Não teria parado sem me planejar, diz ex-jogador Xandão, que se aposentou aos 32 anos

Hoje, do outro lado do balcão, atleta tenta ajudar jogadores a investir melhor e a não cair em golpes no mercado financeiro; veja como ele investe

Bruna Furlani

Alexandre Reame, embaixador da GCB Sports. Crédito: Divulgação

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A ideia de investir e de se planejar financeiramente visando uma aposentadoria mais tranquila não costuma fazer parte do dia a dia de quem cresce com os pés grudados na bola e tem uma carreira de sucesso no futebol. Mas foi assim para Alexandre Reame, ex-jogador que ficou nacionalmente conhecido como Xandão.

Aos 36 anos, o ex-jogador, que ficou famoso ao vestir a camisa de clubes renomados como o São Paulo FC e o Sporting Clube de Portugal, acumula lembranças da época dos gramados e divide o tempo hoje entre ser pai da jovem Vitória e ajudar jogadores a investir melhor dentro da GCB Sports, como embaixador. A casa é focada em prestar consultoria de investimentos para atletas.

“Uma coisa que eu aprendi enquanto eu atuava é a importância de aproveitar o seu tempo como atleta. É uma carreira curta. Se não ligar a ‘chavinha’, a pessoa pode chegar no fim da carreira e não conseguir parar”

Aposentado dos campos de futebol há quatro anos, o ex-jogador conversou com exclusividade ao InfoMoney e disse levar uma vida “tranquila” com uma renda passiva que obtém dos investimentos. Xandão também falou que se orgulha de ter conseguido parar dois anos antes do previsto.

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“Dificilmente, conseguiria ter parado. Não vejo que teria acumulado o que eu acumulei se não tivesse me planejado”, observa. Para isso, o atleta contou com a ajuda profissional da GCB Sports desde 2012 e adotou uma rotina de disciplina com os gastos para conseguir manter um bom patrimônio depois de se aposentar.

O pontapé inicial no mundo dos investimentos foi dado no mercado de imóveis enquanto estava no São Paulo FC, mas logo depois ganhou contornos de maior risco. “Comecei a minha carteira investindo em ações. Peguei o período entre 2012 e 2015. Teve mensalão, impeachment. A Bolsa oscilou e eu vi que não queria manter essa oscilação no meu pós-carreira”, diz.

Depois do susto, Xandão conta que hoje possui um portfólio mais conservador, com cerca de 80% alocados na renda fixa. A maior parte está em títulos públicos, mas há também uma parte posicionada em debêntures. “A parcela em renda fixa é o que eu considero minha renda passiva principal, que mantém meu custo de vida”.

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Já os 20% restantes estão divididos entre fundos de ações, geridos pela GCB, e uma carteira de criptomoedas, que tem a gestão feita pelo próprio jogador. “Estou desde 2017 no mercado de cripto, mas comecei a buscar conhecimento em 2021 depois de ficar de fora do ciclo de alta”, observa.

O “outro lado do balcão”

A ideia de “mudar de lado no balcão” e passar a atuar dentro da própria GCB surgiu a partir de uma motivação do próprio jogador. Atualmente, 250 pessoas relacionadas ao mundo do futebol são assessoradas na casa, desde atletas a integrantes de comissões técnicas. Hoje, a GCB possui R$ 5 bilhões sob gestão.

Xandão diz que atualmente boa parte do perfil de quem busca a casa é formado por atletas que foram vítimas de golpes no passado e que perceberam que “não há dinheiro fácil”. Por essa razão, o ex-jogador acredita que a grande maioria dos assessorados tenha um perfil mais conservador na hora de investir e que prefere deixar a maior parte da carteira em alocações de renda fixa.

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“A maioria dos atletas tem dificuldade de entender que a fonte vai secar. Os salários astronômicos são ilusórios. Nos preocupamos com a conscientização, de que eles não deixem pra começar a se programar aos 30 anos, porque a janela será menor”

Entre os investimentos preferidos estão títulos que oferecem pagamento de renda mensal, como explica Gustavo Parazzi, especialista em investimentos da GCB Sports. Uma das razões para a preferência é porque é preciso trazer conforto para o período de transição para jogador aposentado. “Atletas têm uma necessidade de trabalhar com um período de tempo mais curto. O prazo de atividade deles é menor do que de um investidor comum”, diz.

Sem disciplina e ajuda profissional, Xandão diz que não seria capaz de acumular mais do que o dobro do patrimônio esperado quando se aposentou. “Hoje, tenho uma aposentadoria mais tranquila do que eu imaginava, apesar de ter atuado menos tempo do que a média”, resume.