Os melhores fundos de ações e multimercados até setembro

Nos últimos 12 meses, 79% dos fundos de ações superam o Ibovespa; dentre os multimercados, apenas 10 fundos batem o índice, enquanto 80% rendem acima do CDI

Beatriz Cutait

"Shutterstock"

SÃO PAULO – O mercado de ações brasileiro segue provando sua força, ainda que as pressões vindas da cena externa continuem presentes. Depois da leve queda de 0,67% em agosto, o Ibovespa, referencial da Bolsa, subiu 3,6% em setembro, encostando nos 105 mil pontos, com a perspectiva de maior corte da taxa básica de juros dando novo fôlego para o mercado.

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Mas não é só maior atratividade em relação à renda fixa que tende a contribuir para a expansão dos ganhos da Bolsa. Gestores apostam em teses individuais de empresas e também de setores para manter o otimismo com a trajetória de ações, com espaço para novas altas daqui para frente. E companhias vinculadas ao mercado doméstico estão entre as principais teses defendidas por gestores e analistas.

Mesmo com a forte valorização da Bolsa ao longo dos últimos anos, boa parte dos fundos têm conseguido bater o desempenho de seu principal índice. Levantamento elaborado pela XP com base em dados da Economatica revela que, nos últimos 12 meses, 79% de uma amostra de 117 fundos de ações supera a alta de 32% do principal índice da Bolsa. Em setembro, contudo, apenas seis fundos entregaram retornos aos cotistas acima do Ibovespa.

Na categoria de multimercados, dentre 173 fundos, apenas um (CSHG Ibov Ativo 70-130) superou o Ibovespa em setembro, e 110 (64%) tiveram variação acima do CDI (0,46%). Em 12 meses, dez fundos tiveram valorização acima do Ibovespa e 139 (ou 80%) acumulam ganho superior ao do CDI (6,27%).

Para a análise, foram considerados fundos não exclusivos com a média do patrimônio líquido em 12 meses superior a R$ 100 milhões e mais de 99 cotistas, no fim de setembro. No caso dos fundos de ações, foram excluídos os setoriais e monoações e, dentre os multimercados, não foram considerados fundos de crédito privado. Fundos espelho foram eliminados do estudo.

Confira a seguir os dez melhores fundos multimercados e de ações em 12 meses até setembro, observando ainda seu desempenho acumulado em até 36 meses. Retorno passado não é garantia de rentabilidade futura, mas é interessante analisar o desempenho histórico dos fundos para observar sua consistência.

Os melhores fundos de ações em 12 meses até setembro

Fundos de ações Setembro 2019 12 meses 36 meses 
Guepardo Institucional FIC FIA 3,20% 58,18% 108,28% 41,75%
Atmos Acoes FICFI em Acoes 2,63% 36,79% 81,59% 99,02%
Equitas Selection Fc FIA 1,02% 38,71% 74,86% 142,22%
XP Dividendos FIA 1,92% 32,44% 68,26% 90,60%
Vista FIA 2,40% 30,53% 66,40% 113,68%
Bogari Value Fc FIA 0,93% 35,78% 66,10% 99,92%
Hayp FIA -0,95% 8,79% 64,53% 162,03%
Brasil Capital 30 Fc FIA 4,05% 35,73% 61,95% 102,55%
Squadra Long Only Fc de FIA 1% 30,67% 60,82% 108,34%
Moat Capital FIC FIA 3,18% 27,05% 59,34% 164,98%
Ibovespa 3,57% 19,18% 32,02% 79,46%

Fonte: XP Investimentos, com base em dados da Economatica

Adriano Leite, sócio responsável pelo relacionamento com investidores da Moat, conta que a gestora tem uma visão construtiva em relação ao Brasil desde 2016 e segue otimista com o mercado de ações. “Os ativos ainda não refletem o crescimento que deve acontecer na economia e também no lucro e na receita das companhias”, diz.

O fundo Moat Capital FIC FIA acumula ganhos de quase 60% em 12 meses e, segundo Leite, está há três anos praticamente 100% investido em ações.

A gestora aumentou nos últimos meses a alocação em ações da Petrobras, da Gerdau e da Vale, que somam 25% da carteira, e tem ainda outros 25% vinculados a uma demanda cíclica local, com destaque para exposição em Via Varejo, Lojas Americanas e B2W.

Teses individuais, como Kroton, Cielo e Tim, também marcam presença no portfólio, ao lado de bancos como BB e Itaú, com 11% da exposição. “Apesar de a Bolsa ter dobrado em três anos, o lucro cresceu mais, então entendemos que a estamos no meio do ciclo e que ainda tem uma pernada importante”, avalia.

