Os melhores fundos de ações e multimercados no 1º semestre – e suas apostas para a 2ª metade do ano

Escolhas de ativos de caráter mais cíclico fizeram a diferença para os gestores que se destacaram no período

Lucas Bombana

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SÃO PAULO – Ações de caráter mais cíclico, de empresas que têm maior dependência do ritmo da atividade econômica para apresentar um bom desempenho, como dos setores de consumo, bancos e commodities, devem continuar a ser, no segundo semestre, um dos principais destaques nas carteiras dos fundos de ações e multimercados que mais renderam na primeira metade do ano.

Esses são ativos que começaram a ter um momento mais positivo a partir de meados do ano passado, quando foram conhecidas as primeiras notícias a respeito da eficácia das vacinas contra a Covid-19, e a expectativa dos gestores é que sua trajetória de recuperação prossiga, conforme a imunização em escala global também avance.

Para capturar o momento favorável para a retomada da atividade nos mercados e se destacar frente aos pares, os fundos muitas vezes têm se apoiado em um trabalho de pesquisa para identificar ações com alto potencial de crescimento que ainda não estão no radar da maior parte do mercado.

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Em alguns casos, a atenção está mais voltada para o consumo doméstico. O fundo Hayp FIA, da Zenith Asset Management, por exemplo, despontou com uma valorização de quase 80% de janeiro a junho, contra os ganhos de 6,5% do Ibovespa, sustentada por nomes como Pão de Açúcar, Assaí, Positivo e Technos.

Nos últimos 12 meses encerrados em junho, a estratégia também acumula alta destacada, de 88%, contra o rendimento positivo de 33,4% do benchmark.

Dentre os fundos da amostra de maior rentabilidade no semestre, o que mais rende no intervalo de um ano é o Trigono Small Caps, com uma valorização que alcança a marca de 91,3%, e chega a 257%, em 36 meses. No ano, o fundo rende 55%.

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Confira a seguir os fundos de ações que mais se destacaram no primeiro semestre de 2021, bem como seu desempenho apenas em junho. Em janelas um pouco mais extensas, de 12 e 36 meses, vale observar que a ampla maioria dos fundos fica à frente do Ibovespa.

Com base em dados extraídos da Economatica, o levantamento considerou veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas ao fim de junho.

Na categoria de renda variável, foram excluídos fundos setoriais e monoações. Entre os multimercados, não foram considerados fundos de crédito privado.

Importante lembrar que retorno passado não é garantia de rentabilidade futura, embora seja interessante analisar o desempenho histórico dos fundos para observar sua consistência.

Ações nos multimercados

Entre os multimercados, aqueles que direcionaram a alocação das carteiras às ações que melhor têm conseguido navegar o ambiente de retomada do nível da atividade, com especial destaque para commodities, representam a maior parte dos que mais sobem no primeiro semestre.

É o caso do Logos Total Return, com valorização próxima de 30% de janeiro a junho, que chega a 75,5% no intervalo dos 12 meses encerrados em junho.

Também se destacaram nos dois períodos fundos de mandato semelhante: o Ibiuna Long Biased, que rendeu 16,7% na primeira metade do ano, e 30,5% considerada a janela de um ano, e o Versa Long Biased, com ganhos de 14,8% e 49,4% nos intervalos, respectivamente.

Embora os preços das matérias-primas já venham com uma performance bastante positiva nos últimos meses, os gestores esperam que o processo de reaquecimento global, em um ambiente em que a liquidez deve seguir elevada, siga provendo suporte para manter o momento positivo para o setor.

Cabe destacar que, ainda que tenham uma atuação centrada nas bolsas, os fundos multiestratégia têm como diferencial uma flexibilidade maior dos portfólios em comparação aos fundos de ações long only, podendo tomar posições alavancadas que potencializam os ganhos, e as perdas, e com apostas vendidas (short) que tiram proveito da queda de determinados ativos.

Garimpo na Bolsa

Segundo Thiago Wolf, sócio e diretor de análise da Zenith Asset Management, mesmo com o desempenho já destacado tido recentemente, as perspectivas para a evolução dos negócios frente aos preços atuais fazem com que os três papéis de maior destaque no primeiro semestre sigam entre as maiores convicções na carteira do Hayp FIA.

“A Positivo, por exemplo, tende a seguir se beneficiando das mudanças de hábito que aumentaram as vendas da companhia, com mais pessoas trabalhando e estudando dentro de casa.”

No caso do Pão de Acúçar, Wolf ressalta que o valor de mercado da empresa na Bolsa ainda não equivale sequer à soma de todas as operações do grupo varejista, que tem participações em negócios na Colômbia (Êxito) e na França (Cnova).

