3), Grupo Soma ([ativo=SOMA3]), XP (XPBR31) e MRV (MRVE3), sendo que a última teve a posição aumentada recentemente.

Ainda que o cenário de elevação de juros possa ser ruim para o setor imobiliário, Franco argumenta que a MRV tem uma dinâmica operacional diferente das demais empresas do setor por trabalhar com o programa Casa Verde e Amarela.

“A MRV é uma das melhores dentro desse programa e as construtoras que operam no Verde e Amarela são muito mais defensivas”, diz. “Em um cenário em que é preciso ter cautela, ela é uma boa posição. O programa deve continuar porque ele traz retorno para a sociedade”.

Ações de empresas do atacarejo também estão no radar do gestor, que possui hoje alocações em Assaí (ASAI3). Franco explica que o segmento é bastante defensivo por representar uma opção de consumo mais barata, o que tende a ganhar ainda maior relevância em períodos de forte pressão inflacionária e deterioração do poder de compra das pessoas.

Ao comentar sobre outras teses, o gestor conta que vê atratividade também no setor de energia renovável. A preferida: a Omega (MEGA3). Ele destaca que a empresa está bem posicionada e representa uma posição bastante defensiva em meio a um cenário interno mais desafiador.

O executivo, no entanto, faz uma observação. A companhia vem sendo penalizada desde que foi anunciada a fusão dos ativos de geração e de desenvolvimento, na nova Omega Energia.

“Alguns investidores decidiram desmontar a posição no papel e a empresa tem sofrido desde então. Nós gostamos da empresa, mas por ela ter uma liquidez menor, acaba sofrendo mais com esse fluxo de venda”, observa.

Novatas na carteira

A queda da Bolsa em 2021 também foi vista como oportunidade para que a Ártica Investimentos fosse às compras. Entre as aquisições feitas no fim do ano passado estão os papéis da Porto Seguro (PSSA3) e da Eztec (EZTC3).

No primeiro caso, Raphael Castilho, co-gestor da casa, explica que a companhia é líder no setor de automóveis. Os últimos meses foram difíceis para a empresa, que passou a emitir apólices mais baratas e teve a margem comprimida, diante da queda no fluxo de carros e do aumento de custo de indenizações.

A nova safra de apólices, no entanto, já está com preço novo, observa Castilho. A expectativa é de que a indústria automobilística consiga se organizar melhor em meio ao déficit de semicondutores. Além disso, o executivo destaca que a elevação de juros é benéfica para a empresa porque parte da receita vem da remuneração do caixa.

Outro papel que entrou na carteira do fundo da Ártica recentemente foi a Eztec. O gestor ressalta que a empresa é focada em imóveis de alta renda e tem histórico de ser muito rentável. Além disso, está negociando abaixo do valor patrimonial.

Embora o setor imobiliário sofra com os juros altos, a companhia tende a sofrer menos porque tem foco na alta renda, que depende menos de financiamento. “O preço de entrada está muito barato. Ela tem um landbank [banco de terrenos] grande e os lançamentos estão garantidos. Há menos riscos nesse sentido”, afirma.

Empresas fora do radar

Empresas que estão fora do radar das tradicionais casas de análise também funcionaram como grandes trunfos para garantir retornos mais elevados ao longo dos últimos 12 meses a alguns fundos de ações.

Ivan Barboza, co-gestor na Ártica Investimentos, afirma que a boa performance do último ano esteve ligada especialmente a dois papéis que estavam na carteira desde antes do ano passado: CEB (CEBR3); ([ativo=CEBR6)], e Wilson Sons (PORT3).

No caso da Neoenergia, o executivo explica que o foco maior estava no processo de privatização que a companhia passaria e que foi concluído em dezembro de 2020. O ponto diz, é que o valor da empresa precisava ser corrigido de imediato, mas isso não ocorreu.

“A correção levou meses, sendo que já era uma carta marcada desde 2020. O resultado veio em 2021 e conseguimos obter um bom dinheiro com a posição”, afirma.

Destaque também para a alocação em Wilson Sons, que antes era um BDR (certificados que representam ações listadas no exterior, mas negociados na B3), tendo se convertido em uma ação ordinária no pregão da Bolsa.

O gestor explica que uma das vantagens da empresa é ter receita atrelada ao dólar. A casa entrou na ação quando ela não recebia a atenção de casas de análise. “Talvez essa mudança para uma ação ordinária tenha trazido uma atenção maior ao papel. A companhia possui uma operação boa e saudável e entramos muito barato”, avalia.

10 melhores fundos de ações nos últimos 12 meses

Nome Retorno em janeiro Retorno em 12 meses Retorno em 3 anos
Trigono Delphos Income FIC FIA -2,02% 44,05% 145,49%
Trigono Flagship Small Caps FIC FIA -3,29% 36,79% 151,11%
Trigono Verbier Fc FIA -2,42% 33,73% 106,7%
Mcr-Principal FIA – Bdr Nível I 9,84% 24,04% 109,17%
Tarpon Gt Fc FIA 1,28% 22,12% 91,04%
Artica Long Term FIA 0,54% 21,36%
Gti Dimona Brasil FIA 5,34% 20,78% 55,37%
Itau Acoes Bdr Nivel I Fc -3,83% 20,21% 121,95%
Guepardo Institucional FIC FIA 5,96% 18,74% 117,37%
Ms Global Brands Advisory Fc FIA Ie -6,14% 18,24%

Fonte: Economatica

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