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Welliam Wang, sócio e co-gestor de renda variável da AZ Quest, também acredita no potencial do mercado de ações para seguir despontando, especialmente em um cenário de juros cada vez mais baixos.

“Vemos muito espaço para a queda da Selic, inclusive abaixo de 5%, e deve ter uma migração para ativos de risco e levar a economia a começar a reagir”, afirma Wang. “Temos um cenário macro mais otimista principalmente para o início do ano que vem.”

Ao longo deste ano, os fundos de ações brasileiros acumulam captação líquida (aplicações menos resgates) de R$ 47,7 bilhões, abaixo apenas dos multimercados, com R$ 56 bilhões. Destaque da Az Quest, o fundo Az Quest Small Mid Caps Fc FIA tem alta de 25% em 2019 e de 58%, em 12 meses.

A carteira tem hoje exposição em Localiza, BTG e em empresas do setor de saúde, como Fleury, Hapvida, NotreDame Intermédica e Qualicorp. Já em consumo, Centauro e Magazine Luiza marcam presença no portfólio. Um dos principais focos de atenção no momento, a concorrência imposta pela Amazon não assusta o gestor.

“A Magazine Luiza já oferece frete grátis pelo app e o número de cidades atendidas pela Amazon [nessa modalidade] é muito limitado. Há ainda a importância do omnichannel [nome dado à integração entre lojas físicas, digitais e apps] no Brasil. O consumidor tem reticência em comprar online, quer ter um ponto físico para devolver ou retirar um produto, e a Magazine Luiza tem muita capilaridade de lojas”, destaca Wang.

Os melhores fundos multimercados em 12 meses até setembro

Fundos multimercados Setembro 2019 12 meses 36 meses 
Tavola Absoluto FI Mult 0,64% 24,48% 56,42% 96,87%
Versa Long Biased FI Mult -3,05% 0,33% 49,91% 338,28%
Safari Fcfi Mult 0,45% 27,76% 41,31% 106,78%
Navi Long Biased Fc de FI Mult 1% 19,73% 37,29%
Pacifico Lb Fc FI Mult 1,51% 20,65% 36,25% 74,55%
XP Long Biased Fc FI Mult 1,44% 16,69% 36,22% 93,55%
CSHG Ibov Ativo 70-130 FI Mult 3,84% 18,75% 34,68%
Dahlia Total Return Fc FI Mult 1,03% 21,46% 34,01%
JGP Equity Fc FI Mult 1% 17,65% 33,41% 66,86%
Ibiuna Long Biased Fc de FI Mult 0,08% 17,50% 33,33% 69,15%
CDI 0,46% 4,66% 6,27% 26,41%

Fonte: XP Investimentos, com base em dados da Economatica

Dentre os multimercados, fundos do tipo “long biased”, com maior foco em ações, seguem se destacando. É o caso da estratégia da Safari Capital, com valorização de 28%, no ano, e de 41%, em 12 meses.

Citando uma retomada lenta, porém consistente, do mercado de trabalho, a volta da renda e do mercado de crédito, em um contexto de juros cada vez menores, Marcelo Cavalheiro, sócio gestor da Safari, assinala estar muito otimista com o mercado doméstico. “A redução das taxas de juros vai começar a se disseminar, e os juros para o tomador devem cair também.”

Essa perspectiva baliza uma preferência por ações de varejo e consumo, como Lojas Renner, Magazine Luiza e Mercado Livre, além de Localiza. “Não é uma ação barata, mas, como esperamos um crescimento grande para os próximos anos, faz sentido pagar. A ação tem um upside ainda muito razoável pelo fluxo de caixa descontado”, diz.

Uma ação que voltou à carteira recentemente é a da CVC. Cavalheiro diz enxergar valor tanto na operação digital quanto no desempenho das próprias lojas físicas, em meio à melhora na economia e com a volta da confiança.

As aéreas Azul e Gol também compõem o portfólio hoje, assim como as empresas de concessões CCR e Ecorodovias, diante dos projetos de infraestrutura no foco do governo, assim como relicitações e aditivos de contratos esperados.

Já os bancos estão na carteira como uma posição de trading, não de longo prazo. O foco está no crescimento das concessões de crédito para pessoas físicas e pequenas e médias empresas, embora Cavalheiro destaque não ser possível prever por quanto tempo o movimento vai durar. “As margens podem cair mais à frente, vamos ver onde os preços vão estabilizar. Neste momento, faz sentido ter bancos.”

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Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.