Já Werner Roger, sócio fundador e CIO da Trígono Capital, cita a forte retomada da economia global ao destacar as principais posições na carteira do fundo voltado às ações de menor capitalização.

Um dos grandes vencedores do ambiente de apreciação das commodities, o setor do agronegócio, aponta Roger, é representado tanto por meio de ações mais diretamente relacionadas ao tema, como a sucroalcooleira São Martinho e a armazenadora de grãos Kepler Weber, como via nomes dentro da cadeia que se beneficiam do ciclo positivo para os preços das commodities de maneira mais indireta.

Entre eles, o CIO da Trígono aponta a Schulz e a Metal Leve, fabricantes de autopeças destinadas ao setor automotivo rural ou à exportação.

Na gestora Quantitas, o gestor Wagner Salaverry explica que a alta do FIA Montecristo, de quase 30% no ano, e de 43,2% em 12 meses, teve entre as posições de maior contribuição as ações da empresa de gestão ambiental Ambipar.

A empresa, que fez seu IPO na B3 em julho de 2020, é, junto com a Guararapes, controladora das Lojas Riachuello, uma das principais responsáveis pelo rendimento do fundo no primeiro semestre. Ambas seguem com participações relevantes dentro da carteira, assim como a Hypera Pharma.

Salaverry diz ainda que a fabricante de ônibus Marcopolo, que tende a se beneficiar do ambiente de retomada das rotinas, especialmente no segmento de viagens rodoviárias, foi uma inclusão feita durante o primeiro semestre que é hoje uma das maiores convicções do fundo.

Foco nas ações

O desempenho do Logos Total Return é atribuído por Ricardo Vieira, CEO da Logos, a uma combinação de ações de commodities, como Vale, PetroRio, JBS e SLC Agrícola, com nomes mais voltados à retomada da atividade local, como Hering e Localiza.

Segundo Vieira, no campo das commodities, além dos papéis já citados, que seguem na carteira, uma das maiores convicções da gestora está nas empresas de papel e celulose Suzano e Klabin. O fundo está entre os multimercados mais rentáveis ao longo do último ano.

Confira a seguir o desempenho dos cinco fundos de ações e multimercados de maior rentabilidade nos últimos 12 meses encerrados em junho, com alguns nomes repetidos em relação ao recorte do primeiro semestre, mas em posições diferentes.

O grupo das empresas mais vinculadas à economia tradicional no multimercado da Logos conta ainda com Eletrobras, sem prejuízo, contudo, a investimentos na onda de IPOs da Bolsa brasileira, diz o CEO da gestora, que cita entre os exemplos na carteira a empresa de logística Sequoia e a Intelbrás, de tecnologia.

No Ibiuna Long Biased, o gestor André Lion diz que os grandes bancos foram uma contribuição importante ao longo do primeiro semestre, tendo em vista o desconto com que seus papéis negociavam no início do ano.

No entanto, após o desempenho recente, a gestora optou por sair das posições no mês passado, para migrar o espaço do portfólio para Banco Inter e BTG Pactual, nomes mais relacionados ao digital e com melhores perspectivas de crescimento, afirma Lion. Ele também enxerga a continuidade de um cenário positivo para empresas de commodities como Petrobras, BR Distribuidora, Vale, Gerdau e Usiminas.

Como forma de proteção para a exposição nas empresas relacionadas ao setor de petróleo, o fundo carrega posições vendidas nos contratos da commodity negociados no mercado internacional.

Já o Versa Long Biased voltou a ter ganhos impulsionado por uma combinação da carteira voltada tanto para papéis de commodities como de consumo doméstico.

Hering, que teve forte valorização após a proposta de combinação de negócios com a Soma, e Marisa, foram papéis do setor de varejo com contribuição positiva no semestre, e que seguem entre as maiores convicções, junto com Guararapes e Via Varejo, aponta o gestor do fundo, Luiz Fernando Alves.

Ele diz também ter uma exposição relevante no setor de commodities, em papéis com “valuation convidativo”, como Vale, Braskem, JBS e Ternium. E embora seja pouco afeito aos IPOs, comprou ações do banco de investimento BR Partners na oferta realizada em junho, por entender se tratar de um negócio bastante rentável, tocado por um time de alta qualidade.

“Se quando falamos do Ibovespa temos a percepção de que não está caro, mas também não está de graça, quando olhamos para nossa carteira, vemos empresas que ainda negociam a valores muito baratos diante do que está por vir: uma recuperação importante da atividade econômica sem grandes percalços no que tange à inflação, aos juros e ao risco fiscal no curto e médio prazo”, aponta o gestor do Versa.

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