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Japão supera China e Bolsa de Tóquio deve terminar 2023 maior do que começou; como surfar essa onda?

Solidez macroeconômica, reformas corporativas e política monetária colocam Japão à frente de pares desenvolvidos em meio à crise financeira global

Monique Lima

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O mercado de ações do Japão está em um ponto de inflexão. Em meio a reformas internas, cenário internacional favorável e mudanças macroeconômicas, a leitura de gestores e analistas internacionais é de que a Bolsa de Tóquio tem tudo para crescer – inclusive, se tornando mais atrativa do que a Bolsa de Xangai neste momento.

Em 2023, o principal índice de ações japonês, o Nikkei 225, acumula um crescimento de 24,2%. No mesmo período, o S&P 500, dos Estados Unidos, teve alta de 14,2%. Já o principal índice chinês teve queda de 2,75%.

Um dos motivos para a visão positiva em relação ao mercado nipônico é a política monetária mais flexível. Diferentemente do resto do mundo que vive um momento de juros restritivos, o banco central japonês (BoJ) mantém suas taxas em patamares negativos, ao mesmo tempo que estimula a economia e mantém o controle da curva de rendimentos (YCC) mais frouxo.

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Enquanto isso, a China segue em uma tendência de desaceleração, com dificuldade de se recuperar da política de “Covid-zero” adotada durante a pandemia.

“Se considerarmos um crescimento médio e sustentado, os prêmios de risco neste momento favorecem certamente o Japão em detrimento da China”, diz Thomas Monteiro, analista do Investing.com.

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IPOs quentes no Japão

O Japão ultrapassou a receita da China em taxas de novas listagens de ações pela primeira vez em 25 anos. A corrida por ações na bolsa japonesa resultou em US$ 440 milhões em taxas bancárias de listagem até a primeira quinzena de outubro de 2023, conforme dados da Deologic para o Financial Times. A China ficou com US$ 367 milhões.

O mercado de Hong Kong também passa por dificuldades. O índice Hang Seng está em seu nível mais baixo desde novembro de 2022, aos 17,9 mil pontos, após queda de 10% ao longo de 2023. As listagens de novas ações caíram 65% nos primeiros três trimestres do ano, na comparação anual, para um total de 44 novas ações, conforme dados da KPMG.

O sentimento positivo em relação ao mercado japonês pode ser verificado nessas novas listagens. O Rakuten Bank, que abriu capital em abril, já viu suas ações se valorizarem 35% desde então.

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Os analistas da plataforma acreditam que a Bolsa de Tóquio terminará o ano como a maior do mercado Ásia-Pacífico em termos de carteira de ações. Atualmente, a Bolsa de Xangai detém este posto.

“Quando o Nikkei atingiu seu pico, em 1989, representava 40% da capitalização total do mercado de ações global, enquanto agora detém escassos 5%”, diz Monteiro. “Esta disparidade reflete-se nos fundamentos das empresas japonesas, com o índice Nikkei apresentando um preço-lucro (P/L) médio muito atrativo.”

Uma análise da Lord Abbett afirma que o P/L – múltiplo que indica a relação entre o preço da ação e o lucro das empresas – índice MSCI Japan é de 14,2 vezes em outubro de 2023, abaixo de sua média histórica e representa um desconto acentuado em relação ao benchmark comparável dos EUA, o índice S&P 500, que tem um P/L de 23 vezes.

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Mudanças estruturais

A Lord Abbett afirma que a economia japonesa vive um “renascimento”. A BlackRock vê sinais de um novo “milagre econômico”. Monteiro afirma se tratar de mudanças muito mais estruturais e duradouras do que um movimento altista de ações no curto prazo. “Não é de admirar que [Warren] Buffett tenha aumentado a sua exposição ao país”, diz o analista da Investing.com.

O primeiro ponto é o retorno da inflação em uma economia que passou por décadas de deflação. Enquanto países ocidentais colocaram seus juros nas alturas para controlar o aumento dos preços, no Japão, a inflação é uma oportunidade de crescimento econômico, que se reverte em um efeito cascata para aumento salarial, maior consumo e lucros para as empresas.

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Dentre as empresas domésticas japonesas acompanhadas pelo Índice Topix, 63% reportaram lucros, em média, 57% acima das estimativas dos analistas no segundo trimestre. Além disso, os ganhos foram, também em média, 17,9% maiores quando comparados ao mesmo período do ano anterior.

Mas a inflação vai durar?

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Em outubro, o BoJ manteve os juros baixos e sustentou o compromisso de continuar os estímulos a economia até que a inflação atinja a meta de 2%. A decisão surpreendeu, já que o núcleo de inflação – que exclui alimentos frescos voláteis, mas inclui custos de combustível – subiu 2,7% em outubro, uma aceleração em relação aos 2,5% de setembro.

Monteiro acredita que a posição do BoJ está bastante rígida e que, por isso, deve demorar em decidir aumentar os juros – o que deverá ter um impacto na moeda do país, o iene.

Essa rigidez não é um bom presságio para aqueles que investem totalmente no país sem uma cobertura cambial adequada, uma vez que os riscos para o iene permanecem elevados.

Thomas Monteiro, analista do Investing.com

Retornos maiores

Para a BlackRock, outro indicativo importante sobre a valorização das ações japonesas no futuro são as mudanças promovidas pela Bolsa desde o começo do ano. A Bolsa de Tóquio está exigindo que as empresas negociem acima de seus valores contábeis, o que irá se reverter em estratégias de valorização na forma de recompra de ações, pagamento de dividendos e afins.

O entendimento é que essas reformas de governança corporativa do Japão provavelmente terão uma influência maior no retorno das ações no longo prazo do que a política monetária do país.

“Se as tendências atuais persistirem, o Japão tem um potencial significativo para alcançar outros mercados desenvolvidos após um longo período de baixo desempenho. Para os investidores, isso representa uma oportunidade atraente para capitalizar as mudanças positivas em curso”, diz o relatório da Lord Abbett.

Como investir

A via mais simples para investir no Japão é por meio da bolsa americana. É possível se expor via recibo de ações, que são as ADRs, similares às BDRs brasileiras, ou via ETFs, que são fundos de índice que investem em várias empresas japonesas.

Algumas das empresas japonesas que tem ADRs nos Estados Unidos são Mitsubishi, Honda, Sony, Toyota, Bridgestone, Panasonic e outras. Das companhias que Warren Buffet investiu (Itochu, Marubeni, Mitsubishi e Sumitomo e Mitsui), somente as três últimas têm ADRs nos Estados Unidos.

Entre os ETFs disponíveis, as principais opções são o iShares Currency Hedged MSCI Japan (HEWJ), que faz um hedge cambial importante para não perder valor com a queda do iene, e o JPMorgan BetaBuilders Japan (BBJP), que tem exposição ao iene.

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