Márcio Appel: gestor espera novos cortes de juros no Brasil e tem ouro e dólar na carteira

Para o gestor e fundador da Adam Capital, o movimento de redução das taxas deverá ser global

Giuliana Napolitano

Márcio Appel, fundador da Adam Capital (foto: divulgação)

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SÃO PAULO – Crescimento econômico baixo, inflação sob controle e agora os esperados impactos da disseminação do coronavírus. Essa combinação de fatores deve levar o Banco Central a reduzir ainda mais os juros no Brasil, na visão do gestor Márcio Appel, sócio e fundador da Adam Capital.

“Não há motivos para o BC parar de cortar os juros. Todas as variáveis indicam isso”, afirmou ao InfoMoney. “Um ritmo de redução de 0,25 em 0,25 ponto percentual parece adequado”, acrescentou, mas sem cravar um número para a Selic, a taxa básica de juros da economia.

Por enquanto, a maioria dos analistas do mercado financeiro vê a Selic sendo mantida em 4,25% ao longo de 2020, segundo um relatório do BC divulgado hoje.

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Para Appel, a disseminação do coronavírus reforça a tendência deflacionária no Brasil. “O impacto ainda não aparece nos dados sobre a economia brasileira, mas já é visível nos números da China.”

Com juros mais baixos, o real deve continuar desvalorizando, acredita o gestor. Ele já vinha prevendo a depreciação da moeda há alguns meses.

O vírus deve prejudicar o crescimento da economia global e, na opinião de Appel, isso será combatido com uma política monetária expansionista, já que a inflação baixa abre espaço para novas quedas de juros em diferentes países. “É uma reação mundial.”

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Ouro, dólar e Vale na carteira

O gestor disse também que fez algumas mudanças nas carteiras dos fundos da Adam nos últimos meses. Reduziu as posições “vendidas” (que dão retorno quando os preços de determinados ativos caem) e está com mais posições “compradas”, que podem se beneficiar de um cenário global mais complicado.

As mudanças renderam bons desempenhos para os fundos da Adam neste ano, depois dos resultados ruins de 2019 e 2018. O Adam Macro rendeu 2,60% em 2020, enquanto o Advanced teve um retorno de 5,53% e o Strategy, de 3,24%.

“Reequilibramos o portfólio para aproveitar os ativos que devem se beneficiar da esperada expansão monetária no exterior”, disse Appel. Houve, por exemplo, uma diminuição na posição vendida em ações americanas.

Entre as principais posições compradas dos fundos, estão investimentos em ouro e apostas na alta do dólar em relação a uma cesta de moedas (incluindo o real).

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Os portfólios dos fundos também incluem “um pouco” de ações brasileiras. “A Bolsa não está barata, mas melhorou um pouco com a queda recente.”

Entre essas ações, estão Vale e Petrobras. “O preço atual dos papéis da Vale aguenta muito desaforo. Se o valor do minério de ferro despencar, a economia mundial estará numa situação complicada e temos outros investimentos que ganharão nesse cenário.”

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Giuliana Napolitano

Editora-chefe do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre finanças e negócios. É co-autora do livro Fora da Curva, que reúne as histórias de alguns dos principais investidores do país.