Os fundos de ações e multimercados que mais ganharam e perderam cotistas no 1º semestre

Crescimento chegou a 81,3 mil investidores em um fundo na primeira metade do ano

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Com o investidor brasileiro diversificando cada vez mais o portfólio, em busca de produtos para aumentar seus rendimentos, as criptomoedas têm ganhado atenção e fundos que investem nesses ativos já se destacam entre aqueles que mais ganharam cotistas no primeiro semestre de 2021.

Levantamento feito pelo InfoMoney com base em dados da Economatica mostra que, na primeira metade do ano, o fundo Hashdex 20 Nasdaq Crypto ganhou cerca de 56 mil novos investidores, ocupando o terceiro lugar entre os multimercados com maior aumento de cotistas no período. Os dados consideram apenas fundos com histórico mínimo de 12 meses.

Disponível para qualquer investidor, o fundo da Hashdex tem até 20% de exposição ao fundo de índice (ETF) de criptomoedas da casa, o HASH11, que busca replicar o desempenho do índice Nasdaq Crypto Index (NCI), composto majoritariamente por Bitcoin (74%) e Ethereum (31%).

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“Os criptoativos têm tomado cada vez mais espaço na carteira de investidores, por se tratar de uma tese e de uma alocação em tecnologia com um potencial transformador na sociedade. É como se estivéssemos vivendo a internet nos anos 1990”, compara Samir Kerbage, CTO da Hashdex.

Por se tratar de uma nova tecnologia, Kerbage reforça que ainda há muito risco envolvido e alta volatilidade nos ativos. Dito isso, a recomendação é montar pequenas alocações com horizontes de longo prazo.

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Embora o produto da Hashdex chame atenção no “top 10”, o grupo de fundos multimercados com maior crescimento na base de acionistas é liderado, desde o segundo semestre de 2020, pelo fundo Carteira Itaú de Investimento Fc Multimercado, com o aumento de 81,3 mil cotistas nos primeiros seis meses deste ano.

Na sequência, aparece o Ibiuna Hedge ST Advisory, que saiu de uma tímida base de 800 cotistas, em dezembro, para 57,4 mil investidores, em junho, um crescimento de mais de 7.000%. A razão por trás da expressiva mudança reside na cisão da parcela de clientes da XP e da Rico que estavam no fundo Ibiuna Hedge STH, com sua incorporação no feeder Ibiuna Hedge ST Advisory.

Entre os dez multimercados que mais ganharam cotistas no período, a maior parcela é composta por produtos da estratégia “livre”, em que o gestor tem maior liberdade para navegar entre diferentes classes como ações, renda fixa, câmbio e commodities, seguida pela de multimercado macro.

Na segunda categoria, destaque para o ARX Macro FIC FIM, que registrou o aumento de 25,3 mil investidores no semestre. Paulo Bokel, head de distribuição da ARX, conta que o fundo estava fechado para aplicações na plataforma da XP e que a reabertura permitiu o forte crescimento da base de cotistas.

Na primeira metade do ano, o fundo rendeu 7,5%, ante variação de 1,28% do CDI. O fundo possui posição tomada (para ganhar com a alta das taxas) em juros nominais curtos no Brasil, diante da perspectiva de um Banco Central mais hawkish (favorável à alta de juros) para conter a inflação.

Além do produto ligado às criptomoedas, também chamou atenção na lista dos multimercados um fundo passivo atrelado a um ETF ligado ao setor de cannabis nos Estados Unidos (Trend Cannabis FIM).

Multimercados que mais perderam cotistas

Entre os multimercados que mais perderam cotistas na primeira metade de 2020, o primeiro lugar foi ocupado pelo Ibiuna Hedge STH FC de FI Mult, com saída de 66,9 mil investidores, por conta da migração de investidores da XP e da Rico para o feeder Ibiuna Hedge ST Advisory. Com retorno de 4,19% no semestre, o fundo sofreu resgate líquido de R$ 624 milhões no período, segundo dados da Economatica.

Ainda no grupo aparece o Giant Zarathustra Fc FI Mult, da gestora quantitativa Giant Steps, com perda de 7,2 mil investidores.

De acordo com Pedro Simonetti, sócio da Giant Steps, o movimento de queda também se deve à cisão do fundo, que criou um espelho na versão Advisory, da XP, com cotistas que já estavam no fundo original.

Simonetti conta que hoje o fundo tem posição comprada (com aposta na alta) em ações no Brasil e no exterior, de forma pulverizada em diversos países, como os Estados Unidos. O fundo tem ainda posição tomada em juros no Brasil e posição vendida (aposta na queda) em dólar contra o real.

Houve ainda cisão parcial no fundo Bahia AM Maraú FIC de FIM e a posterior incorporação dos cotistas da XP no Bahia AM Maraú Advisory FIC de FIM, o que levou à migração e, consequentemente, queda no número de cotistas, informou a gestora.

De acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a indústria de fundos de investimento registrou captação líquida de R$ 206 bilhões na primeira metade do ano, revertendo o resgate de R$ 16,2 bilhões no mesmo período de 2020.

Ainda que as maiores captações tenham ficado com os fundos de renda fixa, os multimercados se destacaram pela captação de R$ 81,3 bilhões, contra R$ 30,9 bilhões atraídos nos primeiros seis meses do ano passado.

Já os fundos de ações tiveram entradas líquidas de recursos no montante de R$ 3,1 bilhões no semestre, após captação de R$ 49,4 bilhões em igual período de 2020.

Fundos de ações

Entre os fundos de ações, os dez produtos que lideram o ranking de crescimento da base de cotistas no semestre acumularam ganhos no período, que chegaram a 53,1% no caso do Trigono Delphos Income FIC FIA.

O destaque em termos de crescimento de cotistas ficou com os fundos de investimento no exterior por meio de BDRs, como o Western Asset FIA BDR Nível I, com aumento de 36,2 mil cotistas, e o IP Participações IPG FIA BDR Nível I, com 17,3 mil investidores a mais no período.

Com a queda de 4,3% do dólar ante o real nos primeiros seis meses do ano, contudo, os retornos estiveram entre os menores do grupo, na casa dos 7%.

Na ponta oposta, dos fundos de ações que mais tiveram perda de cotistas, as saídas chegaram a quase 20 mil investidores no Equitas Selection Fc FIA, mesmo com a valorização da ordem de 10% do fundo no período. Em 2020, o fundo teve perdas de 13,6%, ante a alta de 2,9% do Ibovespa no ano.

Os dez fundos que mais tiveram redução de investidores tiveram desempenho positivo no semestre e apenas três deles não superaram os ganhos do Ibovespa no período, de 6,54%: Kapitalo Tarkus Fc FIA, Santander Seleção Crescimento Ações e Az Quest Top Long Biased Fc FIA.

Mesmo com desempenho positivo, os fundos da Alaska Asset seguiram entre as maiores quedas de investidores no semestre. Os fundos Alaska Black Institucional FIA, Alaska Black FIC FIA II BDR Nível I e Alaska Black FIC FIA BDR Nível I tiveram juntos a saída de 23,6 mil cotistas nos primeiros seis meses de 2021, com resgate líquido da ordem de R$ 593 milhões.

Em 2020, como reflexo do desempenho na crise, o fundo Alaska Black BDR esteve entre os que mais perderam cotistas no ano, tendo encerrado o período com um retorno negativo de 45%.

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