Ação que subiu 45% no mês puxa ganho dos 2 melhores fundos de abril, assim como construção e bancos

Impulsionados pela visão de que o próximo movimento do Banco Central deve ser o corte dos juros, papéis ligados à construção civil – como Trisul (TRIS3) e Even (EVEN3) – além de algumas ações cíclicas – como Multilaser (MLAS3) – puxaram para cima os ganhos de fundos multimercados em abril.

Foi o caso do Versa Long Biased FIM, que terminou o mês passado com retorno de 10,74%, contra 0,92% do CDI (índice de referência da classe).

A alta de mais de 45% apenas em abril para os papéis da Multilaser também foi uma das responsáveis por turbinar a rentabilidade do Ártica Long Term FIA, que chegou a 9,20% no mês passado, bem acima dos 2,50% registrados pelo principal índice da Bolsa brasileira no período.

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Avanços de mais de dois dígitos em ações como Eztec (EZTC3), maior alta do Ibovespa em abril, e de Marcopolo (POMO4) também trouxeram bons frutos para o fundo no mês.

Ambos os fundos estão entre os mais rentáveis em abril, segundo levantamento do InfoMoney com dados extraídos da plataforma Economatica no dia 8 de maio. Foram considerados veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas.

Na categoria de renda variável, foram excluídos fundos monoações. Entre os multimercados, não foram considerados fundos de crédito privado.

Confira a lista:

Fonte: TC/Economatica e Anbima

Multimercados: serviços financeiros e bancos

Abril também foi um mês em que posições em empresas relacionadas a serviços financeiros e bancos, com ênfase em nomes como BTG Pactual (BPAC11) e Cielo (CIEL3), impulsionaram os ganhos de multimercados como o Mantaro Long Biased FIM, da Mantaro Capital.

Outras contribuições no mês vieram de alocações no setor de petróleo com os papéis da Prio (PRIO3), antiga PetroRio, e de uma alocação aplicada em juros (que se beneficia da queda) no vértice janeiro 2027, como explica o sócio e gestor Paulo Abreu.

Após ganhos de mais de 19% com as ações do BTG Pactual em abril, a casa preferiu reduzir a posição na virada do mês por acreditar que o papel havia ficado “caro”, justifica Abreu. No fechamento da última segunda-feira (15), eram negociados a R$ 25,68. No ano, as ações avançam 9,25%.

Dentro do setor financeiro, a gestora ainda possui alocação em Itaúsa (ITSA4), maior posição do fundo, além de BB (BBAS3). O especialista observou que as ações do banco estão negociando a cerca de três vezes preço sobre lucro, um múltiplo que pressupõe uma “destruição” de valor muito rápida – o que, em sua visão, não deve ocorrer.

Na véspera (15), o Banco do Brasil divulgou que obteve um lucro líquido ajustado de R$ 8,55 bilhões no primeiro trimestre deste ano – cifra 28,9% maior que a registrada no mesmo período de 2022 e 5,4% menor frente ao quarto trimestre.

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A evolução do banco foi explicada pelo crescimento na margem financeira bruta, além de receitas obtidas com a prestação de serviços e o resultado de participações em controladas, coligadas e joint ventures.

Abril também foi o mês de rearranjar alocações ligadas a serviços financeiros, com a montagem de uma posição em Stone (STOC31), que o gestor justifica que estava com o preço bastante atrativo.

Ações: Vulcabras, Grupo Ultra e Klabin

Quem apostou em nomes como Vulcabras (VULC3), Grupo Ultra (UGPA3) e Klabin (KLBN4) nos últimos 12 meses também teve resultados positivos – caso do Guepardo Institucional FIC FIA, que acumula alta de 8,72% até abril deste ano. Atualmente, as três ações representam as maiores posições do fundo.

Gestor de recursos da Guepardo Investimentos, Octávio Magalhães explica que a Vulcabras está na contramão do mercado e que está bastante otimista com a empresa nos próximos meses. “Ela tem conseguido repassar preço e está ganhando volume. Além disso, seu custo começou a cair”, lembra.

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O executivo explica que a companhia se beneficiou de um recuo nos custos de EVA e do diesel, que tinham subido. “Está subindo o preço e o custo está caindo, o que melhora bastante a margem”, pondera.

Para os próximos meses, a gestora também segue mais otimista com as ações do Grupo Ultra e da Klabin, embora admita que a última deve apresentar resultados ruins no próximo trimestre por causa de paradas de manutenção e queda no preço médio da celulose – o que tende a ser minimizado nos balanços subsequentes.

Fonte: TC/Economatica e Anbima

Multimercados: posições em tech

Enquanto ações ligadas ao consumo garantiram bons retornos para alguns fundos em abril, posições em empresas de tecnologia incrementaram a performance de multimercados como o WHG Global Long Biased BRL FIM, que foi o “rei da classe” em 12 meses.

Responsável pela relação com investidores da WHG, Pietra Guerra explica que o fundo conseguiu aproveitar as mudanças no cenário americano tanto na ponta vendida, apostando na queda de alguns papéis, quanto na ponta comprada, que se beneficia da alta. Foi o caso da Tesla.

Quando o setor de tecnologia nos Estados Unidos derreteu no ano passado, com a perspectiva de um aperto monetário mais duro para conter a inflação forte, a WHG conseguiu obter ganhos acima do esperado com posições vendidas.

Já na outra ponta, quando o mercado demorou para se ajustar à possibilidade de que o juro não tivesse de subir tanto, destravando valor para ações de crescimento, a gestora saiu na frente comprando ações de tecnologia.

Uma posição de destaque foi em Meta (M1TA34). Andrew Reider, CIO da WHG, justifica que mudou a visão que tinha sobre o papel nos últimos meses. Após sofrer com a perda de participação para o TikTok no ano passado, o executivo observa que a companhia conseguiu virar o jogo e voltou a ganhar participação com uma migração de volta para o Instagram.

Ao mesmo tempo, Reider lembra que a empresa se beneficiou da perda de clientes do Twitter, o que acabou promovendo uma redistribuição dos usuários para outras redes sociais.

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Outro ponto positivo citado por Reider envolve uma mudança de mentalidade com relação a gastos. Depois de investir muito na mudança de marca de Facebook para Meta e na ideia do metaverso, o gestor avalia que a companhia tem mostrado que 2023 deve ser o “ano da eficiência”.

“Antes, estavam investindo mais do que empresas super intensivas, como montadoras de automóvel”, diz. “Também houve uma surpresa positiva pelo lado da receita”, avalia o gestor, dizendo que a empresa conseguiu crescer e repassar preço.

Após um avanço acumulado de mais de 80% no ano em alguns casos, o grande movimento das ações de tecnologia já parece ter encerrado, diz Reider – para quem ainda vai chegar o momento de comprar papéis de empresas cíclicas da economia americana. Atualmente, um dos nomes que a casa possui exposição é Chipotle.

“Os resultados vieram muito dispersos no agregado e a economia tem se mostrado mais resiliente. Em algum momento, vai ser a vez de comprar ações cíclicas”, diz o gestor. Para ele, a reabertura da China não é tão “convincente” e o estresse dos bancos americanos deve ser acompanhado de perto.

Fonte: TC/Economatica e Anbima